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Passos N.91, Março 2008

DESTAQUE / EU E DOM GIUSSANI

Sako e o olhar para as montanhas

por Maddalena Vinci

“O relacionamento com ele? No tempo se faz mais próximo porque continuo a segui-lo por meio das suas testemunhas”.

Chama-se Tomoko Sadahiro, mas todos a conhecem como Sako. Mora em Hiroshima onde é governanta do Bispo local. E, quando a ouvimos falar de seu encontro com Dom Giussani, imediatamente pensamos: será possível? Também com ela, a mesma coisa? As mesmas palavras? Porque é isso que toca: a identidade das palavras e da experiência feita pelos italianos que cresceram ao lado de Dom Giussani e por uma japonesa nascida e educada no outro lado do mundo.
Sako recebeu uma educação que é distante anos-luz da cultura católica, mas aceitou freqüentar a Igreja e decidiu batizar-se porque encontrou alguém que tratava as pessoas de um modo fascinante e nunca visto antes. Ela foi à Itália para participar das férias internacionais do Movimento, ouviu Dom Giussani falar e não entendia muita coisa – uma amiga fez a tradução rapidamente –, mas, hoje, conta: “Ele falava da escuridão, da noite e da alvorada. Enquanto o ouvia, eu olhava para as montanhas. Ele dizia que a vida não pode ser definida pelas circunstâncias. Era verdade! Que esperança...”. Ela não pôde nem mesmo se comunicar com Dom Giussani, pois falava outra língua, mas viu a fidelidade de sua afeição por meio das pessoas que ele enviou ao Japão para ajudá-la e acompanhá-la.
Anos depois Sako viajou novamente para a Itália e já aprendera o italiano. Foi encontrar Dom Giussani para pedir permissão para fazer a profissão dos Memores Domini. Foi em 1999 e ele se levantou para lhe dizer sim: “Uma amiga contou-me, depois, que ficar em pé era muito difícil para ele, porque já estava muito doente”, explica Sako.
Hoje está mudada: “Antes, não me importava com a vida dos outros, agora, pelo contrário, me importo. Tudo e todos têm a ver comigo. Porque são para mim. Em 1997 Dom Giussani pediu a Márcia Akemi Kaida – paulista e filha de japoneses – que fosse ao Japão construir uma casa dos Memores Domini junto com Sako. Márcia viveu em Hiroshima por 11 anos e atualmente as duas continuam trabalhando juntas na tradução da revista Passos para o japonês e recentemente concluíram a tradução de O senso religioso, comunicando-se pela Internet. E se em Hiroshima Sako tem dificuldades no trabalho, liga para suas amigas da Itália ou do Brasil que lhe dizem como Giussani viveu uma situação semelhante: “É assim que a amizade com ele torna-se, no tempo, mais próxima. Continuo a seguir suas palavras por meio das suas testemunhas. Faço isso simplesmente para ser mais feliz”.
Esta é a história de Sako. As mesmas palavras e a mesma experiência de muitos amigos do Movimento no mundo.

Lançamento de O senso religioso no Japão

O livro O senso religioso foi publicado na língua japonesa. O meticuloso trabalho de tradução foi iniciado anos atrás para que a pequena comunidade de Hiroshima pudesse fazer Escola de Comunidade sobre o tema. A edição será apresentada oficialmente em abril, na cidade de Tókio. Para o evento foram convidados Shodo Habakawa, docente da Universidade Monte Koya e prior do templo budista Muryokoin; Etsuro Sotoo, arquiteto e escultor da Sagrada Família de Barcelona; e Dom Giuseppe Pittau, Arcebispo de Castro de Sardegna, que já foi reitor da Universidade Sophia, de Tókio, e da Universidade Lateranense, de Roma, além de secretário da Pontifícia Congregação para a Educação católica.