Tocava uma canção quando fui visitar minha sogra em recuperação de um grave AVC. De repente, na música, reconheci: “É isso... o Dia Nacional da Coleta de Alimentos”! Tanto quanto aquela visita, era viver o lema da proposta deste gesto: “Compartilhar as necessidades, para compartilhar o sentido da vida”. Contudo, antes do grande “dia C” (de Coleta), já tinha o desejo de continuar a viver ao longo do ano aquela mesma cativante alegria de quem experimenta e adere de coração a essa proposta educativa. E, por isso, desde 2007, aqui em Belo Horizonte, ano após ano, sobrava um desejo, só em gestação. Porque eu acreditava que era preciso que outra pessoa gostasse da ideia e a levasse para frente. Até que ouvi de Cleuza Zerbini, no ano passado, que “cada pessoa é (ou deveria ser) protagonista do gesto da Coleta”. Esse testemunho simples foi para mim algo muito potente. Decidi “arregaçar as mangas”!
Assim nasceu o Projeto Cultural “Fazer o Bem Faz Bem”. Uma novidade, inclusive para mim mesma! Cheguei a pensar que ele não se realizaria novamente. Entretanto, como havia “ligado o motor”, em abril já tinha realizado uma reunião com parceiros em potencial. A proposta era realizar um evento para abrir e ganhar espaço para a Coleta na mídia, e aproveitar para convidar as pessoas que fossem assistir aos shows gratuitos para conhecer o gesto e se inscrever como voluntárias. Para minha surpresa, meses depois, a própria gerente do Centro Cultural Parque Lagoa do Nado, Grace Alves, me ligou e disse que queria inserir a proposta no calendário de eventos oficial do Parque, por considerá-la de acordo com um dos objetivos do milênio de erradicação da fome. Propôs colocar a temática junto às crianças, no mês de outubro. Mesmo sem, aparentemente, termos todos os elementos para a concretização do evento, esse foi um dos sinais lindíssimos que recebi como resposta ao que meu coração desejava! Confesso que esse telefonema, no momento em que chegou, foi como uma pólvora. Reascendeu em mim uma alegria indescritível, que nem a situação difícil pela qual passávamos foi capaz de conter! Depois disso, tive diversos outros sinais. Entre eles, o fato de os artistas aceitarem participar, mesmo sem termos conseguido levantar os cachês, como se fossem todos voluntários! Tudo foi providenciado (palco, som, divulgação...) e pude ver o projeto nascer e me pegar inevitavelmente a vibrar de alegria.
“Fazer o Bem Faz Bem” proporcionou um encontro de gerações – de famílias, de amigos, de muitos desconhecidos, de artistas de gêneros distintos, músicos que se superaram na simpatia e comunicação –, na bela manhã de domingo 10 de outubro. Mas, principalmente foi, para mim, um grande presente. Embora tenha sido algo “simples”, dentro se percebia uma felicidade singela, testemunhada por “gregos e troianos”! Até meu pai, que nunca vi dançar, dançou como criança em uma grande roda de ciranda proposta pelo violeiro Chico Lobo ao lado do seu amigo percussionista Carlinhos Ferreira. No evento se apresentaram o Grupo “Nada é Por Acaso” (formado por Jovens Trabalhadores de CL); Tatá Sympa – como João Di Souza – que apresentou junto com o pianista Robério Molinari um belíssimo concerto erudito; o violeiro João Araújo responsável pela obra e o DVD “Viola Urbana”; Seu Ribeiro que é neto de congadeiros e trouxe para o palco todo seu legado de cantoria, natural dos poetas estradeiros; e o violeiro Wilson Dias que apareceu de surpresa, fez doação de alimentos, quis tocar e já se ofereceu para voltar no próximo ano, cuja data esá fixada para 2 de novembro.
Entre um show e outro, Heltinho e Viviane, Renato e Mila me auxiliaram a convidar e explicar o gesto do Dia da Coleta. Também tive o auxílio de Derval Junior no designer, Marlei Pirozzeli para criar a logomarca e Kika Antunes com suas sempre bem-vindas fotos. Pude contar com esses amigos da nossa companhia do Movimento Comunhão e Libertação na organização, além de outros que foram curtir o gesto de perto, ao lado das demais pessoas e profissionais da (minha) área de atuação cultural. Sem contar as diversas (muitas) crianças... Todos juntos, misturados e contentes. Tudo sem luxo e tão grande! A gerente do Parque foi a primeira a fazer inscrição para ser voluntária da Coleta, seguida por outras pessoas desconhecidas, para minha total surpresa e satisfação! Sei que tudo isso, realmente, não é por acaso. E há tempos percebi que todo impossível que se torna viável é porque Ele, Cristo – o maior parceiro de todos, mesmo que muitos nem percebam isso –, está presente! Porque Ele quer se relacionar pessoalmente comigo, conosco, dentro e através da realidade. Seja ela qual for.
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