São José de Anchieta é um sinal evidente de como o encontro com Cristo pode gerar uma entrega incondicional ao outro, capaz de se por do lado dos mais fracos, construir uma cultura e uma “nova cidade” – tanto no sentido real quanto no simbólico. O trabalho missionário não foi o genocídio físico e cultural que a mentalidade iluminista insiste em apresentar. Pelo contrário, representou o grande esforço do cristianismo em ir ao encontro da cultura e da sociedade indígena, tomando seu partido e procurando afirmar e defender a dignidade e o direito das populações indígenas.
Homens como Anchieta, que escreveram uma gramática tupi para poder melhor se comunicar com os índios, construíram escolas no meio das matas, ajudaram a criar fortificações para protegê-los dos ataques dos portugueses, não procuravam a destruição da sociedade e da cultura indígena. Procuravam, isto sim, uma síntese cultural capaz de preservar o que havia de melhor no mundo europeu e no mundo índio. O êxito de sua empreitada pode ser atestado em museus espalhados pelas Américas (é obra de mãos indígenas o mais antigo órgão fabricado no Brasil); no amor à música sacra que os historiadores vão encontrando nos registros da época; nos primeiros textos de reconhecimento e defesa dos direitos humanos – escritos por missionários preocupados com a defesa dos índios; na riqueza econômica e cultural de Sete Povos das Missões – riqueza que incomodou os europeus até levá-los a destruir esta maravilhosa experiência.
A destruição da obra missionária, nos séculos XVII e XVIII, apagou parte desta rica história popular e pode explicar muitos dos problemas da sociedade brasileira atual. José de Anchieta, dando nome a coisas tão diversas quanto uma igreja, uma estradas e uma TV educativa, permanece como um marco de uma cultura nova, que floresceu nestas terras e sempre volta a florescer lá onde os cristãos redescobrem o sentido integral de sua fé e se tornam uma presença original no meio do mundo.
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