O editorial deste número é a carta que padre Julián Carrón, presidente da Fraternidade de Comunhão e Libertação, escreveu a todo o Movimento tendo em vista a Audiência com o Papa Francisco do dia 7 de março de 2015
Queridos amigos, como todos já sabem, Papa Francisco acolheu nosso pedido de uma audiência na Praça São Pedro por ocasião dos dez anos da morte de Dom Giussani, ocasião em que se comemoram também os sessenta anos do início do nosso movimento. A gratidão que invade a nossa vida por esse gesto de paternidade do Santo Padre é tal que não gostaríamos de chegar ao encontro com ele sem uma disposição adequada. Por isso, desde agora, convido a todos a pedirem, pessoalmente e juntos, ao Espírito que nos prepare para esse grande evento, a fim de que cada um de nós possa estar nas melhores condições para acolher o que ele vai nos dizer acerca do caminho pessoal e comunitário que nos espera.
Todos nós fomos educados a reconhecer, na figura de Pedro, o fundamento da nossa fé. “O rosto daquele homem [Jesus] é, hoje, o conjunto dos fiéis, Corpo misterioso, chamado também ‘povo de Deus’, guiado, como garantia, por uma pessoa viva, o Bispo de Roma” (Dom Giussani). Estamos contentes de poder expressar ao sucessor do Apóstolo toda a nossa devoção e a nossa gratidão por como sustenta a nossa fé, a cada dia, com o seu testemunho contínuo e através do seu magistério tão pertinente aos desafios do presente.
Sem a sua figura, na qual se manifesta de modo excelente a sucessão apostólica, a nossa fé estaria destinada a sucumbir entre as tantas interpretações do fato cristão geradas pelo homem. Que simplicidade é necessária para reconhecer e aceitar que a vida de cada um de nós depende do vínculo com um homem no qual Cristo testemunha a Sua perene verdade no hoje de cada momento histórico! E como parece desproporcional que tudo tenha a sua consistência no vínculo com a fragilidade de uma só pessoa, escolhida para essa missão! E no entanto, a confirmação que cada um de nós encontra, na própria experiência, do florescer da vida na medida em que o segue, constitui o maior recurso para a nossa adesão incondicional ao Papa, que só pode se expressar no pedido sincero e humilde de um seguimento simples, tão convencidos estamos de que o seguindo, seguimos a Cristo.
Quanto mais reflito acerca disso, tanto mais o meu pensamento se dirige a Dom Giussani – que nos educou a olhar para o Papa atentos a essa relevância única na nossa vida. Com o passar dos anos, cresce a gratidão que sentimos pelo dom da sua pessoa, do seu testemunho e da sua dedicação total no acompanhamento de cada um de nós, para que possamos nos tornar cada vez mais maduros na fé. É assim que nos arrastou a Cristo, tornando-O ainda mais fascinante, até ao ponto de fazê-Lo se tornar a Presença mais cara na nossa vida. O tempo que passa, as circunstâncias históricas que estamos enfrentando, a nossa disponibilidade a nos deixarmos guiar por Dom Giussani, o tornam cada vez mais uma autoridade diante de nossos olhos. Vivendo intensamente o real no qual estava imergido, antecipou juízos e nos ofereceu indicações preciosas para enfrentarmos questões e cenários que, hoje, estão diante dos olhos de todos e que, antes, nem podíamos imaginar. Não é possível passar este décimo aniversário de sua morte sem transbordarmos de gratidão por ele, por nos ter introduzido a uma plenitude do viver que, sem ele, não teríamos nem mesmo sonhado!
Que o seguimento do carisma que nos fascinou possa se tornar, em nós, sempre mais fiel, através do nosso seguimento ao Papa e aos Bispos unidos a ele. Por isso, vamos a Roma. Não para um encontro celebrativo, mas apenas pelo desejo de aprender com o Papa Francisco como ser cristãos num mundo em tão rápida transformação. E estou certo de que o conhecimento que o Papa tem de Dom Giussani, através de seus escritos, lhe permitirá nos oferecer sugestões de juízos, indicações e propostas em consonância com o nosso caminho.
Por favor, peçam a Nossa Senhora, todos os dias, que cada um de nós possa estar pronto a receber cada indicação que o Papa nos dará para poder continuar a viver sempre mais o carisma que nos agarrou, para que possa se realizar o objetivo pelo qual o Espírito o suscitou em Dom Giussani: tornar presente em cada periferia – ou seja, em cada ambiente de vida – o fascínio de Cristo, a Sua atração única, através da materialidade da nossa existência. “Cristo atrai-me todo a Si, tão belo é!” (Jacopone da Todi).
Peço-lhes também que continuem a rezar todos os dias pelo Papa, segundo as suas intenções.
Em profunda amizade
padre Julián Carrón
Milão, 28 de janeiro de 2015
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