Por favor, não chamemos de “balanço”: é uma palavra fria que desvia do caminho. E, daqui a pouco, em dezembro, todos falarão muito sobre isso, como um ritual que deve ser feito quando o ano muda. Porém, é verdade que a certo ponto de um trabalho se deseja parar um instante e olhar para trás. É útil para verificar o quanto se cresceu e que passos foram dados.
Tentemos, agora, que começa o segundo semestre, olhar para os meses que passaram. E para um percurso que, para quem se envolveu, foi realmente cheio de desafios. Circunstâncias diferentes, mas densas e ricas da mesma oportunidade de colocar à prova a “pertinência da fé às exigências da vida”. Exemplos? Muitos: o drama da pedofilia, que grita um desejo de justiça capaz de desbaratar tudo e todos se não for abraçado seriamente até o fundo, como só Cristo pode fazer. Ou, ainda, o dia 16 de maio, com aquele convite para ir à Praça São Pedro não apenas para apoiar o Papa, “mas para sermos apoiados em nossa experiência de fé”, como lembrava Julián Carrón. São fatos. Ou seja, a melhor maneira de fazer emergir os fundamentos da educação à fé, a liberdade – porque diante de um fato somos constrangidos a dizer “sim” ou “não” – e o juízo, o foco para entender e tornar próprio estes fatos, para que eles se tornem experiência.
É aqui que aflora com toda a sua força a simplicidade do cristianismo. Porque, olhando bem para todas essas vicissitudes, como em tantas outras que abalam os corações (desde os dramas pessoais até os fatos recentes de violências que ocupam os noticiários, como as acusações ao goleiro Bruno e o assassinato da advogada paulista), o juízo de fundo é um só, e simples. E é aquele ao qual o próprio Bento XVI nos chama a atenção, em uma série de colocações que, relendo-as nos detalhes fazem emergir uma única exigência: a nossa conversão. “Ter o olhar fixo em Cristo”. Sempre, em qualquer circunstância, mesmo naquelas que abrem feridas no corpo da própria Igreja. Recentemente, em palavras dirigidas aos sacerdotes, marcados – como todos – por provas e tentações, o Papa dizia: “Em qualquer lugar que estejamos, qualquer coisa que façamos, devemos sempre permanecer com Ele”. Não só a condenação da sede de poder ou dos males que assediam a fé em seu interior, mas uma perspectiva, um ponto de fuga que escancara: “Segui-Lo”, porque “Deus espera o nosso sim”. Essa é a conversão e é isto que nos é pedido, antes de tudo e dentro de tudo.
Este é o juízo. A única, verdadeira exigência. Diz respeito a todos, nós em primeiro lugar, como se vê no texto de Julián Carrón da “Página Um” que encontrarão dentro da revista. E o bonito é que não é um chamado de atenção genérico. Declina-se sobre o particular. É possível ver no instante, na circunstância com a qual nos deparamos, para onde olhamos, para Quem olhamos.
A conversão é uma novidade contínua. A descoberta de Cristo na realidade com a qual nos deparamos toma formas diferentes. E chega a esclarecer os critérios com o qual fazer política, enfrentar a perda de trabalho ou lutar em defesa do homem e da Igreja. E torna límpido também o modo com o qual olhar a esposa, os filhos, os amigos... E até as férias. Cada instante, do mais aparentemente superficial ao mais intenso, carrega dentro a grande oportunidade: “Permanecer com Ele”, segui-Lo, converter-se.
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