Um tira-gosto do que seria saboreado durante a assembleia. Em meio ao verde, um cantinho agradável para uma conversa entre amigos
Mairiporã foi a cidade que, na manhã de 5 de março, hospedou visitantes vindos de toda a América Latina. Éramos 60 pessoas de diferentes origens – Peru, Paraguai, México, Equador, Venezuela, Brasil, Argentina – mas com o mesmo destino. E um a um iam chegando de barco, que cortava a represa, cheios de letícia nos olhos e, com abraços apertados, matavam a saudade de seus amigos. Aproximávamo-nos das 11h da manhã, cerca de seis horas antes do início da ARAL.
Depois da "difícil" tarefa, todos finalmente estavam sentados. Estávamos no Hotel Cheiro de Mato, que com nome sugestivo nos cercava e nos agraciava os olhos. Foi neste contexto que Cleuza iniciou seu testemunho e, com poucas palavras, descreveu a reviravolta que aconteceu em sua vida desde a última visita de padre Julián Carrón ao Brasil. Desta forma, fez questão de relembrar a provocação feita por ele naquela ocasião: “Estou curioso para ver a amizade que vai nascer entre vocês”. Cleuza, então, falou de todas as pessoas, obras e lugares que conheceu neste último ano na América Latina e afirmou: “É a amizade de vocês que surgiu da curiosidade de Carrón, que me ajudou a sustentar essas famílias da associação. Todas as pessoas, hoje, que seguem a Carrón estão felizes”.
Padre Aldo, do Paraguai, assim como Cleuza, testemunhou mudanças em sua vida e na vida da comunidade sul-americana. Traçou uma linha do tempo das últimas duas décadas do Movimento na região e refletiu sobre o desejo de Dom Giussani. “Aquilo que vimos neste último ano é o início da realização do desejo de Dom Giussani. Hoje, a famosa unidade latino-americana nasce de um eu comovido pela presença de Cristo e de uma obediência ao homem Julián Carrón”.
Com o mesmo entusiasmo e provocados por esta presença mencionada por padre Aldo, outros amigos falaram de suas experiências. Padre Javier, do México, descreveu como as mudanças provocaram nele um novo início. “O Movimento é o caminho de um povo, mas os passos são pessoais e existe um momento decisivo onde tenho que arriscar o meu EU.” Padre Giovanni, do Peru, recordou a experiência que viveu durante as férias dos adultos e também dos universitários, no início do ano. “Lá pude ver acontecer Cristo no presente, ver até o fundo o que está acontecendo. Isso nasceu da amizade.” E Stefania, do Equador, concluiu com a afirmação: “O que está claro para mim, nestes tempos, é a fé não como discurso”.
Julián Carrón, então, iniciou do ponto onde a amiga do Equador havia nos provocado – a fé não é um discurso. E para isso retomou um embate que surgiu no retiro que ele havia pregado na Itália poucos dias antes: Olhar Cristo no rosto ou observar os mandamentos? Carrón, com seu jeito único de colocar as palavras, onde voz, braços e olhares traduzem um coração, nos alertou para o problema do moralismo e afirmou que é preciso, antes de tudo, olhar a Cristo. E, a partir dessa atração, todas as coisas tomam seu lugar. Ele nos repetiu a provocação de Dom Giussani: “Não aos projetos de perfeição, mas sim olhar Cristo no rosto”. E, com o mesmo afeto de Dom Gius, nos explicou: “O que ele quer dizer é que reduzimos o acontecimento de Cristo a seguir regras”. E, de forma muito livre, Carrón nos sugeriu: “Temos que nos libertar das situações que nos prendem. Ser moralistas ou nos libertarmos. Se nos libertarmos conseguimos correr para a vida”.
Em seguida, foi servido o almoço, e então, na companhia de Dom Odilo Scherer, Arcebispo de São Paulo, fizemos a refeição ao lado de grandes amigos. Nem a comida caseira, nem a beleza da paisagem calaram por um segundo que fosse os corações, que naquele momento estavam inquietos. Desejosos por compartilhar aquilo que experimentavam e as boas novas que escutaram. E foi durante a sobremesa que Dom Odilo se colocou, depois de uma pergunta de Bracco, responsável pelo Movimento no Brasil: “Qual contribuição podemos dar à Igreja?”. “O campo de missão do leigo é o mundo. Por isso, é preciso reforçar a educação dos leigos para que levem isso para o mundo. Da fé cristã para a convivência social.” Nesse ponto, Dom Odilo agradeceu a contribuição dos movimentos e concluiu: “É preciso também estar perto dos jovens, senão amanhã teremos gerações que não conhecem a Deus”, e então agradeceu pelo trabalho que é feito pela Associação de Cleuza e Marcos Zerbini por meio do projeto “Educar para a Vida”, em São Paulo.
Antes de partir trouxeram um bolo para comemorar o aniversário de Cleuza. Cantamos os parabéns e, em sua homenagem e em agradecimento à presença de Carrón e do Cardeal, aconteceu um pequeno concerto de música. João di Souza, nosso amigo músico de Belo Horizonte, cantou, de forma muito expressiva, algumas músicas de Nossa Senhora. A beleza daquela música preencheu tudo de um grande silêncio.
Novamente pegamos os barcos, nos dividimos em carros e vans e seguimos para Mariápolis com a certeza de estarmos no melhor lugar, termos nossa vida tocada por Cristo e a graça de Tua Presença naqueles amigos.
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© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón