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Passos N.68, Dezembro 2005

CONCÍLIO VATICANO II / 1965-2005

Comunhão de intenções

por Giorgio Sarco

Numa entrevista concedida em 1979, para a revista semanal Il Sabato, Dom Giussani falou, entre outras coisas, das relações entre Juventude Estudantil (mais tarde Comunhão e Libertação) e o Concílio

Que impacto teve o Concílio sobre o Movimento? É
verdadeira a acusação que muitas vezes se faz a Comunhão e Libertação de que o Movimento permaneceu ancorado a posições pré-conciliares?

Eu ainda me lembro dos sobressaltos de entusiasmo que tivemos ao ver desenvolvidas de maneira orgânica, nos documentos do Concílio, à medida que iam saindo, temáticas que constituíam o conteúdo mais profundo da nossa sensibilidade intelectual, do nosso empenho e da nossa prática de vida. Tínhamos a gratidão de quem ouve alguém repetir, de maneira mais completa e profunda, com “autoridade”, o porquê exaustivo daquilo que está vivendo. Eu me lembro, por exemplo, da festa que fizemos quando saiu a Lumen gentium, que enfatiza de forma tão magnífica, particularmente no parágrafo 8, a Igreja como comunidade visível, que se pode experimentar, encontrar: a alma de toda a nossa iniciativa. Celebramos igualmente a Gaudium et spes, pelo interesse, pela paixão pelo mundo, pela estima pelas iniciativas humanas, mesmo percebendo a tristeza última que está presente nelas. Essa também foi sempre uma característica nossa, como se viu na paixão com a qual o nosso povo se lançou, sedento, em busca da verdade no humano, onde quer que estivesse e como quer que pudesse ser encontrada. Quanto mais é verdadeira, porém, essa paixão com simpatia, tanto maior é a percepção da tristeza última pelo caráter incompleto do humano, de forma tal que só na experiência de Cristo a esperança encontra a sua resposta. De resto, uma das frases que eu sempre citava era esta: “Eu não vim para suprimir a Lei, mas para cumpri-la”, ou seja, para torná-la verdadeira. A “Lei” é a expressão mais alta do esforço de inteligência e de moralidade do homem, que Deus não despreza, mas capta e realiza no mistério da sua Presença. Não, não se pode dizer realmente que nós não nos vimos em sintonia com o Concílio: além do mais, os teólogos sobre cujos livros nos formamos não são acaso os precursores e os especialistas do Concílio? Pense-se em De Lubac e em Von Balthasar; mas eu poderia acrescentar outros. Os motivos da acusação contra nós são outros. Muitos dos protagonistas do “aggiornamento” conciliar na Itália se convenceram de que o Concílio abriu a Igreja Católica para uma trama de pensamento imitada de determinadas modas filosóficas ou sociológicas. Nós, por nosso lado, mesmo respeitando todas as ciências humanas, cada uma em seu âmbito, estávamos convencidos de que o ponto de partida para o qual o Concílio nos remetia era a imitação da estrutura mental, do método que Cristo havia usado em sua vida. Abrir-se ao mundo não significa aceitar, talvez acriticamente, as ideologias do mundo, mas, sim, encontrar o desejo de verdade que anima os homens. (...)

(traduzido por Durval Cordas)

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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