Violeiro Chico Lobo lança vigésimo trabalho da carreira com participações especiais de Maria Bethânia, Renato Teixeira e Quinteto Violado entre outros
Em evidente homenagem à população cabocla brasileira o violeiro Chico Lobo lança disco Viola de Mutirão - do Sertão ao Mundo (2016), distribuído pela gravadora Kuarup. Neste trabalho evidencia a importância dos mutirões que ocorrem no interior do país: ações colaborativas, onde a sociedade se move, se organiza e se ajuda, numa maneira que a população encontra para resolver as necessidades das suas comunidades. Mergulha nesta alegria do brasileiro, sentimento presente em tantas manifestações coletivas de festas, nas expressões de religiosidade, de amizade, de fé e alegria por vezes reflexiva, sem esquecer dos temas universais como o amor e a própria sina.
O CD físico ganhou design inspirado nas literaturas de cordel, gênero literário muito difundido no nordeste brasileiro, no universo do sertão retratado pelo celebrado escritor e poeta Guimarães Rosa e nas cores vivas, presentes nas manifestações da cultura popular. Cada canção recebe uma ilustração especial que faz conexão com a história das músicas.
Faixa a faixa. O disco permeia pelas tradições brasileiras ao revisitar, de forma lúdica e com ênfase na viola dedilhada, o cotidiano do sertão. Chico Lobo explica: “o CD já abre apontando pra novos horizontes, Um Só Coração, música em parceria com Kimura Filho, artista de Cataguases, zona da mata mineira, traz um tema universal com roupagem instrumental que amplia os horizontes caipiras”.
A segunda canção, Viola de Mutirão, que dá nome ao disco, exemplifica bem as tradições dos mutirões e festas de colheita, com uma canção animada que mistura batuques e cateretês, e que remete à alegria do povo do interior. Catira Ligeira, terceira faixa, faz referência à dança do folclore brasileiro na qual o ritmo musical é marcado pela batida dos pés e mãos dos dançarinos, tem um quê de samba, de percussão pernambucana e enaltece o violeiro como um contador de histórias.
Foi da saudade que sentiu do nosso país numa viagem a Portugal, que veio a inspiração para a quarta faixa Meu Chão, que tem a participação especial do músico Renato Teixeira, traçando uma ponte da música de raiz aos sons urbanos e é uma ode ao Brasil.
Logo na sequência, Tempo de Colher pode ser eleita uma das faixas mais caipiras do trabalho. Com participação de Paulinho Pedra Azul, a canção mergulha na cultura mineira. A música seguinte dispensa maiores apresentações. Vencedora do Festival da Música Brasileira, de 1966, interpretada por Jair Rodrigues e composta por Geraldo Vandré e Theo de Barros, Disparada é um clássico brasileiro e sempre fez parte do repertório dos shows de Chico Lobo, e ele conta: “essa música trouxe a viola caipira para os grandes festivais na década de 1960, um marco na música brasileira. Dizem que Vandré compôs após se apaixonar pela viola e cultura popular do sudeste quando teve de compor uma trilha para um filme do universo de Guimarães Rosa”.
Vontade de Ser Feliz, sétima faixa, composta para sua esposa Ângela Lopes, aponta novos caminhos musicais, com ares de folk music. E Batuque de Terreiro, nona faixa, traz um diálogo da viola com o cavaquinho e as percussões de forma vibrante, com referências de rodas de samba com toque da viola.
A canção Maria, uma homenagem para Maria Bethânia, foi composta por Chico após assistir ao show de gravação do DVD da cantora, Abraçar e Agradecer, no qual foram celebrados seus 50 anos de carreira. Essa canção foi gravada num vídeo caseiro (link) e enviada diretamente para a cantora. A voz de Bethânia ecoa ao som da viola de Chico Lobo, num dueto emocionante.
A décima faixa do disco ganha uma participação especial do Quinteto Violado. Acorde Brasileiro é uma homenagem ao projeto gaúcho Acorde Brasileiro, que discute e defende as músicas das regiões do Brasil.
Escrita para Aldo Lobo e Nieta, pais de Chico Lobo, a música Sina é uma emocionante homenagem à família, como um reconhecimento e agradecimento às origens.
As duas últimas canções do disco fecham a jornada dos mutirões com um clássico da música brasileira, a releitura de Asa Branca, que ganha um arranjo cheio de sentimentos e participação do violeiro mineiro João Araujo. Asa Branca, acima de tudo, é calcada na esperança sempre presente no coração do brasileiro de que virá a próxima chuva, que vai devolver a vida àquela população.
O disco finaliza com a faixa Cantiga de Bem, homenagem à maior tragédia ecológica da história brasileira que aconteceu no município de Mariana, em Minas Gerais, e ao atentado terrorista que aconteceu em Paris e chocou o mundo inteiro. É um desejo de Chico Lobo de que o mundo seja um lugar mais bonito e que a música possa ajudar na recuperação de valores de Bem para a humanidade.
Palavra do violeiro. Para finalizar, Chico Lobo apresenta assim seu novo trabalho: “Quero tecer um diálogo com a contemporaneidade, com os centros urbanos. E assim, cantar e levar às pessoas esses sentimentos de Bem, cada vez mais ausentes nas relações, desta vida louca e moderna. E, cada vez mais necessários. Precisamos cantar a Beleza. Precisamos nos aproximar do Divino. Precisamos ressaltar o Bem. Assim, apresento a vocês minha Viola de Mutirão; minha Sina de cantar ao Mundo o que sou e o que eu acredito!”.
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