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Passos N.131, Outubro 2011

DESTAQUE - MEETING DE RÍMINI

“A certeza acontece”

por Costantino Esposito

O tema do Meeting

A certeza nos inquieta porque ela nos desafia a descobrir que, no início, fomos indelevelmente marcados por uma certeza – eis aí a grande surpresa que nosso próprio ser nos reserva: de certo modo, é somente porque já conhecemos essa certeza que podemos sofrer por sua ausência. Não se trata de um seguro ou de uma garantia que temos por antecipação sobre a vida, mas de uma experiência original que nos marcou a todos: a de sermos amados e acolhidos pelo olhar amoroso de nossa mãe (...). Quando afirmo que devemos ir ao fundo da incerteza, não estou dizendo – atenção! – que devemos nos contentar com uma condição de precariedade e confusão; ao contrário, estou imaginando que toda a nossa fraqueza não seria nem mesmo perceptível se, no fundo dela, não acordasse algo que vale como um imprinting do nosso eu, ou seja, a certeza de um significado que nos vem de alguém diferente de nós e anterior a nós. A certeza não é algo que antes de tudo construímos,mas é algo que antes de tudo recebemos (...).

A certeza é uma coisa que é descoberta continuamente, não é um “absoluto”, como costuma ser superficialmente ou ideologicamente interpretada, mas é um “acontecimento”; mais precisamente, uma coisa que continua a acontecer, pois se não acontecesse no presente, nem chegaria a existir. E, na realidade, como poderia o homem superar a comprovação mais exigente da certeza, representada pelo limite e pelo mal? Talvez até a nossa certeza mais original – como aquela da relação com nossa mãe ou com quem de fato nos ama – não correria o risco de sucumbir frente à dor e à morte? (...) O drama da certeza mostra aqui toda a sua radicalidade: sua demanda é infinita, e não pode ser satisfeita por nada menos que o infinito.

Foi preciso algo inesperado e surpreendente para que conseguíssemos experimentar uma outra possibilidade de certeza, diferente da necessidade do mecanismo natural ou da dedução lógica, mas que não se reduzisse a uma esperança irrealizável no presente. Foi preciso Cristo, na carne do mundo, para reabrir o ciclo inexorável do tempo natural, colocando-se como princípio de conhecimento novo, o único capaz de valorizar profundamente a necessidade de significado, ou seja, a expectativa de realização e o desejo de felicidade de cada ser humano. Cristo é um caso único na história do homem, no qual o significado, o logos, tornou-se amigo do acaso. E daí em diante, todo “acaso” – toda pessoa e todo acontecimento – não é mais apenas um acaso (...). Graças à Sua ressurreição na carne realizou-se uma verdadeira “revolução copernicana” na possibilidade de conhecimento e na capacidade de certeza do homem. Esse fato (...) afirma uma presença misteriosa do ser que não é redutível à natureza, mas graças à qual nós podemos ficamos certos de que a própria natureza e a vida nos foram doadas, são “para” nós.