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Passos N.75, Agosto 2006

EXPERIÊNCIA

Sessenta mil pessoas buscando o infinito

por Giorgio Paolucci

Esta é a peregrinação a pé mais numerosa de toda a Itália, que teve início em 1978 com 300 participantes. Orações, mensagens e testemunhos sobre o tema “Avaliar tudo e ficar com o que é bom”

Os primeiros a se surpreender foram os organizadores. Eles não esperavam as 60 mil pessoas, como o recorde de participação do ano passado. No sábado anterior, aconteceu o encontro do Papa com os Movimentos em Roma, e portanto, era legítimo esperar que muitos não fizessem uma outra viagem com tão pouco tempo de distância. Mas aconteceu o contrário. Neste ano, na peregrinação à pé de Macerata a Loreto – distância de 28 Km percorridos durante toda a noite – também vieram em igual número e muitos estiveram em Roma para receber o abraço de Bento XVI. Um abraço que ecoou na mensagem enviada por padre Carrón: “Que nos acompanhe no caminho em direção a Loreto o acontecimento do encontro com o Papa na praça São Pedro e as palavras que ele nos dirigiu. Peçamos a Nossa Senhora a graça do Espírito e a nossa doçura a Ele para que possamos participar daquela vida que nos torna livres”.
Em 1978 eram em 300, na noite de 11 de junho deste ano, em 60 mil: os jornais dizem que se tornou a peregrinação a pé mais numerosa de toda a Itália. “A cada ano é um acontecimento de povo que se renova, uma pequena-grande confirmação da sede de respostas que existe nas pessoas, junto com a capacidade da Igreja de falar ao coração do homem. Nunca paramos de nos maravilhar com aquilo que o desejo da Verdade suscita no coração das pessoas”, comenta Dom Giancarlo Vecerrica, Bispo de Fabriano-Matelica, fundador, animador e alma incansável da peregrinação.

Necessidade de um critério
“Avaliar tudo e ficar com o que é bom” foi o título da edição de 2006. “Para reter o que é bom é necessário um critério”, afirma Elena Ugolini, diretora do colégio Malpighi, de Bolonha, abrindo a série de testemunhos no palco do estádio Helvia Recina de Macerata, antes do início da caminhada até o Santuário de Loreto. “Educar significa ajudar a descobrir um critério capaz de avaliar tudo e ficar com o que existe de belo, verdadeiro e bom na realidade. E isto serve para todos, não só para os jovens. Mas é preciso pedir: por isso vim até aqui”.
Barbara Bordi, 32 anos, 6 filhos, há cinco anos em missão em Camarões, com o Caminho Neocatecumenal, perdeu o marido em abril, morto por malária cerebral: “Na África, vimos com os nossos olhos que o encontro com Jesus mudou a vida de muitas pessoas. Vi famílias serem reconstruídas, homens saírem da miséria e superarem o alcoolismo, vivendo agora com a paz no coração”. É a mesma paz que o seu marido experimentava quando, poucos dias antes de morrer, escreveu: “Para mim é uma graça enorme poder participar dos sofrimentos de Cristo com o meu próprio corpo”. O jornalista Magdi Allam conta o exemplo da devoção popular a Maria que se difundiu no mundo islâmico e se expressa na participação de milhares de muçulmanos a peregrinações em santuários marianos na terra islâmica. E lança um apelo aos muçulmanos da Itália: “Façamos do culto a Maria um momento unificante de espiritualidade com os cristãos e façamos da peregrinação de Loreto um momento de compartilha da irmandade religiosa entre todas as pessoas de boa vontade, a partir das exigências de verdade e beleza presentes em cada um de nós”.

O exemplo de Santa Catarina
A beleza exerce uma atração incontrolável no coração do homem, comenta Dom Stanislaw Rylko, presidente do Pontifício Conselho para os Leigos. “O coração do homem, sabendo escutá-lo, não se deixa enganar pelos substitutos”, e continua a buscar respostas ao desejo incansável de felicidade. Aos que buscavam o Infinito no caminho em direção a Loreto, Rylko indica o exemplo de Santa Catarina que escreve: “Tu, Trindade eterna, és como um mar profundo no qual mais busco e mais encontro. E quanto mais encontro, mais cresce a sede de buscar-Te”. O ator Pedro Sarubbi, intérprete do papel de Barrabás no filme A Paixão de Cristo, recita, no palco, o Hino à Virgem, de Dante Alleghieri, que exalta Nossa Senhora como “fonte vivaz de esperança”, e nas suas palavras há um eco da revolução provocada nele pelo encontro com os “novos amigos” de Comunhão e Libertação.
Nas oito horas de caminhada pelas ruas molhadas de chuva, encontram-se cansaço e suor, oração e canto, oferta e pedido. Em marcha até a Santa Casa onde o Mistério se fez carne, tornou-se mais evidente as palavras que Dom Giussani disse vindo aqui em 1987: a vida é como uma peregrinação. «Homo viator, como diziam os medievais. É o homem que caminha, o qual cairá por terra até mil vezes por dia, mas por mil vezes se levantará, porque a esperança se apóia em uma razão sempre maior do que a própria fraqueza”.

Casa de Loreto
A Santa Casa de Loreto é a casa
onde viveu a Sagrada Família em Nazaré (Galiléia). A história conta que ela foi trasladada milagrosamente pelos anjos até Loreto (Itália), em 1294, onde está encerrada em um santuário. Todos os Papas confirmaram a autenticidade da sagrada habitação e recente estudo arqueológico também confirmou sua autenticidade. As pedras do altar da Santa Casa de Loreto têm a mesma origem das que se encontram na gruta da Anunciação em Nazaré. Desde 1978, o Movimento Comunhão e Libertação organiza uma peregrinação anual, no início de junho, saindo da cidade de Macerata e caminhando 28 km até a Casa de Loreto.

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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