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Passos N.131, Outubro 2011

BENTO XVI

A fé é uma relação íntima com Cristo

Homilia do Santo Padre durante a Vigília de Oração com os jovens na Jornada Mundial da Juventude
Aeroporto Cuatro Vientos, Madri, 20 de agosto de 2011


Queridos jovens, saúdo-vos a todos, e de modo particular aos jovens que me formularam as perguntas (...), que exprimem
de certo modo o anseio de todos vós por alcançar algo de grande na vida, algo que vos dê plenitude e felicidade.
Mas, como pode um jovem ser fiel à fé cristã e continuar a aspirar a grandes ideais na sociedade atual? No evangelho que escutamos, Jesus dá-nos uma resposta a esta importante questão: “Assim como o Pai me amou, também eu vos amei. Permanecei em meu amor” (Jo 15, 9).
Sim, queridos jovens, Deus vos ama. Essa é a grande verdade da nossa vida e que dá sentido a tudo o mais. Não somos fruto do acaso nem da irracionalidade, mas, na origem da nossa existência, há um projeto de amor de Deus. Assim, permanecer no seu amor significa viver radicados na fé, porque esta não é a simples aceitação de algumas verdades abstratas, mas uma relação íntima com Cristo (...).
Se permanecerdes no amor de Cristo, radicados na fé, encontrareis, mesmo no meio de contrariedades e sofrimentos, a fonte do júbilo e da alegria. A fé não se opõe aos vossos mais altos ideais; pelo contrário, exalta-os e aperfeiçoa-os. Queridos jovens, não vos conformeis com nada menos do que a Verdade e o Amor, não vos conformeis com nada menos do que Cristo.
Precisamente agora, quando a cultura relativista dominante renuncia e menospreza a busca da verdade, que é a aspiração mais alta do espírito humano, devemos propor, com coragem e humildade, o valor universal de Cristo como Salvador de todos os homens e fonte de esperança para a nossa vida. Ele, que tomou sobre si as nossas aflições, conhece bem o mistério do sofrimento humano e mostra a sua presença amorosa em todos aqueles que sofrem. Estes, por sua vez, unidos à paixão de Cristo, participam intimamente da Sua obra de redenção (...). Caros amigos, que nenhuma adversidade os paralise! Não tenham medo do mundo, nem do futuro, nem da vossa fraqueza. O Senhor vos concedeu viver neste momento da história, para que graças a vossa fé, o Seu nome continue a ressoar por toda a terra.
Nesta vigília de oração, convido-vos a pedir a Deus que vos ajude a descobrir a vossa vocação na sociedade e na Igreja e a perseverar nela com alegria e fidelidade (...).
A muitos, o Senhor chama ao matrimônio, no qual um homem e uma mulher, formando uma só carne (cf. Gn 3, 24), se realizam numa profunda vida de comunhão (...). Um projeto de amor verdadeiro, que se renova e consolida cada dia, partilhando alegrias e dificuldades, e que se caracteriza por uma entrega da totalidade da pessoa. Por isso, reconhecer a beleza e bondade do matrimônio significa estar conscientes de que o âmbito adequado à grandeza e dignidade do amor matrimonial só pode ser um âmbito de fidelidade e indissolubilidade e também de abertura ao dom divino da vida.
A outros, diversamente, Cristo chama-os a segui-Lo mais de perto no sacerdócio ou na vida consagrada. Como é belo saber que Jesus vem à tua procura, fixa o seu olhar em ti e, com a sua voz inconfundível, diz também a ti: “Segue-Me” (cf. Mc 2, 14).
Queridos jovens, para descobrir e seguir fielmente a forma de vida a que o Senhor chama cada um de vós, é indispensável permanecer no seu amor como amigos. E, como se mantém a amizade se não com o contato frequente, o diálogo, o estar juntos e o partilhar anseios ou penas? Dizia Santa Teresa de Ávila que a oração não é outra coisa senão “conversar com amizade, estando muitas vezes sozinhos em contato com Quem sabemos que nos ama” (Livro da Vida, 8).
Convido-vos, pois, a ficardes agora em adoração a Cristo, realmente presente na Eucaristia; a dialogar com Ele, a expor na sua presença as vossas questões e a escutá-Lo. Queridos amigos, rezo por vós com toda a minha alma; suplico-vos que rezeis também por mim. Peçamos ao Senhor, nesta noite, que, atraídos pela beleza do seu amor, vivamos sempre fielmente como seus discípulos. Amém!


