Há dois meses demos ênfase a uma palavra que Bento XVI – e junto com ele, o desafio da realidade – nos últimos tempos, tem chamado a atenção constantemente: a “conversão”, a necessidade de ter o olhar fixo em Cristo. Agora estamos ricos de experiências que por causa daquele chamado tornaram-se mais intensas.
Fatos pequenos, talvez. Pessoas e momentos de pessoas (encontros, conversas, episódios) que marcaram quem sabe quantos de nossos dias, abrindo-os a uma densidade inesperada. Ou fatos mais imponentes, daqueles que, de algum modo, nos obrigam a levar em conta outra medida. Por exemplo, as eleições no Brasil. Ou o Meeting de Rímini, promovido na Itália por Comunhão e Libertação: uma semana cheia de acontecimentos e testemunhos ligados pela força do coração e daquilo que responde a ele. Ou a Assembleia Internacional de Responsáveis de CL, em La Thuile: quase quinhentas pessoas de todo o mundo provocadas por padre Carrón a aprofundar com tenacidade um trabalho que acontece há algum tempo, sobre a pergunta de Nicodemos que, nos Exercícios da Fraternidade, abriu uma ferida: “Pode um homem nascer de novo, sendo velho?”.
Ou, ainda, a Mensagem do Papa para a Jornada Mundial da Juventude 2011, que acontecerá no dia 6 de agosto, apresentada há alguns dias. Quem voltava de Rímini ficou tocado já com as primeiras palavras daquele “homem criado para o infinito” que parecia retomar e acentuar o tema do Meeting. Mas, lendo melhor, a fundo, chegamos a passagens que fecham o cerco de um percurso ideal. O Papa diz isso claramente, tomando como referência o tema da Jornada (um versículo da carta aos Colossenses: “Radicados e fundados em Cristo, firmes na fé”): “A fé não é apenas acreditar nas verdades, mas é antes de mais nada um relacionamento pessoal com Jesus Cristo, é o encontro com o Filho de Deus, que dá a toda a existência um dinamismo novo”. E ainda: “É o próprio Cristo quem toma a iniciativa de radicar, fundar e tornar firmes os crentes”.
Tentem folhear o livreto anexado nesta edição de Passos e entrar na trajetória marcada pelos testemunhos, pelas palestras, pela síntese final. Impossível não encontrar o eco dessa “iniciativa de Cristo” e dessa “relação pessoal”, já na introdução: “A verdade não é algo abstrato, é esse Amor que se dobrou sobre o nosso nada (...), esta comoção pelo nosso nada”. E “que movimento pessoal é necessário! É preciso haver essa comoção que gere esse movimento pessoal e que encontre em nós essa disponibilidade. Esta é a nossa responsabilidade: converter o eu ao Acontecimento presente, ou seja, a esse Amor que se curvou sobre mim”. Presente agora, contemporâneo a mim agora. Antes de qualquer iniciativa minha, porque acontece como e onde quer. Mas necessitado do meu “sim” e da minha memória para que eu reconheça agora que pertenço a Ele. E possa mudar.
É difícil encontrar uma chave mais adequada que esta para ler – e entender – aquilo que aconteceu nas últimas semanas (e que está documentado nas próximas páginas, começando pelo Meeting). Um Acontecimento presente em cada acontecimento. Contemporâneo. Mas é difícil até pensar nos próximos dias – o trabalho, a escola, as obrigações: tudo – sem que aflore uma alegria inesperada, uma promessa de bem certo, uma estrada clara. Porque está tudo naquele agora. E não há um momento do agora em que não possamos dizer “Tu” a Cristo.
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