É sempre entusiasmante começar um trabalho. E é mais ainda quando este trabalho coincide com a questão decisiva da vida. E a fé – reconhecer ou não a Presença de Cristo, nas circunstâncias que a realidade coloca à nossa frente – é o fato que, a cada instante, decide a nossa existência.
Foi por isso que Bento XVI quis instituir o Ano da Fé, que começou dia 11 de outubro: para “redescobrir e voltar a acolher este dom precioso que é a fé”, para “conhecer de maneira mais profunda as verdades que constituem a seiva da nossa vida”, para “levar o homem de hoje, muitas vezes distraído, a um renovado encontro com Jesus Cristo, caminho, verdade e vida”, como disse aos Bispos italianos recentemente. “Seiva”, porque sem ela a vida não flui. Não pode fluir. Dispersa-se e seca nas voltas, muitas vezes dramáticas, do nosso dia a dia. E “distração”, porque tudo, ou quase tudo, hoje, parece conspirar para desviar o nosso olhar daquela Presença real, daquele encontro.
Vêm à mente as palavras utilizadas por Dom Giussani anos atrás, para exprimir a urgência que sentia mais premente: “Mostrar a pertinência da fé com as exigências da vida. Pela minha formação na família e no seminário, primeiro; posteriormente, pela minha meditação, estava profundamente convencido de que uma fé que não pudesse ser descoberta e encontrada na experiência presente, confirmada por esta, útil para responder às exigências, não seria uma fé em condições de resistir num mundo onde tudo, tudo, dizia e diz o contrário”.
O início do Ano da Fé nos faz compreender melhor também um outro acontecimento. Para quem segue o carisma de Dom Giussani recentemente ocorreu um outro “início”: um dia para retomar o trabalho comum, como acontece todos os anos (encontram-no documentado na Página Um). O tema: “A vida como vocação”. Ou melhor, a possibilidade de que as circunstâncias que Deus coloca diante de nós – mesmo as mais dolorosas, mesmo aquelas que fazem surgir a escuridão e o drama – sejam reconhecidas por aquilo que são, isto é, “voz de Deus”. São ocasião para o nosso amadurecimento, para conhecer verdadeiramente a nós mesmos, para chegarmos ao fundo da consciência que podemos ter de nós até o seu ponto de origem. De tal forma que – concluía Julián Carrón – se possa dizer, com Dom Giussani, “minha força e meu canto é o Senhor. É a verdade de tudo quanto existe aqui, a verdade última de tudo quanto existe aqui: Todas as coisas n’Ele consistem. Minha força e, portanto, minha arma de batalha, e meu canto, quer dizer, minha doçura que perdura na batalha, beleza que me conduz na batalha, que me dá sustento na batalha, durasse uma hora ou durasse cem dias. Aliás, existe a batalha que é a vida toda. Que no viver eu tenha presente Jesus! Isso é o que nos promete a nossa amizade: uma ajuda para crescer, para avançar, para caminhar dentro desta memória”.
Eis o caminho que temos pela frente este ano. A possibilidade de nos descobrirmos a nós mesmos e, juntos, Cristo. De ganharmos uma consciência que, fortalecida pela fé, permita enfrentar tudo – tudo! – sem medo, como nos contam muitos dos testemunhos que encontramos nestas páginas. E é um caminho simples (não é fácil, mas é simples) porque é possível fazê-lo seguindo alguém. O Papa, precisamente. E a Igreja, nos lugares e nos rostos em que se torna mais próxima da nossa vida.
É isto que torna entusiasmante o início do trabalho. Esta é a promessa que se encontra em cada passo. Desde o primeiro. Desde agora.
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