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EDITORIAL

Fascinados por Cristo

Podemos dizer que a 26ª edição do Meeting de Rímini foi um sucesso: aumento do número de participantes acima das expectativas, relações de primeiro nível, debates de grande atualidade cultural e social, e uma atenção significativa dos meios de comunicação. E, sobretudo, muitos encontros, com o estabelecimento de novas relações e amizades que se consolidaram. Havia gente de todo tipo: ministros afegãos e iraquianos, jornalistas e bispos, homens de esquerda amantes da liberdade, estudiosos do Islã, ministros do governo e membros da oposição italiana, poetas e banqueiros. Um sucesso! Mas, o que de fato aconteceu lá, entre os pavilhões de uma feira realizada nessa colorida cidade plantada à beira-mar?

O título do Meeting, que é uma provocação a partir do tema da liberdade, indicava que o significado de palavras importantes da experiência humana precisa ser recuperado. E a natureza do Meeting propõe um método para essa redescoberta: um grupo que caminha junto para a meta e a comparação com tudo o que interessa à vida. Nos dias seguintes, falando a 800 responsáveis de Comunhão e Libertação, vindos de mais de 70 países, padre Carrón disse: “Jesus Cristo fundou a Igreja, não uma universidade”. O Meeting e a vida que nele se manifesta – de muitas maneiras e por meio de muitos talentos – não são o resultado de uma pesquisa acadêmica. Não se tratava de uma reunião de intelectuais. Na origem de tudo está a experiência de um homem – padre Giussani –, que se empenhou em descobrir o sentido da própria vida, e por isso quis pôr em prática a extraordinária proposta que encontrou em Cristo. Um homem a quem se aplicam as palavras de Bento XVI em Colônia (Alemanha): “Permitam que Cristo os fascine!”. Sua “febre de vida” suscitou um povo que empenhou a própria liberdade na amizade com ele, e que agora se faz portador – imerecida, mas alegremente – da sua herança.

O Meeting expressou uma “estranha” confiança no homem. Hoje sobram razões para se dizer: a vida é, no fundo, um caos inútil, não há nada seguro, confiável. E, assim, palavras como liberdade, justiça, beleza, verdade, parecem condenadas a indicar uma coisa vaga e fora do alcance. Toda a existência se parece – como acusava um personagem de Shakespeare – com “uma fábula contada por um tolo..., que não significa nada”. Mas a experiência pessoal vivida junto com um povo torna possível compreender a amplitude e a grandeza da vida humana, bem como ver a realidade segundo a vastidão dramática do seu desenvolvimento e a profundidade do seu mistério.

O cristianismo apresenta-se como realização da aventura da vida. A fé não se destina a aquietar nossos anseios, nem significa a escolha de um Deus qualquer, a quem possamos elevar nossas preces ou dirigir nossa revolta. Trata-se, na verdade, de despertar o coração cada manhã e abri-lo para a realidade. Na reunião de La Thuile aos responsáveis do Movimento foi dito que parece impossível encarar com familiaridade o segredo de cada coisa e manter o coração desperto e disponível para a vida. Mas é a experiência de muitas pessoas que vivem a experiência cristã, em todos os lugares do mundo e nas mais variadas circunstâncias. O “sucesso” do Meeting não está nos seus resultados, ainda que extraordinários, tendo em vista uma realidade dominada por contraposições, vôos rasantes e discussões filosóficas vazias. Mas no fato de ele ser o ponto visível de uma realidade que se faz povo e história, verdadeiramente útil à companhia humana.

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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