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EDITORIAL

Uma realidade viva

Terminadas as eleições presidenciais, somos todos solicitados a nos perguntar: qual é o principal desafio deste momento histórico? Observamos neste período o risco de entrar numa guerra de facções como vimos tristemente nos últimos debates televisivos entre os candidatos e também no Facebook ou nas discussões familiares e entre amigos. Outro risco foi o de ficar de fora simplesmente assistindo. Parece que diante de um tema como a política, a razão não tem voz e o que domina é a emoção.
Mas o homem de bom senso, o homem que deseja o bem e quer construir uma sociedade mais justa não pode arrancar-se da realidade. E a primeira mudança de uma sociedade é que possam existir pessoas e espaços de liberdade onde seja possível entrar nesse diálogo e não ficar cristalizados em posições ideológicas. Por isso nos interessamos pela política, seja no período eleitoral, seja no dia a dia.

Outro fato marcante deste período é que afloram sensações estranhas, em certas zonas do mundo católico. Isso ficou visível, por exemplo, por ocasião do Sínodo sobre a família, realizado em outubro no Vaticano. Não tanto pelo que aconteceu nas reuniões, nos debates entre os padres sinodais sobre os “novos desafios” que acompanham a vida familiar (debate muito mais rico do que tantas interpretações feitas), mas em muitos comentários que circularam na imprensa, blog e sites vários. São comentários que vão além do esquema “conservadores-progressistas”. E de modo mais ou menos explícito marcam uma confusão, um encontrar-se desnorteados. Isso tem acontecido frequentemente quando se tocam questões ligadas à ética e aos chamados “novos direitos”. Como se, pelo próprio fato de discutir abertamente certos temas, a Igreja corresse o risco de perder o rumo. Como se acompanhar a humanidade ferida e dispersa de hoje fosse sinônimo de perder-se, por sua vez, no caos.

É verdade que a realidade nos coloca diante de desafios impensáveis até pouco tempo atrás: e “impensáveis “ quer dizer justamente “não imagináveis”, não previstos antes, que não se encaixam imediatamente nas categorias que já temos na cabeça. E é ainda mais verdade que “um mundo em tão rápida transformação pede aos cristãos que estejam disponíveis a procurar formas ou modos para comunicar a novidade perene do Cristianismo”, como nos lembrou o Papa na mensagem ao Meeting di Rímini.
Contudo, não estamos isentos da fadiga e do trabalho de um desenvolvimento, de um crescimento. Cada um de nós, pessoalmente. Mas nem a Igreja como tal, justamente porque a Igreja é uma realidade viva. E fazer este trabalho, buscar formas novas para comunicar aquilo que é eterno, não é uma perde de rumo, um salto no escuro. É uma riqueza enorme, uma possibilidade de descobrir mais a si mesmo e a realidade. Será sempre um caminho para todos, de qualquer idade e em qualquer parte do mundo. Requer apenas uma condição, muito simples. O Papa a recordava na mesma mensagem, em outras linhas que deveríamos aprender de cor: “O cristão não tem medo de se descentralizar (...) porque tem o seu centro em Jesus Cristo”. Para nós, qual é o centro?

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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