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EDITORIAL

Uma proposta para enfrentar a realidade

Diante da crise ética e política que contagia os vários níveis do estado e do país o elemento menos levado em consideração é o tema da educação. Qual é a proposta educativa que é feita às nossas crianças, aos jovens e adolescentes? Qual é o modelo de vida que é proposto? Muitas vezes parece que, na melhor das hipóteses, todos os esforços educativos se concentrem na preparação para o mercado do trabalho e para um genérico exercício da cidadania. Normalmente questões mais globais e profundas como a atenção ao sentido último da vida, a educação ao respeito da dignidade da nossa pessoa e dos outros, ou o valor da solidariedade são colocadas em segundo plano ou totalmente de lado.
Parece que, diante da grave falta de infra-estrutura educativa, a preocupação concentra-se na simples instrução e na preparação para o exercício de algumas funções no mundo do trabalho e na sociedade ignorando o valor do sujeito que exerce estas funções. Se não se propõe uma Educação adequada, é inevitável que – especialmente nos momentos de maior dificuldade ou de conflitos sociais – aumente o risco de uma degradação. E diante disso, o grande educador italiano, Dom Luigi Giussani, afirmou: “Se houvesse uma educação do povo, todos estariam melhor”.
Os conflitos são evidentes e progressivos, e só podem ser adequadamente enfrentados se a vida dos homens for constantemente educada para uma concepção positiva da existência. Tal concepção não pode se basear num voluntarismo otimista. Ou se apóia num evento historicamente confiável como fonte de esperança contínua, ou não se sustenta.
O evento histórico que tem a característica de despertar novamente a esperança dos homens é Jesus Cristo, cujo Natal se aproxima. Demonstram-no as histórias privadas de uma multidão de homens e mulheres ao longo dos séculos, e a existência de uma civilização que, irrigada pela fé cristã, continuou a promover o desenvolvimento, o bem-estar e a dignidade da vida humana. É justamente o conjunto dessa história, que chamamos de “tradição”, que precisamos propor como hipótese de trabalho para os que querem enfrentar a realidade. Hoje, tudo isso vem sendo alvo de muitos ataques e de polêmicas internas.
Por isso é ainda mais urgente impostar a educação como problema comum, que não interessa apenas aos jovens nas escolas, mas a toda a nossa sociedade. Enquanto muitos que detêm postos de responsabilidade parecem distraídos com a missão de garantir para si e para os seus um pequeno futuro, há uma multidão de mães e pais, de homens de cultura, de trabalhadores, que desfraldam uma outra bandeira. Mas não é uma bandeira partidária. Todos podem decidir aderir a ela.
Educação não é uma palavra ou um tema abstrato. Não é só um assunto para debate. Ela indica um processo concreto, existencial: tem a ver com a liberdade de quem propõe e com a liberdade de quem é desafiado a dar uma resposta. Por isso, só está se falando realmente de educação quando se propõe um caminho educacional. Quando se assume o risco de apresentar uma proposta. Como fez Dom Giussani.

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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