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Passos N.107, Agosto 2009

RUBRICA

ACONTECE

Petrópolis. Acolhida para mães e filhos

Desde bem jovem, Carminha desejava ajudar a comunidade do Morro dos Anjos, bairro pobre de Petrópolis. Resolveu começar, contando apenas com o apoio de alguns amigos da paróquia e, hoje, já faz 22 anos que ela ajudou a fundar e atua na creche comunitária local, São Charbel. Mas, nesta trajetória, as dificuldades foram aparecendo e ela foi ficando cada vez mais desanimada. Ela não queria deixar o trabalho que faz com 80 famílias, mas parecia sem forças para continuar. Foi por isso que, em 2005, foi encontrar-se com o Bispo diocesano, Dom Filippo Santoro, solicitando ajuda. Ele pediu que Carminha aguardasse um pouco e, em seguida, enviou-lhe um colaborador: padre Stefano Volani. “A ajuda que o padre Stefano nos deu foi impressionante. Ele quase não falava, mas vinha para cá todos os dias e fazia companhia para mim, para as mães, crianças, adolescentes. As mães começaram a participar da missa, mesmo que não pudessem frequentar os sacramentos. Ele visitava as casas e se fazia muito igual a todos. Foi um grande presente de Deus.”
Padre Stefano precisou voltar para a Itália em janeiro deste ano, mas nestes anos muitas coisas boas aconteceram e vão continuar. Há três anos, ele deu início, com Carminha, a uma Escola de Comunidade semanal com algumas mães da creche, sempre às quartas-feiras, às 7h da manhã. Uma das mães, conta: “Problemas, nós sempre vamos ter, mas, para mim, a Escola de Comunidade foi uma salvação. Antes, eu não fazia nada com prazer e vivia reclamando. Hoje, a minha vida mudou. Eu encontrava as outras mães e nem falava com elas. Aqui, eu aprendi o valor da amizade”. Outra diz ainda: “Eu já estive envolvida com drogas, com bebidas, más companhias, e estive até presa por isso. Eu não tinha ninguém para me ajudar, mas quando eu cheguei aqui na creche, além de ter os meus filhos acolhidos, fui convidada para a Escola de Comunidade. Hoje, eu não uso drogas, me respeito, me amo, e estou me tratando para me libertar da bebida”. Os encontros semanais são esperados por essas mães: “Aqui, nós fomos acolhidas. Não é só um lugar que dá estudo e comida para os nossos filhos, mas que nos olha também. E isso eu não encontrei em outro lugar”. E elas também são chamadas a compartilhar o que recebem. Por isso, a caritativa que fazem é a visita ao asilo dos idosos, na mesma comunidade.
Além dos encontros semanais, Carminha e outros amigos da comunidade de Petrópolis, realizam encontros de convivência, como visita ao Museu Imperial, pic-nic no parque, passeios nas montanhas e cachoeiras. São pequenos gestos para ajudarem-se no gosto pela beleza, como sempre nos ensinou Dom Giussani.
Um fato é que o encontro com o Movimento deu um novo impulso à obra de São Charbel. Além do atendimento às crianças, também são realizadas aulas de dança, canto e reforço escolar. Recentemente foi construída uma quadra de esportes, patrocinada pelos amigos italianos da Fundação Virgilio Resi. Com a benção de Dom Filippo, a quadra foi inaugurada e agora, aos sábados, são realizadas atividades desportivas com os adolescentes.


MEDICINA E PESSOA
O método em curso entre atendimento clínico e educação


Entre 25 e 27 de junho, aconteceu, em Milão, a quinta edição do congresso para profissionais de saúde promovido pela Associação Medicina e Pessoa. O tema proposta – “A medicina sobreviverá ao abandono do atendimento clínico?” – era muito provocador, rico em pontos de reflexão. Por isso, foram três dias intensos de trabalho: cinco sessões plenárias, encontros paralelos e testemunhos de experiências profissionais. Marco Bregni, médico do hospital São José, em Milão, e presidente da Associação, afirma: “O que emergiu nestes dias foi a constante urgência de rebater que o centro de cada atendimento clínico ou diagnóstico só pode partir da pessoa e das suas necessidades”. Filippo Ciantia, médico italiano que trabalha em Uganda, contou sobre seu trabalho na África, afirmando que só consegue acompanhar um tratamento se tiver a esperança como base. Ou seja, para ele, tratar clinicamente uma doença significa acompanhar o paciente para que ele a enfrente e, assim, o relacionamento entre eles se torna mais interessante.
Durante o congresso, do cuidado com o paciente se passou à preocupação educativa com os “últimos que chegaram”. Discutiu-se a importância de levar a sério a profissão, dedicar-se aos estudos e seguir um mestre. Para Marco, “os jovens nos obrigam a dizer quem somos, e a troca de conhecimentos acaba sendo vantajosa para todos”. Para encerrar o congresso, Ludovico Balducci, médico nos EUA, apresentou um livro recém-lançado na Itália sobre Enzo Piccinini, médico que era um dos responsáveis do Movimento e que faleceu há dez anos. Enzo dizia que ao tratar um doente era preciso estar diante de toda a pessoa e não apenas de um “pedaço”, por isso não tratava sua profissão como um problema exclusivamente técnico.
Outras informações sobre a Associação encontram-se no site: www.medicinaepersona.org


Um novo nascimento


No dia 9 de julho, o Cardeal de São Paulo, Dom Odilo Scherer, celebrou o batizado de 9 jovens e, em seguida, a primeira comunhão e crisma para 32 jovens e adultos que participam da Associação. O grupo se formou após o encontro de padre Carrón no Ibirapuera, no dia 15 de fevereiro. Naquela ocasião, padre Marco Lucca e José Douglas Ferreira deram a disponibilidade para preparar as pessoas que desejassem receber os sacramentos. Foram realizados quatro meses de encontros de catequese, em três turmas aos sábados e domingos, na sede da Associação, na Lapa de Baixo. Para quem se interessar, estão sendo formadas novas turmas de preparação. Ângela foi uma das integrantes deste primeiro grupo e nos escreveu contando a sua experiência:
“Tenho 28 anos e gostaria, primeiramente, de explicar o meu principal interesse quando vim para a Associação em outubro de 2008: o tal desconto da Faculdade! Eu não acreditava que fosse possível que uma Associação que cobrava um valor tão irrisório para confecção da carteirinha pudesse proporcionar coisas tão maravilhosas em minha vida. Então, resolvi acreditar e entrei nessa. No começo, fiquei meio assustada, pois nunca tinha visto tanta gente junta em um só lugar, e sempre com o pensamento de que tudo aquilo era ilusão. Assisti à primeira reunião e comecei a gostar. Como de costume, sempre rezamos o Pai-Nosso no começo de cada reunião e isso, para mim, parecia algo simples, do tipo ‘que legal! eles têm uma religião’. Foi aí que, em uma das reuniões, o Padre Marco fez um convite a todos aqueles que ainda não tinham recebido todos os sacramentos da Igreja e que estivessem interessados em receber: que o procurassem no final da reunião. Eu me senti tocada por Deus ali, naquele momento, e de novo eu não podia perder essa oportunidade e, mais uma vez, fui. Não vou citar nomes para não correr o risco de deixar alguém de fora, mas hoje tenho um carinho muito especial, uma grande admiração e respeito por todos da Associação. Peço todos os dias para que Deus dê forças para que vocês possam continuar conseguindo atingir todos os seus ideais, e tenho a certeza de que, se não fosse por essa força e garra que vocês passam para todos os Associados, hoje eu não estaria no 2º semestre da Faculdade, no curso de Gestão Financeira... e. mais ainda: é com muito orgulho que digo que fiz parte da primeira turma que fez a Primeira Eucaristia e a Crisma, no dia 9 de julho. É por isso e por muito mais que sou infinitamente agradecida por saber que tenho verdadeiros amigos. Com vocês, aprendi que sou a única pessoa responsável pela minha felicidade e, portanto, decidi ser feliz!”.

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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