Vai para os conteúdos

Passos N.160, Julho 2014

EVENTO

Em movimento, para anunciar aquilo que amamos

por Isabella Alberto e Silvia Caironi

Da provocação a assumir uma maior responsabilidade na promoção de Passos, a ideia de um dia dedicado a promover a revista. Trinta cidades aderiram à iniciativa. O lucro? Muito além das cópias vendidas

A ideia? Partiu de Cleuza Ramos, de São Paulo, tomando como modelo o Dia Nacional da Coleta de Alimentos. Nasceu, assim, a resposta à provocação a assumir uma maior responsabilidade com a revista do Movimento, Passos. Uma reflexão que teve início no final do ano passado quando um grupo começou a conversar sobre formas de divulgação, e que chegou como proposta a todas as comunidades durante os Exercícios da Fraternidade deste ano. Aos poucos, as comunidades foram aderindo. No domingo, dia 1º de junho, em 30 cidades, foi realizado o “Dia Nacional da Revista Passos”. O resultado mais imediato foi o aumento do número de revistas vendidas diretamente, quase triplicando a circulação de Passos com esta promoção, e a aquisição de novas assinaturas.
No entanto, os testemunhos de quem participou da iniciativa foram chegando em grande número, mostrando uma graça que transcende em muito qualquer quantidade de vendas. Pelo seu grande número, não foi possível apresentar todos aqui, apesar da beleza de cada um. Assim, apresentamos a seguir alguns fatos e testemunhos que nos ajudam a compreender o que foi este dia e seu significado educativo para nós.

Um dia de muitos amigos. Em todas as partes do Brasil encontramos amigos e apoiadores que atestam, para nós mesmos, a força e a beleza do carisma de Dom Giussani. Muitos padres deram grande apoio em suas paróquias. Foi surpreendente ouvir de padres, que pouco conheciamos, uma estima ao fundador de CL. No Rio de Janeiro, padre Ionaldo, que havia estudado no seminário com dois padres do Movimento e já conhecia a revista, não só deu a disponibilidade de promover Passos na sua paróquia, mas pediu que fosse organizado um encontro para falar de Dom Giussani. No dia da venda ele fez questão de dar o aviso e as revistas se esgotaram rapidamente com a sua “propaganda”.
Em outra paróquia, o pároco ficou pensativo com a nossa proposta, mas logo disse: “Em nossa congregação temos um padre que foi salvo por também pertencer a esse carisma, então podem vir”. E foram realizadas vendas nas três celebrações da sua igreja e esse Em Brasília a comunidade se movimentou para preparar um marca-página para distribuir na saída das missas quando oferecessem Passos. Famílias foram com os filhos e apesar de terem solicitado uma boa quantidade de revistas, elas se esgotaram no período da manhã e nas missas da tarde voltaram apenas para dar o aviso de que haveria nova oferta na semana seguinte. Ângela levou um grupo de alunos que prepara para a Crisma para ajudarem na divulgação, e afirma: “O bonito foi que encontramos muita gente e falamos do Movimento. Alguns garotos que estavam comigo não são do Movimento, nem suas mães, e elas deixaram eles participarem comigo. À noite eu pensava: não quero considerar isso óbvio; é um milagre, é Jesus mesmo que permite uma coisa assim. Eles estavam tão felizes”.
Em São João Del Rey, MG, o casal Dener e Bete achavam que venderiam poucas cópias, mas o padre Magela deu um aviso reforçado e no final da missa venderam rapidamente todos os poucos exemplares que haviam levado e várias pessoas quiseram o contato da Escola de Comunidade. Dener nos escreveu: “Confesso que não estava preparado, pensava numa venda mais modesta, mas meu coração pedia essa alegria”.
De Salvador, Silvana conta: “Além da beleza da amizade que está nascendo com os amigos empenhados em divulgar a Passos, a experiência que tive nesses dias foi essa: Cristo me leva a sério! Ele leva a sério os desejos do meu coração – mesmo os mais simples – e me responde. Ele mostra que é Ele quem faz tudo, eu só preciso estar aberta. E eu estava”.
Giovanna, de Ribeirão Preto, SP, conta: “Fui falar em duas missas e descobri que falar da revista era como falar do que era mais importante na minha vida! Isso foi mesmo uma descoberta cheia de gratidão! E aconteceu que vendemos todas as revistas, até muitas que tínhamos antigas. E o que me comoveu muito foi uma moça que eu conheço das missas e do bairro, e que depois de me ouvir veio me pedir uma daquelas revistas mais antigas, na qual eu comentei que havia um artigo sobre as mães que tiveram seus filhos mesmo sabendo de má formação congênita, pois disse: ‘eu sou uma dessas mães’. Eu fiquei admirada, agradeci e falei que ia rezar pela filha dela! E me dei conta de que naquele momento estávamos juntas, éramos companhia, éramos uma unidade enquanto Igreja! E tudo isso por causa da Passos!”.
Fabiana, de Petrópolis, RJ, afirma: “Penso que o êxito de todo esforço naquele Dia da Revista foi fazê-la chegar aos diferentes públicos: pessoas de classe média da Catedral, senhoras donas de casa da capela do Morin, ou os jovens de Pedro do Rio... Dizer para elas que vale a pena ler porque leio e me ajuda a viver, foi a minha contribuição para a vida daquelas pessoas que nem conheço, mas que reconheço que possuem a minha mesma exigência de felicidade e de sentido para a vida”.

