Em 1987, em Assago, Dom Giussani afirmava: “Um partido que sufoca, que não favorece ou que não defende uma rica criatividade social, contribui para criar ou manter um Estado prepotente sobre a sociedade. Tal Estado reduz-se a ser funcional apenas para os programas de quem está no poder”. Isso vale ainda hoje. Então, como fazer?
Não há outro caminho a não ser aquela longa, cotidiana e pessoal educação ao senso religioso que pode fundar um sujeito capaz de agir sem reduzir o seu desejo. “Se houvesse uma educação do povo”, como disse Dom Giussani logo após a tragédia de Nassirya. É por isso que a primeira emergência é a educação.
Padre Julián Carrón falou desta possibilidade na última Assembléia Internacional de Responsáveis de CL, retomando o tema da educação ao senso religioso. A reconstrução do humano e da sociedade acontece quando se encontra “um eu que, fazendo a obra não reduza a resposta à necessidade material. Pela forma como nós geramos a obra, se vê qual é a percepção do Mistério”. Mas, “para que eu não reduza a necessidade, para que quando olho para um outro eu não o reduza, é preciso que o meu eu não esteja reduzido. Se eu me dou conta de qual é a minha necessidade, não serei tão ingênuo a ponto de pensar que, respondendo apenas parcialmente à necessidade do outro, eu responda de verdade ao outro. É preciso agir imitando Jesus: não procurou apenas responder à fome, mas procurou responder também a uma outra fome, pois ‘não só de pão vive o homem’”.
Quando isso acontece, sem ceder à chantagem de querer resolver tudo e sem perder a própria originalidade (que consiste em colocar-se como eu), começam a existir exemplos de resposta integral à necessidade do outro e que desperte outra vez a esperança”. Isto é um caminho, que não é breve e nem simples, mas é inevitável. Só assim será possível redespertar um eu capaz de dar uma contribuição real ao bem de todos.
Neste contexto, que papel dever ter a política para favorecer a educação e a valorização do que é mais positivo e inovador? Diz ainda Dom Giussani no encontro de Assago: “A política deve optar entre favorecer a sociedade exclusivamente como instrumento, manipulação de um Estado e do seu poder, ou então, favorecer um Estado que seja verdadeiramente leigo, isto é, a serviço da vida social, conforme o conceito tomista de bem comum”.
* Presidente da Fundação pela Subsidariedade, em Milão.