A pergunta indestrutível
A terra ruge e sacode no meio da noite. A tragédia, desta vez, não é um filme que se assiste na televisão. Vidas se foram e vidas permaneceram, marcadas pelo abalo daquela noite de 24 de agosto, atingindo o centro da Itália. Tudo aquilo que temos, ou que acreditamos ter, pode ser retirado de um momento para o outro. Sem aviso prévio.
E assim voltam à mente as palavras de Julián Carrón após os mais recentes ataques terroristas em Paris: “A nossa vida está presa por um fio”. Desconcertante, mas tremendamente verdadeiras. A coisa mais óbvia que acreditamos ter – e sobre a qual baseamos cada sonho nosso, cada projeto – pode ser removida de um momento a outro, "nesta mesma noite". Exatamente como aconteceu com todas aquelas famílias, já tendo sido confirmadas mais de 290 mortes. Mas, então, que sentido tem a vida? Para que serve empenhar-se, construir, trabalhar, erguer uma família? Qual é o objetivo de cada instante que nos é dado?
Sempre Carrón naquele audaz comunicado diz que “procurar uma resposta adequada à pergunta sobre o significado da nossa vida é o único antídoto para o medo que nos assalta ao olharmos para a televisão nestas horas, é o fundamento que nenhum terror pode destruir”. Ou seja, justamente aquela pergunta que parece nos atormentar, aquele terrível abismo que lemos nos olhos das pessoas nos dias de hoje e que parece ser a causa desta angústia indomável, é o “antídoto para o medo”.
Partindo desta procura, desde os primeiros dias após o terremoto, em Ascoli floresceram uma quantidade impressionante de iniciativas de solidariedade espontâneas que chegaram de diversas partes, das mais diferentes organizações, de modo que a defesa civil teve que interromper a coleta pela superabundância de alimentos e bens básicos que inundaram as populações afetadas. A partir desta pergunta aguda de sentido na qual nos encontramos juntos, floresce a caridade, o primeiro broto real de bem entre as ruínas.
Credits /
© Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón