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Passos N.79, Fevereiro 2007

SOCIEDADE - AVSI / Campanha Das Tendas

Promover cada homem e todo o homem

por Giorgio Vittadini*

A educação, como amor à pessoa, é o verdadeiro motor para um autêntico desenvolvimento. Os projetos promovidos pela Avsi nestes anos testemunham isso


A proposta anual da Campanha das Tendas é, para a Avsi, uma ocasião muito importante, pois repropõe à reflexão as razões fundamentais do nosso empenho, de forma que não nos transformemos em simples operadores humanitários, mas continuemos ligados à história que nos gerou. Porque a todos torna visível o milagre da gratuidade de tantas pessoas que oferecem tempo, imaginação e dinheiro para dar uma resposta às necessidades de homens desconhecidos que vivem em situações muito difíceis e muitas vezes dramáticas. Porque favorece o crescimento da consciência de uma necessária responsabilidade comum para o desenvolvimento humano dos povos que vivem em condições de pobreza e de marginalização.
Neste ano, a proposta das Tendas assume um significado particular porque é a mesma para o mundo todo, sem distinção entre doadores e beneficiários, pois todos, no limite de suas possibilidades, contribuem para a realização das iniciativas superando assim, nos fatos, a divisão dos homens entre norte e sul ou entre leste e oeste.
Os projetos propostos estão ligados a uma história de sofrimento, de ódio, de luta, de diferenças sociais em que o homem foi humilhado, ofendido e até assassinado, e onde parece impossível criar condições de convivência fundamentadas no amor, no respeito recíproco, na estima e no desejo comum de caminhar em direção a uma condição de vida mais digna e rica de satisfação.
A Avsi aceitou o desafio de construir, nestas situações dramáticas, lugares de novidade nos quais se pode testemunhar cotidianamente que aquilo que nos interessa é o destino de felicidade de cada homem e não a sua pertença religiosa, cultural ou ideológica.
No 40º aniversário de publicação da encíclica de Paulo VI,
Populorum progressio, experimentamos a verdade de uma das frases mais significativas daquele documento, ainda muito atual: “O novo nome da paz é desenvolvimento”.
Arturo Alberti,
presidente da Avsi



O termo desenvolvimento, proposto há 40 anos pela encíclica Populorum Progressio, de Paulo VI, sintetizou, por décadas, um entusiasmo ingênuo, original e positivo que aproximou católicos e não católicos. Sob alguns aspectos, a promessa contida em tal termo está se realizando: a globalização está melhorando as condições de vida de muitas pessoas. Entretanto, ao mesmo tempo, essa promessa mostra a sua insuficiência. As desigualdades e a degradação material e espiritual que minam a dignidade do homem crescem até nos países que estão aumentando de forma vertiginosa o seu produto interno bruto; áreas mundiais inteiras parecem sempre mais às margens desse desenvolvimento; em vez de diminuir, multiplicam-se os regimes ditatoriais, os terrorismos, os conflitos até epocais. Frente a esses problemas, não basta a opção econômica. Já dizia a Populorum Progressio: “Para ser autêntico desenvolvimento, deve ser integral, quer dizer, voltado à promoção do homem todo e de todos os homens...”. A educação não nasce de planos qüinqüenais e de projetos que vêm de cima para baixo: se é introdução à realidade total, como afirma Dom Giussani, acontece de pessoa para pessoa, na comunicação de uma experiência de vida que provenha do coração de um homem e que fale ao coração de um outro homem, em ensinamentos, atos, obras, movidos por um autêntico amor pelo homem.
É o que afirma Bento XVI na sua encíclica Deus caritas est: “O amor – caritas – será sempre necessário, mesmo na sociedade mais justa. Não há qualquer ordenamento estatal justo que possa tornar supérfluo o serviço do amor. Quem quer desfazer-se do amor, prepara-se para se desfazer do homem enquanto homem” (Deus caritas est 28b).
É o quanto testemunham homens como padre Berton, missionário xaveriano em Serra Leoa, empenhado em reabrir para a vida ex-meninos soldados: “É uma educação não escolar do coração, do coração deles para serem si mesmos, porque são ricos nas suas tradições e ricos de possibilidades. Se se deseja introduzir algo no ambiente deles, isso deve ajudá-los a serem artífices das próprias conquistas”.
Disso falarão as Tendas da Avsi deste ano: de gestos de caridade e de exemplos de educação à verdade, à justiça, à beleza, início de uma estável e profunda mudança de sociedades inteiras. Do Líbano ao Peru, da Terra Santa ao Brasil, milhares de pessoas se beneficiarão de uma ajuda concreta, graças à qual será possível fazer acontecer, na própria vida, uma virada importante.

*Presidente da Fundação pela Subsidiariedade


Os quatro projetos 2006 / 2007

1 Litani
o rio da convivência

Água e desenvolvimento rural para os agricultores no Líbano

Recomeçar das margens do Litani, rio da convivência, para relançar o Líbano, após os sangrentos combates de julho e agosto passados. Com efeito, ao longo do rio, moram milhares de pessoas de diversas comunidades. O novo projeto da Avsi (atuante no país dos cedros desde 1996) é dedicado a elas, por meio do desenvolvimento sustentável da agricultura. Por exemplo, mais de mil agricultores estão sendo formados em novas técnicas de irrigação e gerenciamento dos terrenos, com um retorno positivo para 50 mil pessoas. Além disso, desde abril passado um programa ad hoc envolve 180 agricultores na promoção da passagem de uma agricultura tradicional para a agricultura sustentável, com a redução de resíduos de pesticidas nas hortaliças e frutas e na promoção dos próprios produtos. Desde 2003, entre outras coisas, a Avsi deu início a um grande programa para a melhoria do gerenciamento das águas para a irrigação entre o lago Qaraoun e o vilarejo de Bar Elias. O projeto visa desenvolver todos os recursos hídricos, naturais, econômicos, sociais e culturais que extraem a sua potencialidade do Litani, envolvendo, diretamente, aqueles que extraem do rio o sustento para si e para a própria família.

2 Belém
renasce a esperança

Sustento de uma escola para mil crianças na Terra Santa

Uma escola freqüentada por mais de mil alunos cristãos e muçulmanos na cidade de Natividade. Um símbolo forte de fraternidade numa região do mundo onde não faltam os contrastes. A Avsi decidiu sustentar essa realidade, gerenciada pela Custódia Franciscana que cuida dos Lugares Santos, com dois tipos de intervenção. De um lado, participando dos custos de reestruturação do Instituto (que não necessita apenas de novas salas, mas também de aparelhos de aquecimento), e de outro, sustentando a distância as despesas com pensão e material escolar para aproximadamente 50 alunos oriundos das famílias mais desfavorecidas. Em Belém, não são poucas as famílias nessas condições, especialmente depois que a construção de um muro em volta da cidade atrapalhou (e em muitos casos impediu) a passagem para aqueles que iam trabalhar em Jerusalém. A escola representa, para os meninos, o lugar do resgate, o lugar onde alargar os próprios horizontes para além daquele muro, para além da desconfiança. E onde aprender o respeito e a tolerância, apesar das diferenças culturais e religiosas.

3 Lima
a ternura desafia a degradação urbana

Educação, cuidado e trabalho para 350 famílias no Peru

A educação, a formação profissional e o desenvolvimento humano estão no centro das intervenções da Avsi no Peru, desde 1989. Este ano, foram iniciados dois novos projetos nas zonas de Nievería di Huachipa e Lomas de Carabayllo, dois dos assentamentos mais degradados da periferia de Lima. Em primeiro lugar, serão ampliados os serviços de sustento educativo já existentes, que se propõem a melhorar o rendimento escolar das crianças e favorecer-lhes uma educação integral. Além do apoio às crianças no desenvolvimento das tarefas, serão organizadas atividades recreativas para melhorar o seu grau de socialização e será iniciado com os educadores um programa de formação nutricional. Em segundo lugar, foi predisposta uma intervenção específica com os pais, com o objetivo de orientar 350 mães e 150 pais de família acerca das melhores estratégias educativas para os próprios filhos.

4 Macapá
da rua para a vida

Reforço escolar para 110 crianças e adolescentes na periferia de Macapá

Centro educativo que atende 110 crianças e adolescentes carentes, no bairro Zerão, periferia de Macapá, oferecendo a elas uma experiência de educação e de acompanhamento – que abrange também suas famílias – no seu processo de crescimento pessoal, de relacionamentos com os outros, no desempenho escolar e no envolvimento com a comunidade. O Centro realiza suas atividades desde 2000, com o apoio do Avsi, em um espaço alugado e tem a necessidade de um espaço próprio, para prestar um melhor atendimento e oferecer aos jovens que nele cresceram uma formação no campo do trabalho profissional. É um lugar de encontro e de acolhida que se tornou referência, sobretudo para os pais que enfrentam dificuldades na educação e no relacionamento com os filhos, além da falta de trabalho.


QUEM SOMOS

A Associação de Voluntários para o Serviço Internacional (Avsi) é uma ONG, sem fins lucrativos, dedicada a projetos internacionais de ajuda ao desenvolvimento.
Constituída em 1972 dentro dos princípios da Doutrina Social da Igreja Católica, foi reconhecida pelo Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (ECOSOC), com o status de Consultor Geral. Hoje, atua em 35 países da Ásia, África, América Latina, Oriente Médio e Leste Europeu com projetos plurianuais nos setores de saúde, atendimento a crianças em situação de risco, educação, formação profissional, recuperação de assentamentos informais e do ambiente degradado, agricultura e intervenções de emergência.
A Avsi está presente no Brasil desde 1982, atuando em Belo Horizonte, Macapá, Manaus, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo, além de apoiar uma rede de entidades para atendimento à infância em várias outras cidades do Brasil.

Contato:
Telefone: (31) 2103-2700
E-mail: nena.oliveira@avsi.org
Para contribuir com a Campanha das Tendas as doações poderão ser feitas para a conta Associação de Voluntários para o Serviço Internacional
BANCO DO BRASIL / Agência: 3495-9 / Conta: 23100-2

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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