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Passos N.72, Maio 2006

DESTAQUE - Contra o Vírus Niilista

“Seremos aquilo que soubermos construir”

por universitários de CL

O panfleto dos universitários
Diante dos jovens franceses que foram às ruas para reivindicar o cancelamento da lei de contrato do primeiro emprego, os jovens universitários de Comunhão e Libertação escreveram o seguinte panfleto que foi distribuído em diversas universidades:

Durante três semanas, dois terços das universidades francesas permaneceram fechadas por jovens que convocaram uma greve geral contra o CPE (Contract de premier emploi, Contratos de primeiro emprego). Os slogans acusam o governo de favorecer a precariedade do trabalho e o desemprego.
“Só teremos aquilo que soubermos conquistar”. Essa frase apareceu nos muros da Sorbonne durante os primeiros dias da greve. Mas o que é que os seus promotores souberam conquistar? Um milhão de euros de prejuízos, uma antiga biblioteca destruída, mobilizações para impedir, à força, que os estudantes entrassem nas universidades. O motivo dessas reações, na nossa opinião, não é só de ordem política ou econômica; não é simplesmente um problema de inserção profissional.
Será que, no fundo, tudo isso não é a expressão de um grito profundo e dramático por parte dos jovens? Esse grito nasce do verdadeiro e nobre desejo de fazer da própria vida algo grande, e de viver de acordo com esse impulso. É verdade que o que desejamos é preciso que seja conquistado. Mas é necessário, antes de tudo, saber claramente o que é que se deseja, para não sermos instrumentalizados por aqueles que, gritando mais alto do que os outros, detêm o poder (como se verificou durante as greves).
A pergunta que nos colocamos é esta: por que impedir as atividades universitárias? Mas, sobretudo, que proposta, que sugestões, que tentativas construtivas podem nascer de uma greve tocada à base da violência?
A urgência mais evidente que emerge desses acontecimentos, assim como da violência desencadeada nas periferias, é a imensa necessidade de uma educação desse desejo, sobretudo entre os jovens.
Para nós, essa aspiração encontrou resposta no encontro com professores e lugares que transmitiram à nossa liberdade a riqueza do passado, acompanhando-nos numa caminhada plena de razões e de realismo. É esse olhar profundamente realista que nos leva a perceber a precariedade do trabalho e o desemprego que já existem na França. Ninguém fala disso nas manifestações. Ninguém fala da taxa de desemprego, que beira os 22% entre os jovens já agora, e não depois da promulgação do CPE.
Olhando o que acontece em outros lugares, na Europa e no mundo, parece claro que lá onde há maior proteção e rigidez nas categorias de emprego há menos trabalho, em especial entre os jovens. As oportunidades de trabalho só crescem se a mobilidade for maior. Não é, pois, tão absurdo assim tentar tornar mais flexível um mercado de trabalho já esclerosado, que exclui sistematicamente os jovens; é preciso fazê-lo com o maior cuidado possível e dando garantias a todos. Mas é preciso fazê-lo.
Nossa sociedade precisa de uma educação que proponha novamente – e leve a redescobrir – a riqueza das nossas tradições universitárias e o desejo de construir o bem comum. Renascerá, assim, uma cultura fundada no senso positivo da vida, na certeza de uma esperança, e que ensine a cada um o amor próprio e o amor ao outro. Tudo isso a partir das universidades, que nasceram e que continuam a existir por essa razão. Nesse sentido, estamos dispostos a trabalhar junto com todos.
Estudantes Europeus