Diversas entidades se reuniram na capital mineira para trocar experiências e discutir o papel das empresas e do setor público na responsabilidade social. Diversos exemplos emergiram. Um início de transformação, contribuindo para o benefício de todos
No dia 9 de junho, a Fundação AVSI promoveu o Seminário “A empresa como fator de desenvolvimento do território: amadurecimento e desafios das relações público-privadas”. O encontro aconteceu no Auditório do BDMG (Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais), em Belo Horizonte, e teve a participação de mais de 300 pessoas. O objetivo era debater o tema da responsabilidade social, tendo como base a experiência dos projetos desenvolvidos pela AVSI no Estado.
O seminário teve início com a apresentação do coral de vozes e percussão formado por 33 integrantes do programa “Árvore da Vida”, com idade entre 12 e 16 anos. Eles apresentaram três canções: Cio da Terra, de Milton Nascimento; Vira Virou, de Kleiton e Kledir e O Fortuna, de Carmina Burana. Este programa é desenvolvido pela parceria entre a Fundação AVSI, Cooperação para o Desenvolvimento e Morada Humana (CDM) e a Fiat Automóveis, no bairro Jardim Teresópolis e nas Vilas Bemge e Recreio, na cidade de Betim.
O programa nasceu em 2004 para promover oportunidades de desenvolvimento social e econômico na região. Nessa época, a comunidade conhecida como Jardim Teresópolis, apresentava os piores índices de risco social do município, como criminalidade e prostituição infantil, além de intensa densidade demográfica, desemprego e pobreza. Este bairro está localizado exatamente em frente à fábrica da Fiat, e os seus diretores decidiram investir no desenvolvimento da região. Assim, a Fundação AVSI foi escolhida para desenvolver o projeto e estabeleceu atividades para quatro linhas de ação, consideradas pilares para o desenvolvimento da comunidade. São elas: fortalecimento das instituições locais; educação, cultura e esporte; geração de trabalho e renda; apoio sócio-familiar.
O vídeo institucional do Programa relata o testemunho de moradores da região que participam das oficinas de danças, música, da cooperativa de costureiras e do curso profissionalizante de mecânica, entre outros. Destaca-se a alegria com que as pessoas contam suas histórias e como o trabalho deu dignidade a casa um. Dos 33 mil habitantes da região, quase 4 mil já foram diretamente beneficiadas desde a implantação do Programa.
EDUCAÇÃO E TRABALHO. A segunda parte do Seminário foi dedicada à apresentação dos resultados do Projeto Primeiro Emprego, realizado pela Fundação AVSI em parceria com o Governo da Itália e sete instituições que fazem qualificação profissional e inserção de jovens no mundo do trabalho. Após a exibição do vídeo “A honra de trabalhar”, com textos de Charles Péguy, editado pela Companhia das Obras, na Itália, a coordenadora de cursos da AVSI, Neófita Oliveira, explicou como é desenvolvido o projeto que se encerrou após um período de três anos, tendo oferecido 108 cursos de qualificação profissional para um total de 2495 jovens entre 16 e 24 anos, dos quais 51% estão formalmente inseridos no mercado de trabalho. Para o alcance desse resultado é “fundamental investir na formação humana dos jovens e acompanhá-los no percurso de ingresso no mundo do trabalho”, afirmou Neófita.
Também foi destacada a importância dos educadores no processo formativo dos jovens e foi feito o lançamento do livro O trabalho é expressão da pessoa, que reúne as palestras do percurso de formação realizado sob a forma de Seminários, com foco na educação de jovens para o mundo do trabalho. O livro está sendo distribuído gratuitamente e quer ser uma ferramenta de ajuda aos profissionais que trabalham na formação de jovens.
