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Passos N.69, Fevereiro 2006

DESTAQUE - DOM GIUSSANI

Carta à Fraternidade

por Padre Julián Carrón

Caros amigos,

dentro de poucos dias ocorrerá o aniversário da morte do Dom Giussani. Diante desta data é impossível não sermos invadidos por uma onda de gratidão e de comoção pela sua pessoa e pela sua obra. Embora sentindo sua falta, não nos consideramos órfãos. Aliás, todos nós fizemos a experiência de tê-lo como pai mais do que nunca. Por meio dele, Cristo continua a agir entre nós, como vimos durante este ano mediante tantos sinais.

O aniversário de sua morte nos coloca todos diante de sua herança, que não é algo só do passado, mas um acontecimento presente que continua a desafiar a nossa razão e a nossa liberdade.

O carisma nos fascinará sempre mais somente se se tornar experiência na nossa vida cotidiana. Isto implica julgar tudo o que acontece com o critério que um Outro colocou dentro de nós: o coração. Seguir o juízo do coração é seguir Deus que nos criou com aquele conjunto de exigências e evidências, que constituem o nosso rosto íntimo: a sede de verdade, de beleza, de justiça, etc. É necessária muita lealdade e simplicidade consigo mesmo para aceitar continuamente aquilo que emerge com clareza como juízo do coração. Isso é bem diferente do subjetivismo!

Foi esta simplicidade que nos permitiu reconhecer a excepcionalidade única de Cristo e nos permite podê-la reconhecer continuamente no meio das vicissitudes da vida. Seguir o coração quer dizer seguir a impossível correspondência que reconhecemos no encontro com Cristo, obedecer àquela plenitude surpreendente que nos aconteceu.

Deste modo nos tornaremos sempre mais filhos de Dom Giussani que, como nos disse o então cardeal Ratzinger na homilia de seu funeral, “queria realmente não ter a vida para si, mas deu a vida, e por isso mesmo encontrou a vida não só para si, mas para tantos outros... Dando a vida, esta sua vida carregou um rico fruto - como vemos neste momento -, tornou-se realmente pai de muitos e, tendo guiado as pessoas não para si mesmo, mas para Cristo, ganhou justamente os corações, ajudou a melhorar o mundo, a abrir as portas do mundo para o céu”.

Assim se tornará sempre mais evidente a nós mesmos a razoabilidade da fé, quer dizer, por que vale a pena ser cristãos. “Vosso amor vale mais do que a vida”.

Viver assim é a nossa contribuição, neste momento dramático, para a Igreja, de cujo ventre somos continuamente gerados, e para os nossos irmãos homens.

Com fraterna amizade,

Milão, 1º de fevereiro de 2006

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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