Das favelas à Geórgia, do grito de liberdade na Polônia ao desafio da crise. No Meeting veremos que nada é capaz de apagar o nosso desejo
As notas melancólicas das favelas. O sofrimento dos artesãos italianos atingidos pela crise. A aventura de uma escritora que, sem jamais abandonar a sua chácara na Geórgia, viveu sempre uma abertura infinita...
No Meeting, haverá oito exposições, mas o fio condutor é um só: “O desejo do coração”, conta Alessandra Vitez, responsável pelo escritório central: “Queremos mostrar o que nasce quando o homem leva a sério as exigências do seu coração”.
Como aconteceu, há trinta anos, em Gdansk (Polônia), quando as exigências de liberdade de alguns operários dos canteiros navais levaram à formação de um movimento como o Solidariedade: com fotos da época e vídeos, uma das mostras retomará a história dessas pessoas que ousaram desafiar o poder.
Os amigos húngaros, por sua vez, vêm com “Estêvão da Hungria. Fundador do Estado e apóstolo da nação”, a exposição sobre o santo rei que permitiu a conversão do seu povo: “Sem ele, hoje não seria possível a unidade da Europa”.
A arte também será protagonista em Rímini, com as fotografias gigantes de um dos monumentos mais conhecidos da tradição cristã: o Pórtico da Glória da Catedral de Santiago de Compostela (Espanha). “Para evidenciar o rosto de Cristo, que acolhe os peregrinos. Por isso, o título da exposição é: No fim do caminho há Alguém que te espera”. Junto com Dante, a literatura está no centro da mostra “Flannery O`Connor. A infinita medida do limite”, dedicada à escritora norte-americana que morreu de lúpus aos 39 anos: “Para ela, os limites eram a possibilidade de encontrar o Eterno. Através de suas narrativas, mostraremos com qual grandeza pode viver o coração do homem”.
Depois, talvez alguém se surpreenda ao se deparar com painéis que querem guiá-lo “ao coração da matemática”: o que as áridas fórmulas têm a ver com o coração? “Procuramos justamente pessoas que não gostam dos números. Para mostrar, entre um experimento e um enigma, que nem tudo é só questão de medida e cálculo: sem essa linguagem, não entenderíamos nada da criação”.
E, para um coração vivo, tudo é desafio. Inclusive uma aventura como a crise que afetou seriamente as empresas. A mostra “Um emprego para cada um. Cada um com seu trabalho. Antes, durante e depois da crise econômica” partiu daí: “Através de muitas histórias de empresários, queremos indicar que, mesmo na crise, pode haver esperança. E que, para além do trabalho, o que importa é o eu”.
Uma última coisa. Se num pavilhão você ouvir um coração batendo, cujas batidas lentamente se transformam num ritmo brasileiro, não se assuste: você está entrando na mostra “Um Céu no chão”, dedicada ao “samba do morro”. Um dos muitos mimos do próximo Meeting, criado por quem – como Pigi Bernareggi e Rosetta Brambilla – foi um dos primeiros afetados pela melancolia dessa música: “Os próprios brasileiros se esqueceram de suas raízes: são os pobres das favelas que compõem a letra e a música do samba. Porque nenhuma miséria é capaz de apagar o desejo do seu coração”.
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© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón