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Passos N.141, Setembro 2012

A HISTÓRIA

Aprendendo com Paulo

Sessenta e duas crianças estão sentadas, atentas no retiro da Primeira Comunhão, quase todas com seus pais. Depois de rezar juntos (já é um evento o fato de pais e filhos rezarem juntos) e após as brincadeiras da caça ao tesouro, padre Mario os leva até a igreja para a missa do meio-dia.
Uma criança levanta a mão. “Pode falar”, ele disse. Ela lhe pergunta sobre a doença. De fato, o pai de uma das crianças estava muito doente. Elas o questionam durante uns vinte minutos: o que é a dor, o que é o paraíso, o que se faz no paraíso, existem professores no paraíso? Perguntas que só as crianças sabem fazer.
Almoçam juntos. Padre Mario aproveita uma das raras ocasiões em que pode falar com tantos pais. Depois da grande partida final de futebol, voltam para casa. Cansados mas felizes, tanto os sacerdotes, quanto os pais.

O dia seguinte, uma segunda-feira, os três sacerdotes que moram juntos têm uma jornada de trabalho e de repouso em comum. É um momento central na semana. Logo cedo, porém, ficam sabendo de um fato absolutamente imprevisto: morreu, durante a noite, o pai doente daquela criança.
Depois de um momento de incerteza sobre o que fazer, decidem: “Vamos lá! Vamos à casa dessa família para ficar um pouco com eles”. O pai morrera em casa e, naturalmente, é uma grande dor. Rezam juntos. E padre Mario percebe uma coisa: “Eu me dou conta de que os filhos não estavam presentes: nem Paulo, do quarto ano do ensino fundamental, que havia participado do retiro, e nem o menor, do segundo ano”.
Pergunta para a mãe onde estavam as crianças. “Eu os mandei para a casa da minha irmã; eles não sabem de nada; não sei se digo logo a verdade ou não”. Ele lhe responde: “Eles viram que o pai estava doente. Vendo como vocês viveram a doença até este momento, acho que seria oportuno dizer-lhes a verdade”. E ela: “Bem, vamos dizer juntos, então”. Rezam o terço.

Naquela tarde, padre Mario junto com os outros colegas padres e as catequistas de Paulo se encontram com as duas crianças. Acontece uma cena incrível: Paulo explica ao irmãozinho o que é o paraíso. “Repete para o irmão aquilo que eu havia dito no dia anterior, no retiro: papai estava agora no paraíso, com Jesus, estava bem, estava no céu e no nosso coração”, conta padre Mario. “Toda a minha preocupação sobre como abordar com aquelas crianças o tema da morte do pai diminuiu, graças aos diversos modos como Deus se serve de nós, mesmo nos momentos mais inesperados. Eu jamais imaginei que as minhas respostas seriam usadas por Paulo porque seu pai morreria no dia seguinte”.
Somos servos do Senhor e a presença de Cristo passa através de nós. “O que acontece é o modo como o Senhor nos obriga a permanecer dentro das circunstâncias e a aprender continuamente com elas”.