O primeiro capítulo de A beleza desarmada, livro de Julián Carrón (que acabou de ser lançado em inglês, depois de ter sido traduzido para o espanhol e para o português), termina com as palavras que foram ditas três anos atrás sobre a situação europeia: “Nosso desejo é que a Europa venha a ser um espaço de liberdade para o encontro entre os que buscam a verdade. Por isso vale a pena comprometer-se”. Poderia parecer um apelo um pouco genérico, quase uma exortação moral. A verdade é que estamos vendo cada vez mais a sua necessidade e concretude, não apenas no Velho Continente. Aqui também, na realidade de cada um de nós.
A crise que estamos vivendo, o esfacelamento das certezas antigas, tornam ainda mais aguda a necessidade de espaços abertos onde “se possa defender a sua liberdade, que é a minha”, como dizia a jornalista catalã Pilar Rahola em uma das apresentações mais belas do livro citado: espaços onde cada um possa dar a sua contribuição, propor uma concepção, testemunhar um modo de viver que ajude a enfrentar os problemas.
Temos uma dificuldade enorme em viver, em todos os lugares e em todos os níveis: da política à sociedade, à vida cotidiana. Mas se há uma vantagem nesta situação é que essa necessidade torna todos menos presunçosos e mais dispostos a buscar, a colocar verdadeiramente em comum a própria experiência e detectar cada partícula de verdade que há na experiência do outro, segundo a definição de diálogo tão concreta dada certa vez por Dom Giussani: não a “dialética, disputa mais ou menos lúcida de ideias e de medidas mentais”, mas uma “comunicação mútua de si mesmos.
O foco não é sobre as ideias, mas sobre a pessoa, como tal, sobre a liberdade. É vida, da qual as ideias são uma parte”.
Temos uma grande necessidade de diálogo e de liberdade. Também a entrevista com o espanhol Juan José Cadenas, cientista e agnóstico, é, em si, um belíssimo exemplo do que seja a “mútua comunicação de si mesmos”. É decisivo para percorrer juntos um trecho do caminho.
Aquilo de que há hoje maior urgência é de sujeitos que possam – nas coisas pequenas ou nas grandes – encontrar-se, dialogar e fazer propostas críveis. Espaços de liberdade e de encontro, para quem quer buscar o verdadeiro. E construir a partir daí.
Por isso colocamos o texto do Papa sobre a corrupção como nosso “manifesto” para um chamado a um empenho comum, para construir juntos esse espaço de liberdade, esse “novo humanismo”, esse renascimento, essa re-criação que podemos realizar com audácia profética. Para todos
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