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OS FATOS

Por quê?

por Marco Montrasi
02/12/2016 - O acidente com o avião que transportava a equipe de futebol do Chapecoense para sua primeira final internacional deixou 71 mortos. Uma tragédia que comoveu o Brasil e o mundo
Homenagem aos passageiros do acidente aéreo.
Homenagem aos passageiros do acidente aéreo.

A terça-feira, 29 de novembro, foi um dia muito triste. Todo mundo sentia o nó na garganta de quem gostaria de chorar um pouco, ainda que não se soubesse quase nada da Chapecoense. Mas, naquele momento, até quem não conhecia a história do pequeno grande time do estado de Santa Catarina passou a amá-lo. Já na semana passada, os jogadores da “Chape” tinham eliminado o San Lorenzo, empatando em 0x0 em casa, depois do 1x1 do jogo de ida em Buenos Aires. Tinham ganhado a final com os lances espetaculares do goleiro Danilo (resgatado com vida, mas morto no hospital, dada a gravidade dos ferimentos tratados) e viajavam cheios de alegria e adrenalina rumo ao sonho da final. Ao saber da tragédia, todos queriam ficar em silêncio. Foi comovente ver na TV tantos jovens torcedores rezarem juntos com as mãos levantadas para o céu...

Perante um fato tão misterioso e inexplicável, “injusto”, o meu pensamento correu para o que disse o Papa Francisco ao povo filipino. Respondendo ao Cardeal Tagle, o Papa se dirigiu deste modo àquele povo tão provado: “Agradeço ao meu irmão cardeal pelas palavras cheias de fé e de esperança”, “nestes dias, também eu fiquei muito abalado com a dor do vosso povo”, “fiquei próximo ao vosso povo”, “senti que a dor era forte, mas também que o povo era forte, que a fé surge das ruínas, da solidariedade de todos no momento da provação”. “Por que acontecem estas coisas? Não é possível explicar. Existem muitas coisas que nós não podemos compreender. Quando as crianças começam a crescer, não compreendem e fazem muitas perguntas ao pai e à mãe; os psicólogos chamam-na a idade dos porquês: elas não esperam as respostas e continuam a perguntar outros porquês. Naquela sua insegurança, a criança precisa do olhar e do amor de seu pai e de sua mãe, dos olhos e do coração de seus pais.” “Nestes momentos de sofrimento, nunca vos canseis de perguntar por quê, e assim atraireis a ternura do Pai e de seu olhar sobre vós, como faz a criança quando pergunta por quê.” “Nestes momentos de sofrimento, a oração do ‘por quê’ é mais útil, sem pedir explicações, mas pedindo que simplesmente o Senhor nos acompanhe.” “Também eu vos acompanho com a oração do ‘por quê’.”

Eu me pus a recitar esta oração, e o povo que vi me pareceu assim, à procura da ternura do Pai, simplesmente para ser acompanhado e para viver pedindo aquela esperança que normalmente parece impossível, e que mesmo nas lágrimas nos faz dizer que a Chapecoense e os seus jogadores não acabaram.

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