Escola de Comunidade
Caro padre Julián, escrevo a você, em primeiro lugar, para lhe agradecer de coração. Ontem fui à sua Escola de Comunidade com a esperança de que alguma coisa nova acontecesse. Tenho 43 anos, posso dizer que tenho sucesso na profissão, sou um marido feliz e pai de dois filhos maravilhosos, mas, nos últimos tempos, era como se me faltasse o ar que eu respiro, pois era incapaz de viver um reconhecimento consciente da presença de Cristo, atribuindo a “culpa” disso ao fato de que a principal preocupação, muitas vezes, parece ser, na prática, a comunidade enquanto organização, e eu estou muito preso a isso; é como não respirar. Ontem à noite, finalmente, reconheci o Senhor e voltei para casa repleto da Presença dele. Pela primeira vez, depois de muito tempo, não voltei para casa vazio, com um sentimento de solidão no fundo, como acontecia mesmo quando passava noites muito bonitas com os amigos, mas sem a novidade de reconhecer a Presença real do Senhor. A Escola de Comunidade introduziu em mim uma novidade desconcertante, quando você disse que o nó da questão é aquilo que Dom Giussani sublinhava na primeira página do capítulo sobre a comunhão, uma coisa que eu tinha visto, acho que um pouco como todo o mundo, apenas como uma introdução ao tema que eu achava que era o mais importante: a parte que vem depois, a respeito da nossa companhia e da relação com ela. Eu me dei conta de que, em última análise, eu tinha uma ideia de comunhão como problema “social”, como uma relação entre nós, no máximo, com um pouco de moralismo (preocupado com a maneira como os relacionamentos entre nós podem ser construtivos, bons, adequados), sem me dar conta de que, dessa forma, destruía a novidade do Acontecimento de Cristo. Normalmente, sem teorizar, mas na prática, a nossa primeira preocupação é medir o quanto sabemos aderir às iniciativas da comunidade, o quanto estamos disponíveis a estar presentes (como se bastasse estarmos presentes passivamente para sermos uma Presença!), o quanto sabemos organizar iniciativas ou fazer companhia uns para os outros. São todas coisas justas, mas que, por si sós, não nos fazem felizes e, com o tempo, deixam de nos interessar. Ontem à noite, quando você falou da comunhão como relação com Cristo, como algo que não somos nós que realizamos, mas que somos chamados a reconhecer para sermos testemunhas daquilo que Ele faz acontecer entre nós, foi como se meus olhos se abrissem. Eu era cego e, de repente, comecei a ver. Aquele monte de pessoas que tinham ido para a Escola de Comunidade, muitas delas participando da reunião de pé e todas um pouco apertadas, cansadas também, não estava ali, evidentemente, apenas porque você estava, mas porque, mesmo sem saber (como eu), procurava Cristo e Ele, realmente presente ali, fazia reacontecer o milagre da comunhão de uma forma tão evidente! No meio daquela multidão, tão cheia de expectativa, estava eu, inicialmente triste, depois cheio de curiosidade, após os primeiros depoimentos, e, por fim, como que renascido pelo reconhecimento da presença de Cristo que se dava em mim quando você O mostrava com suas palavras. Realmente, quando você nos pediu que prestássemos atenção à origem, que tomássemos consciência de que Ele nos faz estar juntos “para nos fazer entrar na sua vida, que é o fundo de todas as coisas”, que “a comunhão é esta Sua vida que Ele quer nos comunicar” e que, quando a pessoa a descobre, Sua vida enche todas as coisas e a pessoa começa a experimentar a satisfação plena da vida, diante disso tudo, tive um estremecimento de surpresa e de alegria. Comecei a entender, aí, que um Outro me queria, queria que o meu eu se desse conta de que, misteriosamente, Ele sempre quis me doar uma superabundância de vida que nasce da relação com Ele e que me pede apenas para reconhecê-lo! Depois, você disse que damos sempre tudo por óbvio e, dessa forma, não nos damos conta de Quem é que se torna presente quando estamos juntos e não reconhecemos a presença d’Aquele que nos quis aqui. É como se de repente meus olhos se abrissem. Eu me dei conta de que um Outro estava fazendo acontecer aquele gesto: mesmo inconscientes, estávamos todos ali convocados por Ele, pelo desejo d’Ele que clama no nosso coração; em alguns mais, em outros menos, e era a Sua presença que tornava feliz o meu coração quando eu ouvia você falar d’Ele! Voltei para casa cheio de letícia por esse reconhecimento, e pensava no tipo de novidade que se introduziu na minha vida: o Mistério que faz todas as coisas, Aquele pelo qual – consciente ou não – eu ardo todos os dias nos desejos da vida, é meu companheiro de caminho e quis que eu me desse conta, que eu reconhecesse isso! É verdade mesmo que a pessoa se torna testemunha dessa novidade e que dá para vê-la em seus olhos: na manhã seguinte, mal pude esperar que minha mulher acordasse para lhe contar o que você tinha dito e como eu me havia comovido pelo fato de, ouvindo você, ter-me dado conta dessa Presença tão correspondente à espera do coração, que respondia à pergunta com a qual eu tinha ido até ali, mas de um modo inesperado, comunicando-se à minha vida. Eu não levava para casa um discurso que tinha de repetir ou um manual de instruções, mas o tesouro do reconhecimento d’Ele, e disse a minha mulher que cada dia podia se tornar uma novidade, qualquer circunstância poderia ser a oportunidade para nos darmos conta d’Ele, em tudo o que fazemos. Eu percebi a surpresa e a alegria discreta que se estamparam no rosto da minha mulher, a novidade que estava entrando no nosso relacionamento, enquanto eu lhe dizia essas coisas. E todo esse dia foi um Acontecimento com essa luz no olhar; contei a vários amigos (no trabalho ou por telefone) como tinha sido a Escola de Comunidade de quarta-feira à noite (e garanto a você que nunca, ou quase nunca, contei aos amigos como tinha sido a Escola de Comunidade do dia anterior. No máximo, quando uma pessoa não vai, pergunta: como foi? E o outro responde: boa. Mas dificilmente comunicamos uns aos outros uma novidade real). Eu queria lhe dizer também, e depois termino, como experimentei que era verdade aquilo que você dizia nos Exercícios da Fraternidade a respeito de não bastar estarmos presentes passivamente para experimentar a novidade da Sua presença. Com a ajuda de um grupo de amigos, procurei também ser fiel ao trabalho de Escola de Comunidade, à leitura do que o Movimento diz em certas ocasiões importantes, à leitura da revista Passos e à oração. Como a dimensão da oração estava longe de mim! Procurei levar a sério o que você disse sobre isso nos Exercícios. Você dizia que “em Jesus, a familiaridade e o diálogo com Aquele que nos cria a cada instante se tornam não apenas uma transparência iluminadora, mas uma companhia histórica” e que “precisamos da oração não apenas como dimensão, mas também do gesto da oração como treinamento necessário para essa consciência”. Então, pedi a alguns amigos que me ajudassem a ser fiel a um gesto de oração que combinamos, especificamente, para aprender esse reconhecimento, começamos, no sábado de manhã, a participar da recitação do terço e depois da missa, em nossa igreja, às 8h30, depois de levar os filhos para a escola e antes de começar nossas ocupações do dia. Tenho certeza de que isso está contribuindo muitíssimo para que tomemos consciência de que dependemos do Mistério e para que possamos reconhecê-lo. Eu sou grato a você pelo que nos está fazendo ver e pela ajuda insubstituível que você é no caminho da nossa vida. Um abraço carinhoso, meu e de toda a minha família também.
Antonio
Como os apóstolos
Julián, obrigado por não desanimar, por não recuar e continuar firme, levando todos a ficar atentos àquilo que você olha! Este é realmente um outro mundo! Não é a mesma medida de antes, mas um pouco maior. É realmente uma outra coisa! Neste período, tenho sempre lembrado dos apóstolos. Penso na experiência que eles fizeram. Posso parecer presunçoso, mas nós estamos fazendo a mesma experiência. Seguramente, eles também eram frágeis, eram pobres coitados como nós, mas sempre estiveram agarrados a Ele, colados n’Ele. Para eles, Ele era objetivamente mais verdadeiro do que tudo aquilo que pensavam. Ele era uma outra medida em relação àquilo que tinham em mente, infinitamente correspondente aos seus corações. Este estar agarrados a Ele, com os olhos arregalados, foi o que, no tempo, os levou a fazer uma experiência plena d’Ele. É isso que inacreditavelmente está começando a acontecer a muitos de nós: a mesma experiência dos apóstolos. Devemos lhe agradecer, sobretudo porque está nos indicando o caminho, porque está nos ensinando o método para percorrer o caminho. Entendo, agora, aquilo que você sempre nos diz em relação a Dom Giussani: “Eu sempre o agradeci porque me ensinou o método para percorrer o caminho”.
Ugo
Todos os cabelos contados
Nossa família tem vivido uma experiência de graça dentro da dor. Nossa filha mais nova tem alopécia – queda capilar – há 4 anos. Esta tem sido a oportunidade para aprofundarmos nosso relacionamento com Cristo, crescendo na certeza de que tudo é para um Bem, que Deus nos ama dentro desta circunstância. Temos pedido para reconhecê-Lo a cada instante, em cada exame, em cada consulta. Nossa filha tem sido um presente para nós, sinal claro da presença de Cristo, enfrentando o drama de cada dia. Ela nunca deixou de ir à escola, aos passeios, às festas. Com entusiasmo viveu o dia da coleta alimentar, convidando amigos e primos para participarem. Estava muito feliz, parecia que sabia que aquele gesto respondia ao desejo de felicidade dela. Desde cedo ela faz a experiência da companhia dos amigos. A amizade da Raquel, da Ana Luiza, da prima Beatriz a ajuda a enfrentar as dificuldades concretas que se apresentam. Com essa experiência temos aprendido o que o Carrón no diz : “‘Até os cabelos da tua cabeça estão todos contados’ não é um sentimento, mas é um juízo, é um olhar, é uma afirmação, é um reconhecimento do valor que temos para Aquele que nos faz agora.”
Lúcia,
São Paulo – SP
Além da escuridão
Caro Julián, queria dizer muitas coisas, mas antes de tudo, em absoluto, queria e devo lhe agradecer pelo amor, pela paixão que você tem por Cristo e, portanto, pela vida e pela história que lhe dedicou. A partir de Roma e o dom do Espírito e dos “Exercícios da Fraternidade” (mas já tinha os sintomas desde os Exercícios de dois anos atrás, que partiam da questão do dualismo!) a minha vida começou a ser retomada na sua inteireza, como se até as partes de mim que não me lembrava mais possuir, fossem reveladas e quisessem participar da vida porque “há o que comer” também para elas! Melhor, não “partes” que não me lembrava mais possuir, mas as mesmas que sempre utilizei de maneira parcial, medindo-as, administrando-as, limitando-as e oprimindo-as e que, agora, se escancaravam para mim. A liberdade in primis e, em síntese (a questão da irredutibilidade me faz enlouquecer!): o não ter nada, nada mesmo para defender, o não ter medo da realidade (aquele temor não declarado, dissimulado, mas que no fim determina tudo), o mergulhar na realidade como nunca antes, abraçá-la porque confio! O não ter medo da primeira realidade, isto é, eu mesmo, de como sou feito, do que desejo, o não sentir-me mais sozinho, sempre e em qualquer lugar... Eu já tinha experimentado tudo isso quando encontrei Jesus no Movimento, fazendo a experiência dos universitários, em Bolonha, com o grande Enzo Piccinini, Widmer e outros amigos... Uma intensidade que depois perdi. Na verdade, não a perdi completamente e nunca deixei de desejá-la, com todo o drama que profundamente me constitui e me determina a cada dia, que é a vontade louca desta liberdade! Foi-me dada a graça de entender, lendo e relendo Roma e o dom do Espírito, que durante muitos anos cometi um erro (com boa fé!) de perspectiva, melhor, de método! Durante anos tive os dentes cerrados, sem relaxar no trabalho dos textos, seguindo o Movimento, construindo relacionamentos, família, errando e lutando, como se depois de uma grande experiência feita, que não queria perder, eu tomasse a situação nas próprias mãos e, de algum modo, pudesse ter a capacidade de reproduzir aquela Beleza. Devia, precisava, era justo, tinha as razões, tinha a história que me confirmava, mas, embora algumas confirmações acontecessem sempre prescindindo de mim, nunca consegui entender que o método é um outro, é aquele do início. Não eu, mas um Outro que bate à porta e nos toma, ao qual somos “obrigados” a obedecer, como obedecemos quando nos apaixonamos! Este não é o método apenas do início, mas de cada instante, de cada manhã ao abrir os olhos e, então, posso dizer novamente: “Bom dia Jesus, mostra-te!”. Vi e vejo muitos outros como eu fazerem essa tentativa de “permanecer firme” e continuarem escravos e desiludidos (muitas vezes, sem declará-lo... exatamente, o dualismo!) e, por fim, ir atrás de bem-estar, sistematizações, renda, tranquilidade, etc. Entendo como nunca que reconhecer isso é uma Graça ou, como você diz, é dom do Espírito que, na verdade, é Jesus que se manifesta na sua Beleza. A partir deste momento, o trabalho contínuo do pedido com um desejo vivo e a identificação, como você sugeriu... Depois, os Exercícios, que colocaram a questão da familiaridade com Cristo até o dom de si como lei da vida! De novo, uma radicalidade, uma decisão em relação a Cristo, um apaixonar-se, uma correspondência sem precedentes. Relacionamentos que se renovam, outros que nascem, liberdade no trabalho (que por si só não me corresponde!), um olhar novo para com os outros, coisas bonitas e feias que antes não eram visíveis e agora são sacrifícios: tudo com aquela liberdade que descrevi acima, mas sempre dentro de uma luta sangrenta que sempre me acompanha. Ainda poderia lhe dizer uma avalanche de coisas, contar muitos fatos, mas tenho uma coisa urgente para dizer. Entendo que, agora, você está nos pedindo, e a mim também, um outro passo que, desde que o Papa falou na Alemanha sobre expandir a razão, é urgente na minha vida: deliciar-me com Cristo a ponto de gritar a alegria e chorar quando não o sinto ou o nego! Eu preciso, e não posso mais dar um passo na vida sem sentir-me perto d’Ele, sem perceber aquela vibração, íntima companhia, aquela liberdade que é capaz de amar tudo, de fazer-me respirar em tudo. O vazio, as coisas vãs, os horizontes que o mundo me propõe não me convencem mais, logo me sinto sufocar, mas vejo que este meu ser assim não basta! A minha carne grita com as pontas que ferem e fazem jorrar sangue e não encontro quem entenda (não que me faça parar de sangrar) e compartilhe comigo esta aventura até o fundo. Não quero errar de perspectiva, não quero errar o trabalho que me é pedido, sobretudo, não quero perder tempo! Vejo que o problema está todo no relacionamento com a realidade! Todo o problema está aí! Intuo isto, mas é como se houvesse uma neblina, um véu a ser retirado para poder ver mais nitidamente! “A Escuridão”, além da escuridão! Não consigo me agarrar de maneira forte à realidade, ou pelo menos mais fortemente, como gostaria! Quero isso porque entendo que quanto mais me agarro a ela mais faço experiência e gozo de Jesus. A coisa é absolutamente proporcional! Isso eu entendo! Trabalho muito e com entusiasmo. A mim, interessa somente uma coisa, sem a qual não posso mais viver: “A verificação da fé, a verificação de Cristo, não como abstração, mas como intensidade de vida: chama-se cêntuplo. É possível para todos. Apenas é preciso querer participar desta aventura”. Quero estar cada vez mais presente. Obrigado de todo o coração.
Carta assinada,
Rímini – Itália
Um olhar razoável e terno
Há algumas noites, uma amiga, Nancym, veio jantar em nossa casa e nos comunicou uma esplêndida decisão: converter-se ao catolicismo. Falando sobre essa sua decisão, comoveu-me o percurso que nestes dois anos fizemos juntos. Um percurso cujos passos sempre foram marcados pelo relacionamento com Dom Giussani, por meio da Escola de Comunidade e da nossa companhia. Enquanto ela falava, repetia sobre a razoabilidade e a ternura que o trabalho cotidiano sobre a Escola de Comunidade introduziu no modo de olhar a si e à realidade. Falou-nos do Angelus, de como esta oração descreve tudo aquilo que ela sempre buscou e que foi comunicado pelo Anjo. O milagre que aconteceu é um sinal grande para a minha vida, sinal do fato de que eu sou amigo e companheiro porque obedeço, digo sim à vocação que Deus suscitou por meio dessa história. Quantas vezes pensei em “novas” maneiras de apresentar o Movimento. É a decisão e o amor àquilo que é, assim como é, que corresponde ao ímpeto de criatividade, ao desejo de plenitude que a minha vida é. Como me mostra o Senhor neste milagre, não é a forma que eu penso, mas o amor à estrada que Ele traçou para a plenitude da minha vida.
