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Passos N.116, Junho 2010

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A história

Domingo à noite, no bar

Fábio, abandonado na poltrona de seu quarto, observa o livro apoiado na escrivaninha. Poucas horas e recomeçará a curtição na discoteca. Para esquecer aquele vazio que sente dentro, que se fez atormentador. Pensava tê-lo feito calar. Tê-lo abafado, primeiro no fumo e, nos últimos tempos, na dança e no álcool. E, pelo contrário, uma noite, jogado no sofá da discoteca, com a música que ensurdecia as orelhas, reapareceu de modo explosivo. Todo o castelo de certezas desmoronou. Nos primeiros dois anos do ensino médio tinha participado dos encontros da Escola de Comunidade. Depois tinha decidido que sabia o suficiente. E, porém, eis que ressurgem aquelas benditas perguntas! Tinha voltado para a Escola de Comunidade. Um amigo tinha lhe dado de presente um livro: É possível viver assim? Assim como?
É quase noite quando decide pegar o volume. Por duas horas não tira os olhos das páginas. Às nove começa a se preparar para sair. Para o mesmo embalo? Não, não sai. Não é possível. Deve encontrar uma resposta, a resposta. Senta-se à escrivaninha, pega papel e caneta e começa a escrever o que aconteceu. Porque alguma coisa aconteceu. O quê? Um dia depois, inscreve-se no tríduo dos colegiais em Rímini.

Domingo de Páscoa. Fábio novamente está sentado à escrivaninha: remarca os compromissos daqueles dias. Ao fim, a decisão: “Não posso ficar com essa descoberta só para mim”. Apanha as folhas, coloca-as no bolso e desce para o bar. Senta-se em uma mesa vazia, onde, poucos minutos depois, um a um, chegam os amigos. Os de sempre, os de sábado à noite. Depois dos cumprimentos, Fábio, tirando as folhas, diz: “Com licença, quero ler para vocês as anotações do que me aconteceu nos últimos dias”. Silêncio. Fábio começa.
Depois de alguns minutos, um se levanta, bufa e vai embora. Outro sorri à palavra “Cristo”. Outro ainda procura o olhar dos demais e faz um gesto claro, como quem diz: “Mas o que está dizendo?”. Fábio está bem consciente de que está deixando uma provocação fortíssima. A mesma que ele recebeu. Por isso, não podia guardá-la só para si.

Depois de 20 minutos, dos 15 que estavam no início, cinco permaneceram na mesa. Não importa. Para Fábio, aqueles cinco já são um milagre. Continua a ler. Começa a discussão. “É impossível viver com aquelas perguntas.” “Chega-se à exasperação.” “É mais um discurso da Igreja.” Depois, ocorre o inacreditável: pouco a pouco, quem havia ido embora retorna. No fim, estão todos. Assim, por 40 minutos a fio. São 40 minutos usados para não anestesiar as próprias exigências de verdade, beleza, justiça e significado, que encontram resposta em uma pessoa: Cristo. “Mas quem é Cristo?”, alguém pergunta. Esta é a pergunta. É isto que precisa ser descoberto.
Fábio está feliz, como nunca esteve antes. Mas quem diria? Escola de Comunidade com aqueles amigos, no bar. Tem só um desejo: rever os rostos dos companheiros dos colegiais, de estar com eles para manter vivas aquelas perguntas.

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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