Há muitos anos padre Giussani dizia que a utopia era algo “a ser realizado no futuro, cuja imagem e cuja escala de valores são criados por nós”. As notícias das últimas semanas são provas amargas de onde é possível chegar quando ideologias e utopias passam a dominar a vida: no Brasil, a ideologia de um partido pretende justificar toda e qualquer ação para alcançar seus objetivos e defender os próprios integrantes. Assim, consolida-se a tradição política brasileira de um Estado forte – com laivos de autoritarismo no atual governo –, que tende a substituir o espaço de livre atuação das pessoas e das associações.
Imposta a todo custo, a “escala de valores criados por nós” torna-se origem de mais dramáticas notícias: em Cuba, recusa-se ajuda humanitária dos EUA para as vítimas do furacão Dennis; na Bósnia, recorda-se o extermínio de 8 mil pessoas; no Iraque, a violência atinge crianças que recebiam doces e água do “inimigo”, e, em Londres...
De uma forma ou de outra, com maior ou menor grau de violência, trata-se sempre “de quem não aceita a realidade e a considera errada por não corresponder ao próprio pensamento, medida do que merece ou não existir”, como dizia o comunicado de impressa de Comunhão e Libertação sobre os atentados na Inglaterra.
Não faltam reações contundentes e análises perspicazes sobre os problemas atuais: falta um lugar que não decepcione a esperança humana, um lugar em que haja a certeza da realização do desejo infinito de liberdade, amor, justiça e verdade. Não é possível esperar uma solução definitiva de problemas graves para que possamos dizer: “Agora somos felizes...” Pois a novidade, como dizia pe. Giussani no mesmo texto, “é a presença deste acontecimento de afeição nova e de nova humanidade. A novidade não é um futuro a ser alcançado, não é um projeto cultural, social e político: a novidade é a presença”.
Esta “Presença” acontece por meio das pessoas e lugares de experiência humana que amam a Cristo e portanto, a vida no seu valor infinito e em todas as suas expressões, que compartilham as necessidades concretas dos outros, buscam construir o bem comum e que, em última instância, recordam a positividade última dos acontecimentos. Pessoas e lugares que, como João Paulo II e Luigi Giussani, não guardaram nada para si, mas se entregaram totalmente à amizade com Cristo.
“Não será uma fórmula a nos salvar, mas uma Presença e a certeza que ela nos infunde”, disse uma vez João Paulo II. Esta é a única esperança que não decepciona.
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© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón