IMPRIME [-] FECHAR [x]

Passos N.130, Setembro 2011

Igreja - Ordenações

Chamados desde sempre

No dia 25 de junho, dois padres e seis diáconos da Fraternidade São Carlos Borromeu foram ordenados em Roma por Dom Rino Fisichella. Da Patagônia e da Alemanha, esta é a história dos dois novos sacerdotes, contada por eles mesmos

“Os seus nomes ressoaram dentro dessas paredes: era a voz da Igreja, eco de uma outra voz originária que desde sempre lhes chamou a esse momento de consagração total a Cristo.” Com essas palavras, Dom Rino Fisichella, presidente do Pontifício Conselho para a promoção da nova evangelização, saudou os dois padres e os seis diáconos da Fraternidade Sacerdotal dos Missionários de São Carlos Borromeu, na missa da sua ordenação. Foi no dia 25 de junho, em Santa Maria Maior, em Roma, diante de centenas de familiares e amigos. Os novos padres são o chileno Patricio Hacin, de 36 anos, destinado à missão em Washington, e o alemão Christoph Matyssek, de 35 anos, destinado à Terra Santa. Com eles, tornaram-se diáconos o mexicano Diego Garcia Terán e os italianos Emanuele Angiola, Simone Gulmini, Tommaso Pedroli, Ruben Roncolato e Luca Speziale. Aos ordinandos, o padre Carrón enviou uma mensagem que terminava assim: “Todo o homem, como afirmou Bento XVI em Pennabili, ‘permanece um ser que deseja mais... aberto à verdade inteira da sua existência’. Desejo, para mim e para vocês, esta incansável abertura, para que no comum, apaixonado e inteligente seguimento do carisma de Dom Giussani – que vocês desejam viver e levar a todo o mundo –, possamos verificar, acima de tudo para nós e para benefício dos nosso irmãos, nas circunstâncias do cotidiano, que ‘aquilo que temos de mais caro é Cristo e o que vem d’Ele’”. A seguir, alguns trechos das histórias de Patricio e Christoph, retirados do novo número de Fraternidade e Missão, a publicação mensal da Fraternidade São Carlos.


Patricio Hacin
S ou originário da Patagônia, no Chile. Vivia numa pequena ilha, Chiloe, e ali combatia pela “revolução”. O meu pai tinha morrido e a luta era também uma forma de combater o vazio deixado pelo seu desaparecimento. A minha mãe, porém, estava preocupada. Por isso, decidiu colocar-me na catequese de preparação para a Crisma. Aí encontrei um padre muito simpático, de origem belga, padre Andrea. Comecei a acompanhá-lo, e, olhando para ele, dava-me conta de que aquele desejo de liberdade e de felicidade que eu tentava satisfazer, encontrava uma resposta na vida dele.
Quando cresci, fui estudar Educa-ção Física em Osorno. Durante a Universidade, toda a minha história precedente se desvaneceu aos poucos no esquecimento. Depois da licenciatura, encontrei-me sozinho, destruído, também humanamente. Comecei a procurar trabalho e recebi uma proposta para lecionar numa escola de Santiago. Era dirigida por algumas pessoas de CL. Aquela forma de viver o cristianismo mexeu comigo. Curioso com a figura de Dom Giussani, estudei os seus livros, tentando compreender os seus ensinamentos. Apaixonei-me pela proposta do Movimento que ele criou e despertou em mim aquele desejo que sentia desde pequeno. Ao acompanhar aqueles jovens, senti de novo o fascínio da vida sacerdotal.
Tinha 24 anos, uma namorada, um trabalho. No entanto, decidi levar a sério a pergunta sobre a minha vocação. Deixei tudo e, com o apoio de alguns amigos, entrei no seminário da Fraternidade São Carlos, na Cidade do México.
Hoje estou em missão na Cidade do México. De manhã dou aulas, à tarde estou na paróquia. Acompanho os jovens, mas de uma forma diferente de quando trabalhava em Santiago. Aos poucos estou aprendendo que viver o sacerdócio significa abraçar o destino último das pessoas.

Christoph Matyssek
Q uando me pedem para falar da minha vocação, eu sou o primeiro a me maravilhar com a minha história. É a história de um milagre que invadiu as coisas normais, comuns, e as tornou extraordinárias. Fiz um longo percurso e não sem desvios, dividido entre o que o meu coração desejava e aquilo que o mundo e as pessoas da minha idade me propunham. Tinha uma personalidade tímida e isso me fez sofrer muito. Mas nunca renunciei a procurar a minha realização plena: segui os meus interesses estudando história, ciências políticas e ciências islâmicas.
O acontecimento decisivo foi o encontro com o padre Roberto Zocco, um padre da Fraternidade São Carlos, e com os seus amigos de Comunhão e Libertação, na Alemanha. Estava ali, diante de mim, em carne e osso, o que eu verdadeiramente desejava para a minha vida.
No seminário, senti-me e soube estar em casa desde o primeiro momento, no lugar certo no momento certo, apesar da minha idade já avançada – tinha 28 anos – e apesar da perspectiva de um longo caminho para chegar ao sacerdócio. O centro da minha vida nunca foi a preocupação de ter que conseguir alguma coisa, mas sim o de realizar a minha vocação. Na vida da casa de formação, impressionou-me também a intensidade e a inteligência. Era uma vida muito regular, uma sucessão diária de tempos para a oração, para os sacramentos, para o estudo, para a caritativa.
Quando parti em missão, primeiro como seminarista para a Jordânia e agora para a Terra Santa, sabia que não estava seguindo os meus projetos. Estou em Ramallah porque pertenço à Fraternidade São Carlos, que me mandou servir à Igreja neste país. E essa consciência é para mim libertadora e fortificante. A vida na paróquia coloca-me muitos desafios novos e às vezes não sei por onde começar. Sim, estou aqui e faço tudo como resposta pessoal e cotidiana a Cristo. Mas não estou sozinho, apenas com as minhas forças, para responder. Posso avançar passo a passo e encontrar toda a realidade, porque tudo o que faço nasce e toma forma na comunhão com o padre Vincent, em casa, e com o padre Paolo, em Roma.