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Passos N.194, Agosto 2017

RIO DE JANEIRO

Uma resposta para todos

por Elizabeth Sucupira

A cidade maravilhosa sofre com a violência. A cada dia pessoas perdem a vida de formas imprevistas e dramáticas. Uma realidade que questiona a todos

Maria Eduarda, João Hélio, Vanessa e o pequeno Arthur. Crianças. Cada uma carrega uma história. Um nome após o outro. São vítimas da violência no Rio de Janeiro. Uma situação de tragédia que a cidade e o estado vivem e que chega a causar revolta em toda a população. Por que vivemos assim? Estamos todos sofrendo com essa realidade. Por isso, não nos interessa uma solução pela metade ou somente durante um período curto de tempo. Queremos uma resposta que seja para todos. O desejo que carregamos pelo fim da barbárie não se contenta com medidas de pacificação pontuais.

No Rio de Janeiro, resolver a questão da violência sempre foi um desafio. Corremos contra o tempo: uma prioridade era chegar a uma solução para a “cidade partida”. O projeto de implantação das Unidades de Polícia Pacificadora trazia uma possibilidade de resposta para o problema. As comunidades passaram a receber o modelo baseado na “Polícia de Proximidade” no fim de 2008. Um dos principais objetivos era a retomada permanente daquela localidade. O discurso dos governantes era de que as comunidades precisavam sair do domínio do tráfico e serem devolvidas para a população.

Mas a população precisa de um cuidado contínuo. A última UPP foi instalada em 2014 e hoje são 38 unidades instaladas. O projeto dispõe de um efetivo de 9.543 policiais. Hoje, os responsáveis pela continuidade desse programa acreditam que cerca de 1,5 milhão de pessoas são beneficiadas. Mas o que a gente acompanha nesses últimos dias é um desrespeito à vida humana. No Rio de Janeiro, a morte acontece, deixa o mundo inteiro triste, comove, mas não faz a situação mudar. O que mais precisaria acontecer para tirar todos desta inércia?

De fato, temos uma certeza: a solução precisa ser razoável. Cada pessoa precisa ser atendida. Ninguém pode ser deixado de lado. O Rio de Janeiro quer voltar a sorrir. O maior desejo não é viver somente numa cidade cartão-postal. É a felicidade plena. Estar diante da beleza de uma cidade e não poder contemplar nem por um minuto essa geografia divina seria viver uma vida frustrada. Ter um céu tão azul, as montanhas e o Pão de Açúcar e não parar para admirar seria um fracasso.

Mas existe algo que vence a morte. É também aquilo que pode vencer o medo da violência. Sabemos que a violência não é a palavra final porque Cristo existe. E se faz presente em nosso meio em tantos milagres cotidianos que podemos presenciar e viver. E mesmo com tantas dificuldades o nosso olhar tem sempre um ponto bem alto para admirar na montanha do Redentor.