Um fazer que nos abre para Cristo. Quando foi lançada a campanha para o Dia Nacional da Revista, foi colocada uma pergunta com a qual o padre Carrón nos está provocando há algum tempo “Como se faz para viver?” e respondemos assim: “A fé é a resposta. Passos mostra o caminho”. Foi bonito ver como para muitas pessoas a adesão a esse gesto se tornou paradigmático para descobrir uma novidade para encarar a própria vida e o próprio trabalho.
Juliana, também de Petrópolis, escreveu: “Confesso que quando vi o e-mail falando sobre a campanha da revista não dei importância alguma. Quando vi o pedido para voluntários logo pensei: ‘Tenho muita coisa para fazer, é final de período na faculdade, está chegando o dia da Crisma da minha turminha, muito trabalho na creche...’. Respondi ao pedido dizendo que poderia ficar após uma missa. Quando recebi a relação dos voluntários me senti provocada por meu nome estar em outro horário do que eu havia dito. Sabia que era alguma coisa. Resolvi, então, ficar nos dois horários. No sábado, quando Fabiana ligou, pensei em dizer logo que não, mas em sinal de obediência e gratidão a uma companhia, uma amizade que me faz crescer a cada dia, disse que poderia sim. E logo depois, na Escola de Comunidade, padre Moisés me deixou bastante provocada em relação à questão da disponibilidade. Mesmo sem entender, sabia que eram sinais de que algo maior aconteceria. O e-mail encaminhado por Bracco a respeito da campanha me fez ter a certeza de que não seria uma simples campanha. Abri, então, meu coração, porque queria viver esse ‘nascer de novo’. E, de fato, foi isso. Poder mostrar para outras pessoas aquilo que transformou, e transforma a cada dia, a minha vida é sensacional.... É como se eu pudesse retribuir um pouquinho a essa companhia de amigos que me ajuda a levar mais a sério a minha vida, o meu desejo de Infinito. Cada encontro após as missas foi único. Mesmo aqueles que foram corridos. Mesmo sendo só um ‘entregar uma revista’, sabia que depois elas teriam a oportunidade de ler um pouquinho dessa obra, e isso já vale a pena. Só posso mesmo agradecer a oportunidade de poder pertencer a vocês”. Dyetry, de São Paulo, fala do que aprendeu: “Em uma das missas na paróquia próxima à minha casa, acabei tentando vender a revista para os que me conheciam. Uma senhora, com quem não conversava muito, ficou um bom tempo conversando conosco sobre a Copa, política e o Papa. Foi bonito conseguir me aproximar mais dela. Outra pessoa falou que só compraria para me ajudar, e eu falei que estava ali para divulgar um instrumento que me ajudava na certeza de que é possível viver no mundo como cristão, e não vendendo revista, que se fosse assim não era para comprar. Essas duas cenas me fizeram entender para Quem eu fazia não só aquele gesto, mas também o meu trabalho de todos os dias”.
Lianne, de Manaus, também engenheira como Dyetry, nos escreveu: “Passei quase a maior parte do tempo, sem saber direito como fazer, como conduzir. Equilibrar o pedido, a orientação, a sugestão, o obedecer, o aceitar e o esperar, principalmente o esperar, me parecia uma tarefa impossível. Sem dúvida, minha natureza controladora foi a maior tentação com a qual me deparei nesses dias, mas cada vez que alguma coisa não acontecia conforme eu pretendia, eu me lembrava do meu pedido: que eu fosse menos eu para que Ele pudesse se revelar! E logo me dava conta de que aquela circunstância era uma resposta a esse pedido. Eu me envolvi em novos relacionamentos e estreitei outros. Pude olhar para vários amigos percebendo a entrega de cada um. Cristo agiu a partir do ‘sim’ de cada um de nós. Ele precisava de nós e nós O buscávamos. Olhar nos olhos de quem se aproximava e comprava a revista me encheu de uma certeza de Quem realmente eu estava encontrando. Tudo foi dado primeiramente para mim, para eu viver, para meu juízo, para que eu fosse gerada. Cristo responde no detalhe ao desejo de nosso coração. E Ele respondeu a mim”.
De Campinas, SP, Bete nos escreveu: “Como diz o texto da Escola de Comunidade ‘o êxito de nossa busca pode exigir uma mudança radical, uma ruptura dos próprios limites de nossa natureza’. De fato, a experiência de fazer a venda, primeiro nos surpreendeu pelo fato de nos movimentarmos para fazer o anúncio de algo pelo qual temos afeto. Muitos de nós somos tímidos, mas estávamos lá e ao término de cada turno estávamos muito felizes por aderir”.
Que aconteceu algo que provocou a vida se tornou evidente nos relatos nas Escolas de Comunidades das semanas seguintes ao Dia da Revista. Nesses encontros muitas pessoas testemunharam uma explosão de vida ehumanidade e como o pertencer a um lugar ajuda a crescer.Como consequência, o juízo nasce com muita simplicidadee verdade, como escreveu Cida de Fortaleza:“O que é incrível é que por mais que o meu desejo seja de seguir a Cristo, se não há algo que me tira de mim mesma, inevitavelmente o cotidiano se torna minha medida”.
Estes são apenas alguns fatos, mas que nos revelam que a primeira grande lição que todos recebemos – mais uma vez – é que Deus é sempre surpreendente e maravilhoso em seu amor por nós. Para que esse amor se manifeste, basta a nossa disponibilidade em seguir, em lançar-se à aventura da vida com o coração aberto àqueles convites e provocações que Ele sempre nos faz nas coisas da realidade e na Igreja, em nosso caso, por meio do Movimento. Agora a nossa tensão está orientada a entender o que nos pede esse momento diante do despertar-se do desejo de muitos de nós e dos que encontramos!

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

Volta ao início da página