Passos N.130, Setembro 2011

Rubricas

A História

Um encontro imprevisto

Em preparação ao Ano Eucarístico, na cidade de Ancona, na Itália, foi organizada uma grande exposição sobre o tema da Eucaristia. Alessandra aceitou o convite dos amigos para ser guia da mostra. Domingo de manhã era o seu primeiro turno. Justo quando param os navios de excursões que cruzam a costa nesta época do ano por causa do verão europeu.
Naquele dia, muitos turistas giravam pelo centro histórico, onde também está localizada a igreja de Santa Maria della Piazza, onde está a mostra. Alguns turistas começam a entrar na igreja. Alessandra observa um casal vestido de modo “casual”: chinelos, bermuda e camiseta por cima da roupa de banho. Eles olham curiosos, mas ficam parados na porta.

Alessandra se aproxima e os convida a entrar. Depois, guia a mostra para eles. Começam a chegar mais pessoas, e ela pede para irem mais rápido. Resposta: “Não”. Alessandra percebe que estavam verdadeiramente diante de um acontecimento. “Olhando para eles, me dei conta de que estavam olhando e escutando algo familiar e amado”.
No final da visita, o homem com voz firme e comovida, começa a falar, apontando para o painel do encontro de Zaqueu com Jesus: “Para mim também aconteceu um encontro imprevisto, mas o que quero sublinhar é que eu recebi mais do que pedi”. Por quarenta anos, este senhor ficou longe da Igreja, até que seu filho sofreu um grave acidente. “Comecei a implorar a graça da sua cura e me reaproximei da Igreja”. Seu filho realmente foi curado e, dali em diante, afirma que seus olhos se abriram como os dos discípulos de Emaús.

O casal saiu para assinar o livro de presenças. Naquele instante veio à mente de Alessandra a parábola dos dez leprosos. “Eu revia naquele senhor o leproso curado que voltou porque entendeu que o maior dom não era a cura do corpo, mas o encontro com o Senhor, o sentido da vida”.
Repetindo suas explicações sobre a mostra, Alessandra foi percebendo a grandeza do Mistério que era contada naqueles painéis com imagens e escritas: “A partir da ‘imensa pobreza’ que caracteriza a alma humana, o Mistério de Deus se fez carne, se doa como corpo e sangue, permanece entre nós na sua Igreja e no mistério eucarístico, dom discreto que se propõe à nossa liberdade”.
No final daquele dia, Alessandra estava comovida, isto é, totalmente movida por um fato que reacontecia, “um fato capaz de suscitar em mim, contemporaneamente, saudade, alegria, pedido de perdão e senso de desproporção”.