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Passos N.139, Julho 2012

APROFUNDAMENTOS / FAMÍLIA

“É um verdadeiro presente termos sido escolhidos para esta aventura”

Francesca pede ao marido para abrir as portas da casa para os peregrinos durante a Family 2012. Claudio aceita o desafio. E além de um casal de irlandeses, recebem também uma família de Milão. A narração dos três dias em Bresso

Há alguns meses tínhamos decidido dar nossa disponibilidade para hospedar uma família para a Family 2012. Minha mulher ficou entusiasmada com isso, enquanto eu estava bastante indiferente. Na segunda-feira antes do encontro, descobrimos que hospedaríamos um casal de irlandeses: Eugene e Maruska. Enquanto trabalho, penso em como poder acolher essas pessoas que nem conhecemos: abrir as portas da nossa casa para desconhecidos é realmente uma coisa “estranha”. Durante a semana, limpamos tudo, pensamos em colocá-los para dormir no nosso quarto. Pensamos em tudo, até no menu. Na sexta-feira precisava trabalhar até tarde, e eles chegariam às 17 horas. Pouco depois que eles chegaram, minha mulher me telefona: Venha, preciso de você”. Desligo o computador e vou para casa. Abro a porta e vejo Gianluca, meu filho de 6 anos jogando futebol com Eugene. Conversa com ele, faz alguns gols e tem um sorriso fantástico. Fico comovido. E ali vejo Tommaso, meu outro filho de 3 anos, que olha para ele. Cinco segundos depois de ter entrado, todas as minhas “preocupações” desapareceram. Apresentamo-nos, jantamos e conversamos. Tudo parece normal, mas não há nada de “normal” naquilo que estamos fazendo. À noite, depois da Adoração do Cardeal, fomos dormir, mas dormi pouco: a cama de armação é incômoda e não vejo a hora de amanhecer para poder falar com Eugene e Maruska, eu, que não sei falar muito bem inglês. Na manhã de sábado, vou cedo à padaria, tomamos café e depois os acompanho até a casa de seus amigos, com os quais passarão o dia. À tarde não conseguimos ir a Bresso, porém, ficamos uma hora em pé na Avenida Fulvio Testi para ver o Papa passar em pouco segundos. Enquanto espero, olho em volta e vejo pessoas e amigos que não via há anos. O que eles fazem aqui, uma vez que não são “de igreja”? O que está acontecendo? O Papa passa, dois minutos depois toca o telefone: Fulvia me liga de Bresso. Está lá com seu marido Marco e com o pequeno Jacopo: “Olha, quero lhe fazer uma proposta “indecente”: e se todos fôssemos dormir na sua casa hoje? Assim, amanhã cedo podemos voltar aqui para a missa”. Desligo o telefone e penso: “Que coisa grande é a nossa amizade, que faz com que descaradamente nos auto-convidemos para dormir na casa dos outros!”. Sábado à noite fomos jantar na casa de amigos. As crianças não param. Gritam, correm e fica difícil ouvir o que o Papa fala pela TV, mas olho para ele. Vejo aqueles olhos atentos, aquele olhar sereno, feliz por estar ali, por estar aqui conosco, por estar aqui por nós. Voltamos rápido para casa, preparamos o sofá-cama para Jacopo, Fulvia e Marco. “Eugene, a família cresceu esta noite. Outros três amigos virão dormir aqui”. Ele responde: “Sem problema”. Chegam todos os hóspedes. É tarde, trocam duas palavras sobre o dia, mas estamos todos cansados e de manhã o despertador vai tocar às seis. No domingo, levantamos e partimos para Bresso com mochilas, cantis e carrinhos de bebê com a bandeira papal. Chegamos: “Mãe, quanta gente”. Todos estão ali por motivos diferentes, mas todos com o mesmo pedido de sentido no coração, para agarrar-se à”rocha” sobre a qual construir nossa casa e dar vida à nossa família. O papamóvel, as crianças nas costas, a Missa. O Papa fala do sentido do domingo para os cristãos, Páscoa semanal. Em torno, mamadeiras, mães que amamentam, amigos voluntários, avós... Estamos todos lá. Voltamos para casa acabados, mas felizes. Eugene e Maruska precisam ir embora. Foto de família, com os novos membros, trocamos números de telefone e email. Decidi acompanhá-los a Malpensa para poder ficar um pouco mais com eles. Estamos para sair, trocamos abraços com uma certa melancolia. Maruska se aproxima de Francesca, e faz quase uma confidência de amiga: “Rezem por nós, rezem para que nossa família possa ‘crescer’ ”. Este é o sentido desses três dias juntos: está tudo aí, nesse gesto simples e extraordinário. Vivemos o milagre da hospitalidade, acolhemos “desconhecidos”, amigos e Cristo, “aqui e agora”.
Claudio


 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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