Dez organizações se reuniram em São Paulo para realizarem juntas o lançamento do livro organizado pelo Pontifício Conselho “Justiça e Paz” do Vaticano.
Em São Paulo, o Compêndio da Doutrina Social da Igreja foi lançado dia 23 de junho, pelo cardeal Renato Raffaele Martino, no Teatro da Pontifícia Universidade Católica, o TUCA. O evento foi promovido pela CNBB e o Núcleo Fé e Cultura, juntamente com 10 outras entidades que procuram trabalhar, em São Paulo, a partir dos princípios da Doutrina Social. Estiveram presentes mais de 300 pessoas, numa confraternização entre este conjunto de entidades que trabalharam neste evento e que prometem – para o segundo semestre de 2005 – cursos diferentes, baseados no Compêndio, e voltados especificamente para universitários, lideranças populares e empresários.
O Pontifício Conselho “Justiça e Paz”, presidido pelo cardeal Martino, foi o órgão do Vaticano encarregado pelo papa João Paulo II de elaborar o compêndio, que ficou pronto só após 5 anos de trabalho. Ele declarou que a obra “é um instrumento para as pessoas que trabalham com o social. O compêndio não traz nenhuma novidade, pois trata os temas que a doutrina social da Igreja já tratou em documentos pontifícios. O destaque agora é que estes documentos estão todos articulados organicamente em um único documento”. Além disto, “quer orientar a prática social da Igreja e não só da Igreja Católica mas também se apresenta como proposta para outras religiões e mesmo de pessoas de boa vontade da sociedade que queiram também se orientar através destes princípios e deste ensinamento”, destacou o cardeal de São Paulo, d. Cláudio Hummes, também presente no evento.
O leque de entidades que se reuniram em torno ao Núcleo Fé e Cultura para organizar o evento chamava a atenção pela sua diversidade. Estavam presentes, por exemplo, o Conselho Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo – entidade tradicional na defesa dos direitos humanos na cidade, desde a época da ditadura; e a Associação Nacional para o Ensino Social Católico (ANESC). Ao seu lado, vários movimentos englobando jovens universitários, como o Projeto Universidades Renovadas (o PUR, da Renovação Carismática), os universitários do Movimento dos Focolares e os de Comunhão e Libertação (CLU) e a Pastoral Universitária da PUC-SP. Uma experiência interessante é a da UniFEI, voltada principalmente para a área de Engenharia e Administração, mas que mantém há vários anos uma disciplina de Ensino Social Cristão em seu currículo.
Três entidades reuniam empresários interessados em seguir os princípios da Doutrina Social. A Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE) é a mais tradicional delas, existindo deste 1961. O Projeto Economia de Comunhão foi criado por Chiara Lubich, fundadora dos Focolares, em uma visita ao Brasil, em 1991. Em linhas gerais, consiste na constituição e/ou adesão de empresas que assumam o compromisso de destinar seus lucros segundo três objetivos específicos: (1) reinvestir na empresa, (2) promover a criação de estruturas que dêem suporte de uma renovação cultural com ênfase na partilha material e espiritual dos bens; (3) atender a pessoas que se encontram sem terem suas necessidades materiais atendidas. A Companhia das Obras reúne tanto empresas “com fins lucrativos” como empresas “sem fins lucrativos” nas quais os conceitos da pessoa e trabalho têm uma forma privilegiada de expressão. Estas empresas se ajudam mutuamente, criando uma rede de relacionamentos, uma companhia de pessoas reunidas no esforço de dar sentido e significado ao seu trabalho.
Ao lado destas organizações de empresários, o Fórum Permanente da Subsidiariedade nasceu a partir da necessidade concreta de vários movimentos sociais, que hoje atingem milhares de pessoas na periferia de São Paulo, de encontrar novas alternativas para a relação Estado / sociedade, que valorizasse o protagonismo da pessoa humana e sua capacidade de encontrar soluções para os próprios problemas. O Fórum surgiu justamente da constatação, na prática da luta pela transformação da sociedade, da falência dos esquemas de transformação da sociedade baseados na ação de um partido que engloba as lutas dos diversos movimentos sociais e as instrumentaliza para seu próprio projeto de ascensão ao poder.
O que une realidades aparentemente tão diferentes como estas? Em grande parte a consciência de que uma sociedade mais justa e mais fraterna só pode acontecer no respeito à dignidade e ao protagonismo da pessoa humana e que o princípio da subsidiariedade é a melhor forma de organizar as relações Estado / sociedade com vistas ao bem comum. Porém, mais do que isto, no fundo, o que une todas estas pessoas é a consciência de que foram tocadas pelo encontro com Cristo e o desejo de que toda a sua vida, a partir daí, reflita este encontro. No fundo, é a consciência de que são “um povo novo” na história do mundo...
Leia mais sobre a Doutrina Social da Igreja e o Compêndio na página http://www.pucsp.br/fecultura/compendi.htm, do Núcleo Fé e Cultura.
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