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Passos N.134, Fevereiro 2012

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A história

Três dias em frente à escola

Começo de dezembro. Cristina está fechando o carro quando ouve uma voz que grita, nas suas costas: “Professora, estamos aqui. Ninguém entra”. Ela vira e logo reconhece um dos seus alunos do colegial. Aperta o passo e, virando a esquina, o espetáculo que se apresenta diante dela é o que, infelizmente, já esperava. Sobre a grade fronteiriça do Instituto profissional onde ela ensina está estendida uma faixa com a palavra: “Ocupação”. A praça está tomada pelos estudantes, e num canto os professores formam um círculo. Na entrada, alguns jovens gritam no megafone palavras de ordem contra a crise, contra a escola que não funciona... E por isso, nada de aula, nada de professor. Os alunos que querem podem entrar, e tomam conta de tudo. A coisa estava no ar, Cristina já o sentia.
Ela se aproxima dos jovens que controlam a entrada. “Desculpem, posso entrar? Quero dar aula”. Olham para ela, espantados: “Nem pensar!”. Ela permanece ali e começa a conversar com eles. Os demais alunos, depois de algum tempo, vão embora: “O que estamos fazendo aqui?”. Alguém murmura: “No fundo, eles têm razão”.

CRISTINA FICA ATÉ O FIM do horário da aula. E na manhã seguinte, lá está ela de novo, com os livros debaixo do braço, e fazendo a mesma pergunta: “Posso entrar? Estou aqui para lecionar”. Um jovem, brincando, responde: “Se a senhora acha isso tão importante, nós podemos trazer uma cadeira pra cá...”. Cristina não desanima. “Olhem, se vocês acreditam tanto no protesto que estão fazendo, eu estou disposta até a acompanhá-los até Roma, para falar com o ministro. Mas agora me deixem dar aula”. “Não, professora. Por que a senhora não volta pra casa?”. “Não, eu fico aqui”.
No terceiro dia, um ou outro professor se junta a ela, mas depois vão embora. Cristina permanece ali, diante do portão. A cena é sempre a mesma. A certa altura, um dos chefes vira-se para um companheiro e explode: “Olhe, deixe ela entrar. Esta aqui, se não lecionar, morre!”. O companheiro olha para Cristina e depois para o colega: “Já percebi. Mas se ela entrar, entram todos”. “E o que podemos fazer?”. Alguns segundos de silêncio e depois o jovem tira do bolso um apito e assopra. É o sinal. Enfim, o grito: “A ocupação acabou! Vamos entrar!”. O piquete se dissolve.

ALGUNS DIAS DEPOIS, Cristina está na sala dos professores; aproxima-se a secretária: “Professora, a senhora vai substituir o professor do último ano B”. É a classe dos “chefes” da ocupação, daqueles que formavam o piquete, que ela durante três dias encarou bem de perto. Está quase na entrada da classe quando ouve a voz de um aluno: “Turma, mandaram pra cá aquela professora”. “Aquela que faz questão de ensinar?”. “Sim”. Depois de alguns minutos, estão todos em volta dela. “O que vai ensinar, professora?”. Cristina entende que não há malícia na pergunta, mas uma grande expectativa. “Trouxe um livro, que eu gostaria de ler para vocês”. Todos se sentam e ficam atentos.
Antes do início das férias, no corredor, Cristina encontra um dos jovens: “Professora, comprei aquele livro. E li. A gente se vê por aí”.

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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