Testemunho de Johan Ketelers, ICMC
Johan Ketelers é secretário geral da International Catholic Migration Commission (ICMC), organismo da Igreja Católica que se ocupa de imigrantes e refugiados. Antes, trabalhou para a Cáritas, na Bélgica, e na sede de Roma. Falar com Johan Ketelers significa lançar um olhar sobre a atividade caritativa da Igreja em nível mundial de um ponto de vista privilegiado. Porque é uma mina de dados, números e fatos, frutos de sua experiência pessoal e dos mais de 50 anos de história da ICMC. “Quando a comissão nasceu, em 1951 – conta – a ideia dos bispos era de acompanhar as pessoas que iam da Europa para a América Latina. Depois, fomos nos adequando às novas realidades. Depois da guerra do Vietnã, acompanhamos a integração de um milhão de pessoas nos Estados Unidos. Depois, veio a tragédia da Hungria, os Balcãs e, hoje, estamos empenhados no Iraque, no Líbano, na Síria...”. Como se desenvolve o seu trabalho? “Levantamos os dados das conferências episcopais, que têm uma ligação direta com as diversas realidades sociais e as usamos através de intervenções locais e na atividade de advocacy, de presença em organismos como a UNHCR (a Alta Comissão da ONU pelos refugiados, nde). O ICMC é voltado a todo o mundo desde a sua criação – foi Pio XII que lhe indicou a sua missão como sendo o serviço a refugiados e imigrantes –, mas para Keterles cada atividade caritativa da Igreja, mesmo a menor delas, também está voltada para todo o mundo: “Caminhamos na direção de uma integração em nível global. Quem mais do que a Igreja, que é católica, isto é, universal, pode ajudar todos em relação a isso? Paulo VI dizia que “somos especialistas em humanidade”. Para mim, isso significa que a Igreja, solicitando continuamente a liberdade de todos, acompanha o homem e a humanidade em sua mudança”.
As encíclicas – que Ketelers cita frequentemente, da Laborem exercens à Populorum progressio – são o sinal dessa companhia ao homem porque “a Igreja sempre indicou um caminho a ser percorrido, sempre afirmou a defesa de todos os homens e de cada homem”. Inclusive agora “que vivemos uma situação difícil porque, pelo menos na Europa, tornamo-nos uma minoria. E se isso, por um lado, oferece a possibilidade de uma purificação para redescobrir o valor total da mensagem cristã, por outro, torna difícil a resposta às necessidades”. Que são muitas. “Quando se lê no Evangelho o convite de Jesus para acolher o estrangeiro, isso, para nós, indica um objetivo e um método”. Que é válido em qualquer lugar: “Na Turquia, formamos a polícia de fronteira para acolher e proteger os refugiados. Trata-se de um plano quinquenal do governo turco que sabe que somos católicos, mas encontrou em nós alguém que quer trabalhar para o bem dos outros. Na Indonésia, conseguimos convencer o governo a inserir na lei a definição internacional de criminoso para quem trafica mulheres e crianças, trabalhamos de modo propositivo, não apenas reativo. Em suma, os problemas podem ser vistos. Mas todos os dias existem motivos pelos quais é possível entender que vale a pena ajudar”.
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