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Passos N.180, Maio 2016

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Em Foco

Um outro olhar diante da crise da política

Moralidade é tratar as pessoas e as coisas respeitando-as até o fundo [...] por aquilo que realmente são. [...] Se este profundo respeito não ocorre, a vida do homem não pode permanecer de pé: o povo inteiro sofre, também pelo erro de um só. Quando isso acontece, o povo é investido por um vento de confusão, segundo a imagem bíblica da Torre de Babel, em que ninguém entende realmente o outro nem pode agir junto. Exatamente isso é a origem do mal-estar social.

Consequentemente, um Estado que não seja respeitoso com as pessoas, nem por um instante pode ajudar verdadeiramente os cidadãos. [...] Se os mesmos instrumentos com os quais o Estado opera a tentativa de justiça agem, também eles, sem respeito pelas pessoas e pelas circunstâncias reais, como vimos acontecer nestes anos, o efeito é a destruição da consciência de povo, junto de uma postura tão mesquinha quanto propensa a esquecer dos erros feitos por aqueles que agora acusam em outros.

Portanto, a moralidade é como um vértice inalcançável pelo homem, pelo perigo sempre à espreita de reduzi-la a moralismo, ou seja, escolha unilateral de valores com o objetivo de sustentar os próprios interesses (político ou de poder), ou com o objetivo de tranquilizar e proteger o próprio viver. Por isso a vontade de corrigir os erros cometidos pelos outros não pode se basear na pretensão de colocar as coisas em ordem, mas antes de tudo na consciência das próprias culpas. [...]

Quem busca verdadeiramente uma moralidade e uma justiça é obrigado a olhar em sua volta e buscar algo de Outro, porque sozinho não é capaz de realizar aquilo que, nos momentos melhores, gostaria de fazer. Mas se o homem olha em sua volta quem encontra? Deus!

(cf. Luigi Giussani, in A. Savorana, Vita di don Giussani, p. 892-893)