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Passos N.152, Outubro 2013

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A história. O coração de Chen

Voo Pequim-Xangai. Simão olha para fora pela janela do avião: grossas nuvens negras e alguns relâmpagos não são bons sinais. “Daqui a pouco dançaremos”, pensa. Está acostumado. Pelo trabalho passa mais tempo entre as nuvens do que na terra. Já girou o mundo todo. Ele gosta, mas a distância da família é um sacrifício. Para todos. Justamente na outra noite o seu filho mais velho lhe perguntava pelo skype... “Atenção, estamos atravessando uma turbulência...”. A voz do piloto interrompe os pensamentos. “É agora”. Aperta o cinto e tira da bolsa o livreto dos Exercícios da Fraternidade.
Depois de alguns minutos ouve da pessoa ao seu lado: “O que você está lendo?”. É Chen, o cliente chinês com quem está viajando. Nestes anos de trabalho se tornaram amigos. Chen é um verdadeiro chinês: inteligente, crescido segundo os “saudáveis” princípios do regime e com a ideia de que ganhar dinheiro é fundamental. Aparentemente é um homem satisfeito, feliz. Simão é vago: “Um livro de meditações...”. Depois pensa: “Mas o que eu estou dizendo?!”. Deixa de lado as formalidades e diz: “Não, desculpe. O que eu estou lendo é o que eu tenho de mais querido. Tem relação com o fato de que eu sou cristão, tem relação com Jesus. É a resposta à pergunta de significado que eu tenho em cada instante da minha vida”.

Chen olha para o amigo italiano e olha o livreto um pouco amassado e sublinhado. “Eu trabalho sete dias por semana. A minha empresa cresceu, e, basicamente, eu posso fazer tudo que quiser. Mas à noite eu estou cansado, aliás, triste. Nada me basta. Falta algo ao meu espírito. Não sei como me explicar. Pode me ajudar? Aquilo no que você acredita preenche este vazio?”.
Simão fica com lágrimas nos olhos. A 10.000 metros de altura, no meio de uma tempestade, com a família e os amigos do outro lado do planeta... ali com aquele “perfeito chinês” se sente objeto de um amor sem limites. “O coração de qualquer homem é feito para a mesma coisa”, as palavras de Dom Giussani são carne. Engole o nó que tem na garganta e responde: “A sua pergunta é a mesma que eu tenho. Sobre isso podemos ser amigos, nos ajudar”. Lá fora a turbulência continua, o avião balança, mas eles não percebem.
A aterrissagem em Xangai é tranquila. Dois dias de trabalho intenso e depois voltam para o aeroporto. Desta vez a estrada dos dois amigos se divide. No bar se cumprimentam. “Tchau Simão, eu nunca vou esquecer esta viagem. Pode conseguir para mim um livro que eu também possa ler? Eu preciso disso”. Ele se comove novamente. “Claro, envio para você”.

Duas semanas depois, abrindo o correio eletrônico Simão encontra este email: “Eu sei que em breve você vai estar na Ásia. Eu gostaria de ir encontrá-lo para passar juntos um fim de semana. Com você eu estou contente. Você me ajuda a enfrentar a vida, o vazio que tenho dentro de mim. Lembre-se: não se esqueça do livro! Seu amigo, Chen”. Simão relê várias vezes. O Senhor tinha se feito presente mais uma vez de modo inesperado e surpreendente. Responde imediatamente. “Daqui a cerca de um mês estarei na Tailândia. Aviso assim que souber a data precisa”.
Aeroporto de Bangkok. Simão olha ao redor. Ali está ele. Chama: “Chen, estou aqui”. O amigo o alcança. “Estou contente por revê-lo. Devemos falar de muitas coisas….”. “Ok. No entanto, isto é para você”. Chen segura o livro entre as mãos. “O senso religioso de Luigi Giussani. Não se esqueceu. Obrigado, Simão”. “Agora, vamos”.

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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