| RELAÇÕES PÚBLICO-PRIVADAS O desenvolvimento do Seminário e seus participantes Pela redação O Seminário foi constituído por três mesas-redondas. A abertura foi realizada por Gianfranco Commodaro, Diretor da Fundação AVSI em Minas Gerais, que apontou o primeiro tema a ser abordado: “A Empresa como Fator de Desenvolvimento do Território”. Em uma breve apresentação, citou dom Giussani ao afirmar que “as forças que movem o mundo são as mesmas forças que movem o coração do homem”. Na primeira mesa-redonda, Marco Antônio Lage, Diretor de Comunicação Corporativa da Fiat, apresentou case do programa “Árvore da Vida”, projeto de responsabilidade social da Fiat. Em seguida, Cledorvino Belini, Presidente da Fiat Automóveis do Brasil, palestrou sobre a contribuição da empresa no processo de desenvolvimento. Por último, Alberto Piatti, Secretário Geral da AVSI e Vice-Presidente da Companhia das Obras na Itália baseou seu discurso em O Desenvolvimento tem um rosto. Empresa, Pessoa e Responsabilidade Social. Piatti iniciou sua fala com a frase de Vinícius de Moraes: “A vida é a arte do encontro, embora haja tantos desencontros pela vida”. Enfatizou que as mudanças que se notam na população beneficiada pelo programa Árvore da Vida, são fruto do encontro entre a Fundação AVSI, o Embaixador Italiano e a Fiat Automóveis. “Uma semente foi cultivada e isso gerou uma árvore.”. O Seminário também teve a participação de Agostinho Patrús Filho, Secretário de Desenvolvimento Social de Minas Gerais e de Michele Valensise, Embaixador da Itália no Brasil. Patrús falou sobre as relações público-privadas em relação ao desenvolvimento do território e o Embaixador abordou Desenvolvimento e Cooperação Internacional. Nesta ocasião foi realizada uma homenagem ao Embaixador, que em breve se transferirá de país, agradecendo o grande apoio às obras sociais desenvolvidas pela AVSI no Brasil. Ainda no período da manhã foi realizada a mesa-redonda O papel da empresa, do Governo e do Terceiro Setor para O Desenvolvimento do Território, sob a coordenação de Flavio Alcoforado, Diretor Executivo do IGS. Participaram desse debate, Professor Mario Molteni, Representante do Governo da Região Lombardia para partnership público-privada e Diretor da Alta Escola Empresa e Sociedade/ALTIS; Patrícia de Sousa Vianna, Gerente de Gestão de Pessoas e Responsabilidade Sócio-ambiental do Banco do Brasil/MG; Giacomo Regaldo, Presidente da Câmara de Comércio Ítalo-brasileira e Presidente da Teksid e Carmen Migueles, Doutora em Sociologia das Organizações, Mestre em Antropologia pela Universidade de Sophia (Tóquio, Japão), Consultora de empresas e professora da Fundação Dom Cabral. Cada convidado deu exemplos de como as ações sociais são duradouras se partem de uma responsabilidade social e não do assistencialismo. Já, no período da tarde discutiu-se sobre Amadurecimento e Desafios das Relações Público-privadas. A mesa teve coordenação de Fernando Antônio Sette Pinheiro, Subsecretário de Trabalho, Emprego e Renda da Secretaria de Desenvolvimento Social de Minas Gerais – SEDESE. Para discursar sobre esse tema palestraram Tomáz de Aquino Resende, Procurador de Justiça e Coordenador do Centro de Apoio ao Terceiro Setor do Ministério Público do Estado de Minas Gerais e Maria do Céu Costa, Auditora da Receita Federal e Especialista em Gestão Social pela Fundação João Pinheiro. Tomáz de Aquino falou sobre Relações intersetoriais: avanços e ganhos e Maria do Céu sobre Fundos de Incentivos e Parcerias com as Empresas. Marisa Seoane, Gerente do Núcleo de Responsabilidade Social da FIEMG e Diretora-Presidente do CEMAIS, também participou do Seminário. Marcus Pestana, Secretário de Saúde do Estado de Minas Gerais fez o discurso de encerramento do encontro. Ainda durante o seminário foi assinado um Convênio de Cooperação Técnica entre a Fundação AVSI, CDM, Fiat e SEDESE. Essa iniciativa visa fortalecer e ampliar as ações que são promovidas no programa “Árvore da Vida”, possibilitando que, por meio desse acordo, o projeto possa se espalhar para outras cidades mineiras. com a colaboração de Marcelo Prado |
| O PROGRAMA ÁRVORE DA VIDA Elementos de método da Fundação AVSI e CDM na execução do Programa - CENTRALIDADE DA PESSOA A pessoa é o centro de cada ação. Sua dignidade e seu desenvolvimento humano são a finalidade última de cada intervenção. - PARTIR DO POSITIVO Cada pessoa, cada comunidade, mesmo a mais carente, representa uma riqueza e apresenta um patrimônio, a partir do qual é estruturado o processo de desenvolvimento. - FAZER COM Partir do relacionamento com os cidadãos beneficiados para construir junto ações que respondam às suas necessidades. - DESENVOLVIMENTO DAS ASSOCIAÇÕES INTERMEDIÁRIAS E SUBSIDIARIEDADE Favorecer a capacidade associativa e estimular a constituição de livres associações (corpos intermediários). Subsidiariedade é o reconhecimento e credenciamento, por parte do Estado, da livre agregação de pessoas. - PARCERIA A partir de um sujeito existente, a parceria implica na capacidade de identificar e envolver um número crescente de atores, administração locais, grupos sociais, parceiros internacionais e setor privado. |