Uma apresentação do livro Por que a Igreja. O pensamento de Giussani e o desafio de uma verificação da proposta da Igreja como continuidade de Cristo, hoje, para cada homem
No dia 7 de agosto, no Espaço de Cultura e Extensão da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto/SP, ocorreu a mesa redonda de apresentação da terceira edição brasileira do livro Por que a Igreja, de autoria de Luigi Giussani. Participaram da apresentação: Marcio Henrique Pereira Ponzilacqua, Professor da Faculdade de Direito da USP e graduado em Teologia; Rodrigo da Silva Borgheti, Diretor Educacional do Colégio Marista Ribeirão Preto; Marco Montrasi, responsável Nacional do Movimento Comunhão e Libertação no Brasil.
O professor Ponzilacqua enfatizou que o livro de Giussani apresenta uma concepção de Igreja totalmente em sintonia com a teologia mais moderna e, especialmente, com a contribuição de J. Ratzinger. Apontou para a linguagem clara e simples do texto; para o espírito de verdadeira comunhão e obediência eclesial que perpassa suas páginas; para o uso de metáforas de grande força exemplificativa; para a excelente seleção de autores e textos significativos, tais como: J. Newman, R. Guardini, H. De Lubac, P. Claudel, C. Peguy, dentre outros. Ao mesmo tempo em que se constitui numa síntese notável de eclesiologia, apresenta o núcleo simples e elementar da fé, no espírito hoje testemunhado pelo Papa Francisco.
O professor Borgheti observou que a pergunta que se constitui no próprio título do livro tem forte conotação existencial e contemporânea, e que o livro evidencia todas as dificuldades de o homem moderno e contemporâneo compreender o fenômeno igreja, aprofundando as raízes culturais dessas dificuldades. Segundo Borgheti, Giussani provoca o leitor ao propor a Igreja como o caminho mais seguro para alcançar a certeza do fato cristão – Cristo – e explica o motivo desta pretensão: o fato de que a Igreja é a educadora do senso religioso do homem.
Marco Montrasi apresentou uma visão sintética da obra, evidenciando como a primeira parte do livro interpela a humanidade do leitor, levando- o a perceber que o fenômeno igreja somente pode ser compreendido no âmbito de um horizonte último constitutivo da pessoa (as suas exigências originais) e a partir de um encontro significativo que desperte esse horizonte. Todavia, o percurso histórico do mundo contemporâneo e moderno elaborou um conceito abstrato de homem que dificulta, hoje, um uso adequado da razão, para compreender a si mesmo e a realidade, inclusive a Igreja. Portanto, é necessário compreender e questionar essa dificuldade que limita a abertura da razão diante dos fatos. Montrasi explicou que, na segunda parte do livro, Giussani fornece uma descrição dos fatores constitutivos da Igreja a partir da história dos primeiros seguidores de Cristo, os discípulos. Esses fatores podem ser sintetizados em três: a consciência que os primeiros tinham de serem escolhidos pessoalmente, a percepção de serem investidos pela força divina, a experiência de um novo tipo de vida. Montrasi frisou que, no escolhido, acontece uma mudança ontológica, expressa pelas palavras de São Paulo: “Não sou eu que vivo; é Outro que vive em mim”. Por fim, Montrasi apontou para a parte final do livro norteada pela pergunta: como é possível verificar, hoje, essa proposta? E exemplificou com sua experiência pessoal a resposta do texto: a Igreja é um caminho, o caminho que permite o acontecer da minha humanidade.
Finalizando, a mesa redonda evidenciou o desafio que o livro (e a Igreja) propõe aos nossos tempos: “Dilatar a nossa capacidade de homens num caminho de liberdade é o que a Igreja pretende educar-nos a fazer, e a busca e experiência do verdadeiro às quais ela nos introduz desenham no tempo a autêntica estatura do homem, desde sempre e constantemente sedento de realidade, de ser” (Giussani, Por que a Igreja, São Paulo, Companhia Ilimitada, 2015, p. 360).
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