Exatamente no dia 27 de janeiro de 1964, desembarcava no Brasil padre Pigi Bernareggi. Padre Pigi, junto com outros do Movimento, foi um dos primeiros jovens italianos a serem enviados em missão ao Brasil
Foi numa noite de verão, nas férias em Madonna do Campiglio, que, no momento do silêncio, após terem rezado o terço, Pigi sentiu alguém o cutucar. Era Giussani que sussurrava: “Você, o que acha de ir para o Brasil?”. Para ele, não parecia demais porque demais era aquilo que ele tinha dentro, demais era aquilo que ele estava vivendo. Portanto, era natural que as coisas acontecessem daquela forma. E então ele imediatamente disse “sim”.
Sua vocação missionária era uma urgência que o fez deixar tudo para seguir as indicações do Senhor. Um distanciamento dos amigos cheio de verdade, força e pureza. Pigi, fascinante por tantos motivos, não chamava a atenção para si mesmo, e sim para Cristo.
O modo de ser do Pigi, como homem e sacerdote, imediatamente, revelam sua rica humanidade e fé genuína. O seu estilo de vida – sóbrio e essencial –, o seu doar-se sem medida, esquecendo-se até mesmo da exigência de se alimentar quando coisas mais urgentes lhe chamam, evidencia o quanto ele se espelhar no Senhor.
Ele sempre lutou incansavelmente pela participação da Igreja nos movimentos populares, além de atuar na pastoral de favela. O termo “comunidade” não é apenas uma palavra para encher a boca dele, e sim uma realidade viva, sem dúvida fruto do seu ministério sacerdotal.
É fascinante o seu devotamento à Igreja e ao povo, mesmo com os sucessivos acidentes e problemas de saúde que lhe impõem cada vez mais sacrifícios.
Um dos grandes frutos é sem dúvida a construção do conjunto de capelas nas diversas comunidades da paróquia onde trabalha, no bairro Primeiro de Maio, em Belo Horizonte; a beleza a serviço da liturgia é também instrumento de evangelização, além de ser exemplo de uso genial dos escassos recursos disponíveis.
E o que dizer das suas pedaladas de bicicleta para chegar a estas comunidades que necessitam de socorro humano e da Palavra que dá a força para continuarem a viver com dignidade? Não existe nenhuma ladeira nesta cidade capaz de deter a sua missão.
GENEROSIDADE COM O PRÓXIMO. Diante de toda esta Beleza, nasceu em nós, seus amigos, o desejo natural de comemorar os 45 anos de sua chegada ao país com toda a alegria e a simplicidade que são características marcantes do Pigi. Foi então que organizamos e pensamos em todos os detalhes para que a celebração fosse digna do homenageado. A comunidade se colocou logo a disposição e organizou com todo o carinho e atenção a Santa Missa.
Era comovente ver os semblantes felizes de todos os presentes durante a celebração. O próprio homenageado transbordava alegria e satisfação no seu olhar, no seu rosto, no seu sorriso. Logo após a celebração, foram lidas uma homenagem e as cartas de Dom Giussani (enviada no ano de 1999), Bracco, responsável nacional do Movimento, e Rosetta. Além disso, recolhemos cartas dos muitos amigos do Pigi, espalhados pelo mundo e as juntamos em um grande livro, que lhe foi presenteado neste dia.
Nossos amigos cantores e sambistas, logo que souberam da comemoração, colocaram-se a disposição para prestigiar o Pigi com os tantos sambas que ele tanto ama. Enquanto isso, no telão, rolavam fotos dos tempos do Raggio e de GS (Gioventù Studentesca, primeiro nome de Comunhão e Libertação) na Itália, da sua atuação na comunidade etc. Contemplar o rosto do Pigi neste momento era como ver a imagem do filho que reencontra o pai – simplesmente extraordinário.
A vida nos chama a viver circunstâncias belas, complicadas e até mesmo incompreensíveis. A missão do Pigi no Brasil, sua dedicação ao Senhor e à vida dos outros, é um fato que muda a nossa vida e nos estimula a permanecer ligados ao essencial.
Festejar estes 45 anos significa dizer, antes de tudo, o quanto somos gratos a Deus por ter operado, diante dos nossos olhos, através do seu testemunho de fé.
Somos gratos pelo encontro do Pigi com Dom Giussani, que tornou possível, de maneira nova e poderosa, a Presença de Jesus Cristo entre nós.
Somos gratos pelo seu “sim”, pela sua liberdade que responde, dia após dia, “faça-se em mim segundo a Tua vontade”.
Esta celebração foi apenas o fruto de toda a Beleza e Maravilha plantadas pelo Pigi nestes 45 anos.
Somos gratos por participar desta história.
Somos-lhe gratos, Pigi.
(este texto também contém trechos das várias cartas recebidas).
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© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón