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Passos N.174, Outubro 2015

MEETING 2015 - O EVENTO

Imprevisível faísca

por Davide Perillo

O Meeting da necessidade de infinito e do método de Deus: encontro após encontro, o espetáculo imprevisto de humanidade que se acende. E constrói a unidade e “um outro tipo de vida”

Foram sete dias seguidos de evento, entre 20 e 26 de agosto, totalizando 78 encontros, 220 convidados, 15 exposições e 800 mil visitantes. Era o Meeting da nostalgia de infinito, expressa nos versos do poeta Mario Luzi que deram o título da 36ª edição (“De que é falta esta falta, coração, que num repente dela ficas cheio?”), e se tornou aos poucos o Meeting de Abraão. Não só pelo diálogo entre Julián Carrón e o grande jurista hebreu Joseph Weiler, moderados pela nova diretora da Radiotelevisione Italiana (RAI) Monica Maggioni. E nem mesmo, apenas, pela exposição sobre Abraão. Mas justamente por aquilo que aconteceu durante todo o evento, pois o método de Deus, aquele momento imprevisível no qual o Mistério se revela ao homem na história, se faz chamar de “Tu” e através de uma pessoa se comunica ao mundo inteiro, aconteceu. Vimos isso continuamente.

Aconteceu desde a mensagem inicial enviada pelo Papa Francisco, com um elogio ao coração que busca, que carrega uma falta, e o anúncio de que “o Mistério infinito se debruçou sobre o nosso nada sedento d’Ele e ofereceu a resposta pela qual todos esperam. (...) Ele veio ao nosso encontro para Se deixar encontrar por nós como se encontra um amigo”.

É isso, um amigo. Um aliado. E o que é gerado desta aliança com Deus, que tipo de amizade nasce entre os homens, foi visível em muitas ocasiões. Como na abertura do Meeting, no auditório central em que estavam um cardeal (Jean-Louis Tauran), um rabino (Haïm Korsia) e um imã (Azzedine Gaci). Cristãos, judeus, muçulmanos.

Durante um jantar, no qual os organizadores do Meeting reúnem os convidados palestrantes para que se conheçam, ocorre ver lado a lado um bispo ortodoxo e um jurista egípcio, jornalistas e filósofos, diretores de multinacionais e freiras missionárias. E no centro daquela mesa estava um homem imóvel, em uma cadeira de rodas. Chama-se Ugo Rossi, doente de esclerose lateral amiotrófica (ELA), acompanhado do olhar e do coração de Silvia, sua mulher. Ele não pode falar nem fazer nada. Apenas amar e ser amado. E isso basta.

Caminhando pelos pavilhões para entrar nas exposições, ou participar dos encontros nos auditórios, era possível entender o que disse o designer chinês Lyndon Neri: “É a primeira vez que vejo um evento no qual tem dentro tudo”. E não falava apenas da variedade de argumentos, do fato de que no Meeting se tocou em assuntos como a Europa e a exploração espacial, a Corte Constitucional e a Linguística, envolvendo personalidades de alto nível cultural. Falava do humano.

Outro fato marcante foram os 3.000 voluntários do Meeting. Eles pagam as próprias despesas para trabalhar gratuitamente no evento em jornadas longas e cansativas. E nesta oferta fazem experiências novas e surpreendentes. Como a de Margarida, uma estudante de Milão. Após três dias em que ela insistia com um policial do patrulhamento da feira para que comprasse uma rifa, nasce um diálogo: ele pergunta, ela conta. E ao final ele confessa ter assistido ao encontro entre Carrón e Weiler e se diz surpreso: “descreveu a minha vida”. De novo Abraão. De novo o método de Deus: o imprevisto.

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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