Não esperava que isso acontecesse. Não dessa forma. É claro que tinha o coração cheio de expectativa quando tomou aquele avião para Lima. Tinha ideias, esperanças, perguntas. E o desejo de entender que direção a vida pode tomar, instante por instante, seguindo aquilo que Deus apresenta. Um desejo enorme, forte. Sobretudo para quem tem pouco mais de vinte anos e está iniciando uma nova etapa: ela é italiana e acabou de se formar e tem pela frente alguns meses de trabalho em um colégio do outro lado do mundo, no Peru. Mas não esperava que mês após mês, aula após aula, aconteceria aquilo que, em uma carta, Claudia chamou simplesmente de “uma descoberta contínua: o revelar-se do meu verdadeiro eu diante daqueles estudantes que
encontrava nas aulas. As perguntas deles eram uma provocação. Era o modo com o qual Cristo se fazia presente a mim nos meus dias”.
É por isso que quando o grupo sai para estágio profissionalizante, o começo de um percurso que pode levar a uma carreira de professor, Claudia não tem escolha:
precisa levá-lo a sério. Precisa experimentar. Não era só uma expectativa, como o primeiro passo para o trabalho que descobriu que desejava. Era mais: “Era a necessidade de viver aquilo que Cristo estava me oferecendo. Era a oportunidade de ir ao encontro d’Aquele que me espera em cada coisa para doar-me cada vez mais vida”.
Claudia volta para a Itália. Estuda dia e noite. Faz o teste e depois fica esperando o resultado. Quando chega, lhe dizem com o tom grave de quem dá uma má notícia: “Você está fora. Por meio ponto”. Meio ponto. Um nada. Mas suficiente para impedir um caminho, para cancelar de repente uma vocação que estava se revelando. E para fazer as pessoas que a encontram repetirem sem parar: “Que chato, pobrezinha, depois de todos os sacrifícios, etc”. Ou então tentam lhe agradar com alguma manifestação. Sobre isso Claudia diz: “Senti um incômodo grande. Inacreditável. Não pela nota em si, mas por quem reagia desse modo! Não suportava ser reduzida àquilo. É como dizer que falta alguma coisa à sua vida. É como eliminar o Mistério daquele meio ponto. É insuportável”. Por quê? “Porque eu sou relacionamento com Ele, que está me dando tudo agora”. Assim, esse incômodo foi uma mola propulsora, conta Claudia. Foi um “ponto de partida”. Para o quê? “Para descobrir mais em que consisto. E o que eu quero realmente: ir aonde Ele me leva”. Meio ponto por vez.
Credits /
© Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón