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EDITORIAL

Viver do essencial

Recentemente o livro A beleza desarmada, de Julián Carrón, foi apresentado nos Estados Unidos e Canadá. Foram sete eventos em oito dias, com cinquenta mil quilômetros percorridos e o diálogo entre o autor (responsável de CL) e muitos mundos diferentes. Algo que vale a pena olhar, e que vai além da beleza surpreendente de certas palavras que mencionamos nas próximas páginas.
O primeiro dado é que voltar à beleza desarmada da fé, à proposta de um cristianismo que não tem nenhuma arma para conquistar a liberdade do outro a não ser a força intrínseca da própria atração, a potência com a qual corresponde ao coração e aos desejos de cada homem. Algo que pode interessar realmente a todos: filósofos ateus e intelectuais muçulmanos, sociólogos judeus e cineastas batistas... E pessoas comuns de todas as classes.
Isso já foi visto em muitos outros contextos, pois o livro foi apresentado no território italiano, em universidades europeias e em diversas cidades do Brasil, a mais recente Belo Horizonte, com a participação de padre Pigi Bernareggi. No entanto, impressiona a repercussão nos Estados Unidos, por ser um país que por história e natureza oferece uma variedade humana de todos os tipos.

Algo que acontece e, acontecendo, muda o homem e seu modo de viver, ou um ideal ético a ser recuperado formando-se, estudando, defendendo o que resta dele. É uma encruzilhada diante da qual somos continuamente colocados, em cada momento. Podemos olhar surpresos para a beleza de Cristo que acontece como e quando quer (na vida de uma família de Camarões, assim como nos presídios da APAC, ou nas outras histórias publicadas neste número de Passos), deixando-nos atrair e converter por Ele, ou podemos pensar que, no fundo, já sabemos do que se trata e só devemos explicar melhor e esperar que os outros entendam.

Outro fato marcante deste tempo foi a Coleta de Alimentos. O que permite que 6 mil voluntários passem o dia pedindo doações? O que é tão potente em si mesmo que é um gesto capaz de envolver todos e em todos os lugares, do Norte ao Sul, com famílias, estudantes, aposentados... um povo, em suma? Uma generosidade, certamente. Foi o que vimos em abundância na 12ª edição do Dia Nacional da Coleta de Alimentos no Brasil, que arrecadou 174 toneladas em 56 cidades do país. Mas isso não basta. É algo para olhar com um certo maravilhamento, porque quando é tão imponente e difundido não pode ser reduzido a um fato sentimental.
Por isso, nos diversos relatos que nos chegaram, um pouco da origem deste “sim” gratuito de tantas pessoas. Porque além do aspecto – embora muito importante – do “fazer o bem”, um evento como a Coleta é uma enorme oportunidade para uma tomada de consciência. Como afirmou o Santo Padre na Jornada Mundial dos Pobres, dia 19 de novembro, acolher é colocar-se diante de "mestres que nos ajudam a viver nossa fé", porque "eles nos mostram de forma sóbria, e muitas vezes alegre, como é decisivo viver do essencial". Nós precisamos fazer isso para sermos nós mesmos.

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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