Esse ano o Meeting de Rímini foi imponente. Foram muitos os motivos: a visita de Giorgio Napolitano, Presidente da República Italiana, e sua intervenção tão direta e incisiva; a participação de John Elkann, presidente da Fiat, falando de si de coração aberto, e na plateia Sérgio Marchionne, seu diretor executivo, que disse aos jornalistas que “na Itália há muitos que falam: esses fazem”. Foi impressionante também por causa daqueles diálogos reais sobre a primavera árabe, nos quais cristãos e muçulmanos, longe das luzes dos refletores e com uma sinceridade acesa, disseram que “aqui conseguimos falar entre nós como não o fazemos sequer em nossa casa”. E por causa de tantos outros fatos, pequenos ou grandes, que mostraram que o Meeting e a experiência de que nasceu são um fenômeno que tem peso na sociedade, e não só na italiana. Incide na história. Ao ponto de levar alguns observadores a serem leais consigo mesmo e mudarem de registro. E assim vimos, por exemplo, um jornal italiano como o Repubblica, tantas vezes inclinado a fazer apenas leituras políticas do Meeting (e de Comunhão e Libertação), escrever que “quem passar alguns dias aqui não pode deixar de admitir que nada disso existiria se não se apoiasse numa surpreendente capacidade de mobilização das consciências, num sincero envolvimento íntimo” e que talvez seja preciso deixar de perguntar “de que lado está CL?” para concluir que “CL, desde sempre, está apenas com CL”.
É mais do que uma revisão de juízo. Porque se as lermos bem, naquelas linhas está contida uma pergunta que está também no nosso coração, se não quisermos mudar de método e enveredar por um caminho errado. Esses acontecimentos, de fato, são impressionantes. Mas o que é que os tornou possíveis? O que é que permite que um fenômeno como o Meeting – nascido há mais de trinta anos numa pizzaria, num encontro entre amigos que só queriam “fazer uma coisa bonita, para dizer a todos aquilo que vivemos” – se transforme nisso? Os patrocínios? O apoio dos bons hotéis? Alguma estratégia, lobby ou jogos de poder? De onde nasce esta incidência histórica?
Meses atrás lançamos um desafio: usar o tempo como ocasião para descobrir toda a urgência de uma verificação pessoal da fé. Porque, dizíamos, diante das verdadeiras exigências da vida encontro-me eu, não um grupo. E só se a presença de Cristo me atrai, a mim, é que me torna certo, me muda. Faz surgir toda a minha humanidade. E, mudando-me, incide no mundo. Ora, podemos também ler a grandeza do Meeting (ou de outros fatos de que se fala nesta Passos) à luz desse mesmo desafio. Podemos ver se é ou não verdade que esses acontecimentos tão importantes surgem todos, muito simplesmente, disso: de pessoas mudadas, de corações despertos pelo encontro com a presença de Cristo no mundo. E tão atraídos – “intimamente envolvidos”, para usar a expressão do jornal Repubblica – a ponto de se deixarem agarrar, e de seguirem. Numa palavra, pela fé. Nós somos isso, e não outra coisa. Estamos ali, e não noutro lugar.
Quem esteve em Rímini viu e ouviu isso: juntamente com o título, com aquela descoberta de que a presença de Cristo torna a existência “uma imensa certeza” e nos permite viver, a frase que mais se ouviu repetir, até pelos convidados muçulmanos ou pelo empresário grisalho, foi uma outra, que os nossos leitores conhecem bem (foi recentemente citada num de nossos editoriais): “As forças que mudam a história são as mesmas que mudam o coração do homem”. Não era uma forma de prestar homenagem a genialidade de Dom Giussani, de certa forma, o “dono da casa”. Era a descrição do que estava acontecendo ali e do que pode continuar a acontecer na vida, às voltas com o trabalho que está no seio das ocupações de cada um: a verificação da fé. Bom trabalho!
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