IMPRIME [-] FECHAR [x]

Passos N.151, Agosto 2013

EDITORIAL

O abraço de Copacabana

Uma multidão assistiu, com um silêncio e uma atenção impressionantes, às encenações da Paixão de Cristo na Via Sacra da Orla de Copacabana. Ali foi possível sentir os olhos de Jesus sobre si. Este foi um fato que aconteceu para milhares e milhares de jovens que participaram da Jornada Mundial da Juventude. Um fato dentre muitos que marcaram profundamente a vida dos que estiveram ali e também a daqueles que acompanharam à distância a visita do Papa Francisco ao Brasil.
Naquela sexta-feira, depois deste gesto o Papa falou. E ele fala do homem, faz com que conheçamos a nós mesmos nos revelando aquilo que somos: o belo que faz sorrir a Deus e o feio que o faz vibrar de compaixão, até as vísceras. É possível nos olharmos.

Ele nos faz conhecer o homem e conhecer Jesus. Alguém que não faz nada além de lhe esperar para estar com você. Para refazer aquilo que estava destruído, preencher o que estava vazio, alguém que “não lhe rouba nada” e transforma tudo. “Transformou a Cruz de instrumento de ódio, de derrota, de morte, em sinal de amor, esperança, vitória, triunfo e vida”. Naquela sexta-feira entendemos melhor o que é a cruz. O momento mais intenso e humano de uma história de amor e amizade.

No dia seguinte ainda se escutava o eco daquelas perguntas vibrantes de Francisco, que de repente, levantando o volume de sua voz, quase gritando, nos disse: “Como querem ser? Como Pilatos? Ou como Simão, o cirineu? Como Pilatos ou como Maria? Vocês estão entre aqueles que lavam as mãos e olham para o outro lado ou não têm medo de seguir Jesus até o fim como cirineu, Maria e as outras mulheres?” Cada um que estava ali se sentiu olhado, era evidente. E provavelmente desde aquele dia busca responder a estas perguntas que não nos deixarão tranquilos por bastante tempo ou para sempre. Mas acordando hoje, se vive um pouco como os apóstolos, que perturbados por tanta novidade e beleza, depois de alguns instantes de inconsciência, começavam a procurá-Lo para ver onde os levaria, o que os faria conhecer: da humanidade deles e da de Jesus.