Guido,
Los Angeles – EUA
A necessidade do outro
Caríssimo padre Carrón, há dois meses fui transferido para Lima para iniciar uma nova aventura de trabalho em um projeto da Avsi. Cheguei uma semana depois do terrível terremoto que acometeu as cidades ao sul de Lima. Com Daniela e Ricardo, decidimos visitar os lugares abalados pelo tremor e logo nasceu a vontade de fazer um projeto para ajudar as pessoas atingidas pelo cisma. Vivo, todos os dias, perto de pessoas que perderam tudo e sempre me pergunto o que eu posso fazer concretamente por elas. Digo isto, porque o Movimento me ensinou a olhar o outro com um olhar que perfura tudo e olha inteiramente o seu desejo de felicidade. A primeira coisa que me veio em mente foi a experiência vivida nos tempos da universidade, em Turim, dando aulas de reforço escolar. Agora, diante dessas pessoas, por meio de seu pedido de ajuda ressurge com força o pedido de felicidade para a minha vida. A necessidade do outro se torna a minha. Quero contar, em particular, uma experiência vivida há algumas semanas, quando nosso amigo, padre Michele, chegou a Grocio Prado com 25 voluntários, para ajudar a remover escombros e terminar de demolir as casas semi-destruídas. Celebramos uma missa no “bairro” onde estamos trabalhando e isso me causou um impacto: durante a missa perguntei-me o que estávamos fazendo. O gesto da missa poderia parecer aos olhos de um passante, o gesto mais desproporcional do mundo num lugar como aquele. Ao contrário, aproximando-me para receber a Eucaristia, intuí a sua grandeza, porque Deus nos reúne em qualquer lugar, mas, sobretudo, nós devemos estar dispostos a recebê-lo, devemos deixar abertas as portas do coração a Cristo. Isto não reconstrói casas, não faz chover pão do céu, mas é muito mais: é dar-se conta de que toda a realidade transparece a grandeza de Cristo. Porém, para intuir isso precisamos de alguém que nos desperte de nossa distração. Por isso, nunca, como nesse momento, foi tão fundamental para mim julgar o meu trabalho com meus amigos da Escola de Comunidade.
Simone,
Lima – Peru
A amizade com Jesus
Em 2001, pela primeira vez, ouvi falar de CL por meu amigo Dima, e a coisa me interessou. Ele me convidou para a Escola de Comunidade, mas eu não me decidia a participar. Não sei porque, mas tinha medo. Em 2003, comecei a frequentar a Escola de Comunidade. E, no mesmo ano, recebi o Batismo. Para mim, essa foi uma grande aventura, um encontro que permanece ainda hoje. Fui atingida no próprio coração, no centro do meu “eu”. E agora entendo que nunca deixarei esta amizade, que se chama Jesus. Quando me propuseram entrar para a Fraternidade, eu não entendia porque precisava. Afinal, eu já estava na comunidade. Então, comecei a falar sobre isso com os amigos e, quanto mais falávamos da Fraternidade, mais comecei a entender que essa é a minha grande única família. Cresci num orfanato e sempre tive medo de permitir que as pessoas se aproximassem muito de mim. Desde a infância sentia que eu não era útil a ninguém, nem a Deus. Meus pais morreram quando eu tinha dois anos. Tentaram adotar-me cinco vezes e sempre desistiram e, ambientar-se com pessoas que depois lhe abandonam é muito doloroso, por isso, da última vez, fui eu quem rejeitou os pais que queriam me acolher. Cresci procurando a autoridade, o respeito, em mim mesma, achando que não era útil nem amada. Mas a nossa amizade inverteu em mim todas as minhas interpretações sobre a vida, sobre o que tinha vivido. A vida com Jesus tornou-se agora, para mim, realidade e, aos poucos, começo a confiar nas pessoas.
Galia,
Cazaquistão
Amor e sacrifício
No dia 02 de dezembro fomos ao Estádio de Futebol Manoel Barradas (Barradão) a fim de participar, com toda a Igreja de Salvador, da Beatificação da Irmã Lindalva Justo de Oliveira, filha da Caridade de São Vicente de Paulo. Foi uma cerimônia de beatificação inédita na Bahia e muito marcante, presidida pelo nosso Arcebispo Dom Geraldo Majella Agnelo e pelo enviado do Papa, Cardeal Saraiva Martins. Milhares de pessoas de todas as idades e de várias partes do Brasil e do mundo ouviram a hagiografia daquela que deu sua vida por Cristo, servindo ao Senhor concretamente no Asilo D. Pedro II. Irmã Lindalva foi morta por um interno do asilo quando chegava da via-sacra, da Sexta-Feira da Paixão de 1993, aos 39 anos de idade, levando do assassino 39 facadas. A vida da agora Beata Irmã Lindalva é um exemplo que certamente Dom Giussani nos chamaria atenção! Isto porque sua santidade foi gerada no cotidiano de um trabalho aparentemente banal, servindo os velhinhos de um asilo de forma amorosa e diligente por causa de Cristo presente naquela realidade. Quantas vezes tomamos nosso trabalho como um peso, desconectado com o sentido último da realidade? A Beata Lidalva nos indica outro caminho a percorrer, um caminho simples e possível de santidade.
Caio Cesar,
Salvador – BA
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