IMPRIME [-] FECHAR [x]

Passos N.92, Abril 2008

DESTAQUE / ELEIÇÕES 2008

O que temos de mais caro

Panfleto distribuído por CL, na Itália, sobre as próximas eleições locais

“A tarefa imediata de agir no âmbito político, para construir uma ordem justa na sociedade, não pertence, portanto, à Igreja como tal, mas aos fiéis leigos, que agem como cidadãos sob a sua própria responsabilidade: trata-se de uma tarefa da maior importância, à qual os cristãos leigos italianos são chamados a dedicar-se com generosidade e coragem, iluminados pela fé e pelo magistério da Igreja e animados pela caridade de Cristo”
Bento XVI

O QUE TEMOS DE MAIS CARO

1) A cada vez que somos chamados às urnas, somos provocados, como cristãos, a dar as razões de nossa fé. É isso, de fato, que está em jogo nesse mundo no qual damos nossa contribuição para a construção da sociedade.
Como nos ensinou Dom Giussani, aquilo que cada um ama vem à tona frente às urgências da vida: “Se o primeiro ponto é verdadeiramente a fé, se esperamos tudo verdadeiramente do fato de Cristo, ou se do fato de Cristo esperamos só aquilo que decidimos esperar, tornando-o, em última análise, apenas incentivo e sustento a nossos próprios projetos e programas”, emerge frente à prova, ao juízo e à decisão.
Por isso as eleições representam para nós uma ocasião educativa única para verificar onde, verdadeiramente, está o nosso afeto e para desmascarar a possível ambiguidade que está na raiz de cada uma de nossas ações.

2) Não pedimos a salvação à política, não é aí que buscamos a esperança, para nós e para os outros. A tradição da Igreja sempre indicou dois critérios ideais para julgar qualquer autoridade civil e qualquer proposta política:
a) A libertas Ecclesiae. Um poder que respeita a liberdade de um fenômeno tão sui generis como a Igreja é também tolerante com qualquer outra autêntica agregação humana. O reconhecimento do papel público da fé e da contribuição que esta pode dar no caminho dos homens é, portanto, garantia de liberdade para todos, não só para os cristãos.
b) O “bem comum”. Um poder que se concebe como serviço ao povo tem, no coração, a defesa daquelas experiências nas quais o desejo do homem e a sua responsabilidade podem crescer em função do bem comum – inclusive através da construção de obras sociais e econômicas, segundo o princípio da subsidiariedade, sabendo que nenhum programa poderá garantir a realização disso em termos definitivos, por causa do limite intrínseco de toda tentativa humana.

3) Por essa razão, damos nossa preferência a quem promove uma política e modo de ser do Estado que favorece essa “liberdade” e esse “bem”, e que podem, por isso, sustentar a esperança do futuro, defendendo a vida, a família, a liberdade de educar e de realizar obras que encarnam o desejo do homem. Fazemos isso num momento histórico que exige não desperdiçar o voto, para não acrescentar mais confusão àquilo que já está confuso.
Em particular, convidamos a olhar para alguns amigos que, a partir do empenho pessoal com a experiência cristã que temos em comum, nestes anos, já demonstraram lutar por uma política a serviço do bem comum, da subsidiariedade e da libertas Ecclesiae. Esperamos que eles possam continuar a documentar a novidade que entrou em suas vidas, como nas nossas, a fim de que sua ação possa tornar, cada vez mais explícito, o fruto dessa educação que recebemos: uma paixão pela liberdade e pelo bem vivida como caridade.