O sociólogo AMITAI ETZIONI, entre os palestrantes de Nova York: “Um dos livros mais emocionantes. Porque sempre sai das fronteiras”
“Eu tive o luxo, ou o privilégio, de dedicar minha vida a ler e escrever. Agora, eu nem tenho que dar aulas, apesar de ser algo de que eu gostava muito: então, acordo de manhã e leio e escrevo, às vezes até a noite... Bem: devo dizer que este é um dos livros mais emocionantes que li há muito tempo. É claro, original, equilibrado. E abre muitas questões”.
Amitai Etzioni, 88 anos, judeu, alemão de nascimento e americano por adoção, é um renomado sociólogo, autor de livros como The Limits of Privacy e Moral Dimension. Ele esteve entre os palestrantes da apresentação de Disarming Beauty na ONU, no dia 13 de outubro. No texto, e no fato de o terem levado aos EUA, vê “uma grande coragem: Não sei se conseguirá alcançar muitas pessoas, justamente pela riqueza do seu conteúdo. Mas seria preciso um seminário de seis meses sobre o assunto, porque estamos falando de temas muito profundos. Carrón usa uma linguagem tipicamente cristã ed europeia, mas sempre sai dessas fronteiras. É um livro que fala com todos”.
Na sua colocação, o senhor falou bastante sobre o diálogo: por que o marcou?
Eu li Martin Buber, que me fez compreender que os monólogos são inúteis: serve somente o diálogo... Um dos aspectos mais interessantes aqui é que o diálogo último não é com outra pessoa, mas com Deus. Isso me impressiona. Estou prestes a publicar um ensaio sobre o que chamo de “diálogos morais”, o que vejo acontecer não só a nível nacional, mas também internacionalmente.
O que o senhor quer dizer com “diálogos morais”?
Faço um exemplo. Se pensarmos em 1950, ninguém sentia uma obrigação moral com a Mãe Terra: não era algo que fazia parte do nosso vocabulário, e as pessoas se sentiam livres para jogar qualquer coisa da janela, em rios e lagos. Hoje até mesmo os capitalistas reconhecem que a gestão sustentável é necessária para todos. Em suma, é algo sobre a tensão que existe entre a nossa singularidade individual e nossas obrigações para com o bem comum. Acho que podemos cair do cavalo em ambos os lados. Em Singapura, por exemplo, o indivíduo é tratado como uma célula biológica de um corpo maior e não há espaço para a autonomia: cada um, simplesmente tem de contribuir para o bem comum e se calar. Do outro lado, temos o individualismo libertário; faça tudo para ser o número um e não se importe com o resto. É nesta tensão que se insere este tipo de diálogo.
Qual a relação disso com o “diálogo com Deus”?
Buber distingue entre “eu e você” e “eu e essa coisa”. O “Você” para ele é a pessoa de Deus, mas então ele continua dizendo que é como todos os rios que terminam em um mar, e o mar é Deus. Assim, estamos falando, afinal, é do nosso relacionamento com Deus. Existe algo – meus amigos liberais se tornam histéricos quando falo disso – que nos atrai para a divindade. No fundo, Disarming Beauty fala disso. E me marca.
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