Festa de acolhida dos jovens. Discurso do Santo Padre Bento XVI
Praça de Cibeles, Madri, 18 de agosto de 2011


Queridos amigos, (...) na leitura que há pouco foi proclamada, ouvimos uma passagem do Evangelho onde se fala de
acolher as palavras de Jesus e de as pôr em prática. Há palavras que servem apenas para entreter, e passam como o vento; outras instruem, sob alguns aspectos, a mente; as palavras de Jesus, ao invés, têm de chegar ao coração, radicar-se nele e modelar a vida inteira. Sem isso, ficam estéreis e tornam-se efêmeras; não nos aproximam d’Ele. E, deste modo, Cristo continua distante, como uma voz entre muitas outras que nos rodeiam e às quais estamos habituados. Além disso, o Mestre que fala não ensina algo que aprendeu de outros, mas o que Ele mesmo é, o único que conhece verdadeiramente o caminho do homem para Deus, pois foi Ele que o abriu para nós, que o criou para podermos alcançar a vida autêntica, a vida que sempre vale a pena viver em todas as circunstâncias e que nem mesmo a morte pode destruir (...). Queridos jovens, escutai verdadeiramente as palavras do Senhor, para que sejam em vós “espírito e vida” (Jo 6, 63), raízes que alimentam o vosso ser, linhas de conduta que nos assemelham à pessoa de Cristo, sendo pobres de espírito, famintos de justiça, misericordiosos, puros de coração, amantes da paz. Escutai-as frequentemente cada dia, como se faz com o único Amigo que não engana e com o qual queremos partilhar o caminho da vida (...). Aproveitai estes dias para conhecer melhor a Cristo e ter a certeza de que, enraizados n’Ele, o vosso entusiasmo e alegria, os vossos desejos de ir além, de alcançar o que é mais alto, até chegar a Deus, têm sempre um futuro certo, porque a vida em plenitude já habita dentro do vosso ser. Fazei-a crescer com a graça divina, generosamente e sem mediocridade, propondo-vos seriamente a meta da santidade. E, perante as nossas fraquezas, que às vezes nos oprimem, contamos também com a misericórdia do Senhor, sempre disposto a dar-nos de novo a mão e que nos oferece o perdão no sacramento da Penitência.
Edificando-a sobre a rocha firme, a vossa vida será não só segura e estável, mas contribuirá também para projetar a luz de Cristo sobre os vossos coetâneos e sobre toda a humanidade, mostrando uma alternativa válida a tantos que se perderam na vida, pois os alicerces da própria existência eram inconsistentes (...). Sim, há muitos que, julgando-se deuses, pensam que não têm necessidade de outras raízes nem de outros alicerces para além de si. Desejariam decidir, por si sós, o que é verdade ou não, o que é bom ou mau, justo ou injusto; decidir quem é digno de viver ou pode ser sacrificado nos altares de outras preferências; em cada momento dar um passo ao acaso, sem rumo fixo, deixando-se levar pelo impulso de cada instante (...). Pelo contrário, sabemos bem que fomos criados livres, à imagem de Deus, precisamente para ser protagonistas da busca da verdade e do bem, responsáveis pelas nossas ações e não meros executores cegos, colaboradores criativos com a tarefa de cultivar e embelezar a obra da criação. Deus quer um interlocutor responsável, alguém que possa dialogar com Ele e amá-Lo. Por Cristo, podemos verdadeiramente consegui-lo e, radicados n’Ele, damos asas à nossa liberdade (...).
Queridos amigos, sede prudentes e sábios, edificai as vossas vidas sobre o alicerce firme que é Cristo. Essa sabedoria e prudência guiarão os vossos passos, nada vos fará tremer e, em vossos corações, reinará a paz. Então sereis bem-aventurados, ditosos, e a vossa alegria contagiará os outros. Perguntar-se-ão qual seja o segredo da vossa vida e descobrirão que a rocha que sustenta todo o edifício e sobre a qual assenta toda a vossa existência é a própria pessoa de Cristo, vosso amigo, irmão e Senhor, o Filho de Deus feito homem, que dá consistência a todo o universo. Ele morreu por nós e ressuscitou para que tivéssemos vida, e agora, junto do trono do Pai, continua vivo e próximo a todos os homens, velando continuamente com amor por cada um de nós (...).

© Copyright 2011 - Libreria Editrice Vaticana

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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