Adolescentes cheios de perguntas e desejos. Prontos a aderir ao que percebem como belo e verdadeiro. O relato dos dias de férias organizadas, em São Paulo, com um grupo de colegiais
As férias de dezembro nasceram em julho, na última noite de nossas férias nacionais dos colegiais, naquele gelado Campos do Jordão. Ouvindo padre Aurélio dizer que era fundamental fazermos um caminho educativo com os meninos ao longo do ano, fui em seguida propor a ele: “Vamos fazer no verão umas férias regionais, São Paulo e Paulínia (onde ele é atualmente pároco)?”. “Sim, vamos!”
Voltei para São Paulo, exausta e feliz com aqueles dias intensos de férias, e comecei a pensar na próxima viagem. Que acabou tendo, além de Paulínia e Grande São Paulo, colegiais de Londrina, São José do Rio Preto e Florianópolis.
Ao longo do semestre, ao organizar o gesto, muitas vezes fui tomada por questionamentos como: “O que você foi inventar? E se não der certo?”. Três coisas me ajudaram a não desistir: primeiro, a percepção de que estava indo atrás daquilo que o padre Aurélio indicava como verdadeiro, e por isso, valia a pena correr o risco; segundo, entregar cada calafrio que me dava, cada preocupação com os problemas que surgiam, ao Senhor, com toda a certeza de que aquele gesto não era meu, não me pertencia: “Se você quer isso, que me ajude a levar adiante”. Terceiro, a presença e ajuda dos amigos: padre Aurélio, minha família, os amigos do meu grupo de Fraternidade – que já tinham ajudado muito nas férias nacionais e que me acompanharam agora em toda a preparação e durante o gesto –, alguns amigos do grupo dos universitários, que se dispuseram a ir também às férias, e até alguns ginasiais, que se mostraram mais uma vez ótimos ajudantes na cozinha.
O tema foi a capa da Revista Passos de outubro: O ponto de apoio. “Para enfrentar qualquer circunstância, qualquer problema, qualquer dificuldade, precisamos de um ponto de apoio. Qual é o nosso?”. A cada dia, íamos aprofundando essa pergunta, com o auxílio de outros textos de padre Carrón e Dom Giussani. Conversa, jogos (muitos jogos!!), baralho, oração, missa, piscina, comida, violão e cantoria. Cada momento foi vivido buscando-se o sentido, como insistiu o padre Aurélio. Numa das noites, ouvimos o testemunho de nosso amigo Alexandre André, médico em São Paulo, que suscitou muitas perguntas nos meninos. Em outra, sarau: música, poesia, lida ou mesmo criada por eles, e até dança. Foi um grande espetáculo de beleza por horas a fio.
Mais uma vez volto exausta e feliz. O Senhor cumpre a promessa. A vida, definitivamente, não é como um blefe no truco (que, aliás, jogamos bastante)!
A seguir, depoimentos de meninos e adultos que participaram das férias.
Durante as férias, faleceu o pai da Zesiane, que estava conosco, e este fato mexeu muito comigo, comecei a lembrar das pessoas queridas que se foram, do medo de ficar sem as pessoas que amo e percebi que muitas vezes eu deixo de viver os momentos, por parar nos questionamentos das coisas. E tenho pensado muito nisso, em viver mais a minha vida aceitando o que Deus nos coloca para viver.
Raquel Pinheiro, educadora, Paulínia/SP
Bom, foram simplesmente fantásticas as férias, gostei muito do que o padre Aurélio falou, sobre o “ponto de apoio”, gostei muito das brincadeiras, das assembleias, das missas, em geral, e também gostei muito de ter conhecido pessoas novas, amigos novos.
Jakson, colegial, São Paulo/SP
Este momento foi como sair da minha vidinha para participar de algo novo. Tinha medo de ficar sozinha, pois era algo fora da minha zona de conforto, mas em momento algum eu me senti sozinha, ao contrário, eu me sentia completa e viva, me senti feliz e bem, muito bem.
Olívia, colegial, São Paulo/SP
Para mim foi algo que me fez aprender ainda mais coisas. E também me fez dizer um certo finalmente, várias e várias vezes. Primeiro, eu aprendi a finalmente entender que não importa quanto tempo você fica longe de um amigo, porque se sua amizade com ele for verdadeira, nada vai mudar. Aprendi, finalmente, que a distância não é algo que nos destrói e sim algo que nos reconstrói e nos faz querer cada vez mais. Aprendi também que não importa o quanto você conhece uma pessoa, sempre há algo novo para se descobrir e sempre há uma forma de se reaproximar mais. E o finalmente que eu mais esperei em toda a minha vida: Foi com aquela pergunta do padre Aurélio, “Vai acabar?”. Não, não vai. Eu demorei para entender isso, mas é assim, eu aprendi que não vai acabar. Nunca.
Elisa, colegial, São Paulo/SP
Pra mim foram momentos em que eu senti que (...) eu não tinha desejos banais desses que nos fazem “viver inutilmente”, porque eu só conseguia desejar com o coração, porque eu estava presente em cada instante... Porém, sempre pensando no próximo reencontro também.
Alanis, colegial, São Paulo/SP
Eu gostei muito pelo fato de poder abrir os meus olhos e perceber que tem todo um horizonte para conquistar, mas que eu não preciso fazer isso sozinha.
Liviah, colegial, São Paulo/SP
Eu adorei a viagem, todo mundo é muito legal e acolhedor, e mesmo (eu) não indo em muitas missas, achei muito interessante essas relações todas com músicas conhecidas e com a vida.
Maria Eduarda, colegial, São Paulo/SP
Nessas ferias eu aprendi que o que realmente importa na vida é não viver inutilmente (eu já sabia disso, só que dessa vez virou uma verdade mais concreta pra mim). Também me ajudou a entender o que realmente importa e que, mesmo que pareça que nada tem um motivo ou foi só por "azar", tudo tem um significado.
Valentina, colegial, São Paulo/SP
As férias dos colegiais foram importantes na minha vida, pois acabei o ensino médio este ano e olhando para trás percebo que vivi grande parte disso inutilmente, sentindo a sensação que poderia ter sido diferente, que as coisas poderiam ter tido um sentido desde o começo, levo comigo agora a importância de me preocupar, de fato, com aqueles e aquilo que me faz desejar ir a fundo na vida. O que mais me cativou foi o fato de meu amigo ter novamente alguns problemas de angústia por causa de uma lesão e de todo o ano doloroso, e eu tive a oportunidade em ajudá-lo e de estar por perto nos fortalecendo juntos, isto foi uma grande lição que tive, onde nosso outro grande amigo resumiu que a amizade verdadeira é feita da preocupação (com o outro).
Ulisses, colegial, Paulinia/SP
Fui para essas férias pronta para viver o que tivesse que viver, mas muito ansiosa e curiosa para ver o que me esperava e confesso que me surpreendi. Convivi com pessoas incríveis, algumas que já conhecia mas que não tinha intimidade, outras que não conhecia. Porém, hoje, graças a essas férias, criei laços com pessoas incríveis e estreitei laços que já tinha com amigos de verdade, e pra mim foi tudo muito especial, vou sempre levar comigo essa experiência incrível.
Ynara, colegial, Paulinia/SP
Fazia algum tempo que eu não tinha férias como essa, de aproveitar o sol, os amigos. Eu trabalho e estudo e fica difícil conciliar férias assim. Foi e ainda é uma experiência boa, que eu lembro de cada detalhe, quando escutei testemunho de alguns jovens e falei um pouco de como penso e vivo a minha vida.
Lucas, universitário, Paulinia/SP
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© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón